“Construir uma paz estável e duradoura”, foi o pedido de Jorge Suárez, reconhecido como filho do pseudônimo 'Mono Jojoy' e agora ativista e defensor da implementação dos Acordos de Paz assinados entre o governo nacional e a extinta guerrilha das FARC, agora transformados em política festa.
Apenas a transição das armas para a luta desde o Congresso da República, por meio de palavras, é um dos principais temas do livro digital FARC Ep: do braço armado ao braço político — Comunes, no qual, além de profundas reflexões sobre os progressos realizados na implementação do acordo final, vários são propostas abordagens filosóficas para a transição que a comunidade atual teve, que é chefiada por ex-líderes do grupo guerrilheiro.
No começo, parece complexo, mas na realidade não é. Para chegar ao cerne dos encontros epistemológicos do grupo armado, com foco em diferentes autores, é necessário passar por vários temas, e um deles é precisamente o primeiro capítulo do livro, com foco na deslegitimação de alternativas para a mudança social na Colômbia com base na eventos como a Guerra Fria.
O que esse fato tem em comum com o conflito interno colombiano e as alternativas de paz criadas e implementadas? De acordo com a equipe de pesquisa responsável por nutrir o livro que foi apresentado na Feira Internacional do Livro de Bogotá, FilBO, que em ambos os eventos foi lançado o conceito de 'inimigo interno', que neste país transcendeu a estigmatização das mais recentes manifestações e dias de social protestos.
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“Vemos que a luta social se tornou estigmatizada nos últimos 20 ou 30 anos (...) o discurso castrochavista foi a consolidação de um discurso que também foi potencializado pela construção do inimigo interno; mais tarde, após a assinatura dos tratados de paz, supostamente se falava de um domínio de as FARC no Congresso, e novos conceitos de dominação emergem como 'aqueles ou aqueles que fazem parte do Fórum de São Paulo'”, disse o palestrante Pablo García, acrescentando que há um jogo de desinformação sobre as lutas sociais.
Citando Adam Curtis, García se refere a 'Hipernormalização', filme de 2016 onde menciona o conceito de Pós-política, entendido como o exercício político baseado no espetáculo, enfatizando que atualmente se reflete no “circo da política na Colômbia”, além dos períodos eleitorais.
O jogo dialético e outras formas de construir o inimigo interno na Colômbia
Um exemplo específico dado por Garcia é o do 'Perdão social', que gerou polêmica em torno do candidato presidencial, Gustavo Petro, porque gerou um jogo dialético e até uma dicotomia que é alimentada pelo próprio discurso. Nessa ordem, e de acordo com Heidegger, o livro é uma abertura para o efeito acima mencionado que “nos permite ver além não apenas das margens acadêmicas, mas também das margens sociais, territoriais e culturais. Essa outra forma de construir a paz além dessa dicotomia.”
Por fim, e no que diz respeito à elaboração da obra literária, aponta vários elementos a serem levados em consideração para a plena implementação do Acordo de Paz, sendo um deles o reconhecimento da alta taxa de analfabetismo dos ex-combatentes - 80% segundo estudo da Universidade Nacional - tomando como exemplos iniciativas como 'Eu sei que pode', do México, e os professores viajantes de Cuba - e cuja ideia de José Martí se materializa na revolução - para educar os reinseridos.
Todos esses exercícios são encontrados no texto publicado pela editora Quillango, em colaboração com a Universidade Nacional Aberta e a Distância e sob o apoio de figuras como Jorge Suárez, que, sob suas contribuições, ampliam uma visão sobre a necessidade de implementar os acordos com urgência. .
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