Como uma cidade como Cali se tornou “o Sky Branch”? É uma questão que, apesar de não ser replicada com tanto poder, não passou despercebida nas últimas décadas. E é que embora a capital de Vallecaucana fosse uma musa de versos como 'Da ponte para lá está Juanchito e da ponte há Cali' ou 'Se você está passando por La Quinta, é minha linda Cali que você está passando', a verdadeira cidade que acolheu esse gênero desde a segunda metade de o século 20 foi Nova York.
Esta tese é a de escritores como Alejandro Ulloa Sanmiguel, autor do livro 'La salsa em tempos de neve', uma análise histórica e geográfica que conecta o culto em torno de trombetas e tímpanos com a cultura do narco e alguns dos mais poderosos traficantes; e no meio dessa lista - o que não é curto - é o nome do empresário Larry Landa.
E é que, “Desde o início, a música salsa, suas práticas interpretativas e comerciais têm sido inseparavelmente ligadas ao tráfico ilegal de drogas”, segundo o colombiano que cita o americano Carleton Washburbne, e é aí que entra o nome Larry Landa, que apesar de ter ligações com drogas o tráfico, tanto na Colômbia quanto nos Estados Unidos, é uma das principais causas da exportação do gênero caribenho para a Colômbia.
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Larry Landa, salsa e tráfico de drogas
Antes de este título ser concedido a Cali, o Sky Branch era Nova York, e isso não se deveu apenas à poderosa ascensão de artistas que nasceram lá musicalmente, mas a dois grandes empreendedores de salsa nesta cidade: Jerry Massuci, que tinha a capacidade de fundar, nada menos, o selo Fania Records, e Ralph Mercado, criador da extinta empresa RMM Records. Ambos tinham vínculos com organizações ligadas ao tráfico de drogas para realizar turnês de shows. É aí que entra o nome Larry Landa.
De acordo com a cópia apresentada na Feira Internacional do Livro de Bogotá -FilBo- 2022 em 22 de abril, o colombiano foi o elo entre Mercado e Massuci para expandir a salsa com dinheiro de narcotraficantes, e um exemplo específico disso ocorreu em 1972, quando um artista chegou a Cali que, atualmente, é um indispensável quando se fala de salsa é tudo sobre.
A influência do empresário e o boom econômico no que diz respeito ao tráfico de drogas geraram um boom em Cali em relação à salsa romântica, que predominou sobre a dura-máter, a ponto de formar o movimento 'El pasito cañandonga', relacionado ao nome da famosa boate localizada nesta cidade
Ismael Miranda e seu primeiro concerto no Sultana del Valle
Era 1972 quando a notícia foi anunciada: o porto-riquenho apareceria em Cali. Duas teorias surgiram sobre sua contratação, e ambas levam ao fato de que ela foi produzida com dinheiro de traficantes de drogas que dominaram o tráfico de drogas naquela década. Essa foi a gênese da ligação inseparável entre salsa e cocaína.
“Seja qual for a verdade, parece que foi aí que começou a relação salsa/narcotráfico entre Cali e Nova York, sem que os músicos contratados soubessem necessariamente dos negócios daqueles que os contrataram”, diz Ulloa Sanmiguel. A influência de Landa começou a ser sentida trazendo para Cali outros pesos pesados, como Tito Puente, Oscar d'León e até o próprio Hector Lavoe. Os artistas não sabiam com quem tiravam fotos ou que tipo de pessoas dançavam suas músicas em cada apresentação; a verdade é que o músculo financeiro desses negócios se fez sentir e não foi até os anos 2000 que começou a declinar.
Já na década de 1980, Landa foi capturada nos Estados Unidos por tráfico de drogas e anos depois morreu em uma prisão naquele país, encerrando uma carreira de contrabando iniciada no início dos anos 1970 e que permitiu que fosse fortalecida na década seguinte tanto na capital do Vale quanto em Nova York, sendo esta a ponte perfeita para os dois. empresas que respondem à pergunta Por que Cali é a capital mundial da salsa hoje acima de Nova York?
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