Cardeal Pedro Barreto afetado após insulto do primeiro-ministro Aníbal Torres: “Isso me machucou muito”

O arcebispo de Huancayo falou pela primeira vez desde que o presidente do Conselho de Ministros o chamou de “miserável”.

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O cardeal Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo, quebrou o silêncio após as qualificações do presidente do Conselho de Ministros, Aníbal Torres, que em entrevista o chamou de “miserável” e deu a entender que está conivente com grupos de poder tentando esvaziar o presidente Pedro Castillo.

Em entrevista à Willax Tv, o religioso ficou magoado depois de ouvir as palavras do premier. Ele também lembrou o momento em que, a pedido de Torres, ajudou o Executivo a acalmar as águas durante as violentas manifestações em Huancayo, que exigiram a renúncia do chefe de Estado.

“Pessoalmente, como qualquer outra pessoa, isso me machucou muito porque ele me pediu para mediar para ir a Huancayo”, disse Barreto. Ao mesmo tempo, ele observou que não tem fé em Castillo Terrones, mas em Deus.

CONGRESSO REJEITA INSULTOS AO CARDEAL

A chefe do Congresso da República, María del Carmen Alva, expressou seu apoio através de suas redes sociais ao cardeal Barreto após a divulgação de declarações do primeiro-ministro Torres.

“Minha solidariedade para com o cardeal Pedro Barreto diante das declarações inaceitáveis contra ele do primeiro-ministro Aníbal Torres, que com suas palavras também ofendeu todo o povo católico. Os insultos destroem qualquer forma de diálogo”, tuitou o parlamentar da Ação Popular.

Por seu lado, o porta-voz da Renovação Popular, Jorge Montoya, considerou que o que o primeiro-ministro disse seria uma “cortina de fumaça” para mudar o foco da atenção pública.

“Eles usam o premier como elemento de distração, é uma cortina de fumaça permanente, o que ele disse [ao cardeal Barreto] não tem nome, trabalhamos na interpelação do primeiro-ministro, pedimos que ele nos desse cópias da ata do Conselho de Ministros semanas atrás e eles não cumprem entregando-os”, disse.

Enquanto isso, o legislador da Ação Popular, Karol Paredes, indicou que “insultar o cardeal é agravar todas as comunidades de fé em nosso país”.

“Minha rejeição da queixa do Sr. Aníbal Torres contra o cardeal Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo. O respeito faz parte da ética que o primeiro-ministro deve manter. Insultar o cardeal é agravar todas as comunidades de fé em nosso país”, escreveu Paredes em sua conta no Twitter.

Por fim, o porta-voz da Aliança para o Progresso (APP), Eduardo Salhuana, indicou que as expressões de Aníbal Torres mostram apenas que sua presença no gabinete ministerial está em declínio.

“Essas são expressões totalmente infelizes e lamentáveis. Eles não ajudam de forma alguma a avançar se quisermos resolver a crise política. É o sinal de um óbvio esgotamento da premierate do Dr. Torres Vasquez”, disse ele à Exitosa.

“Mudanças radicais são necessárias disso, em segundo plano. Nesse cenário, a presença de Aníbal Torres (na premierate) torna-se insustentável”, acrescentou.

ANÍBAL TORRES SE JUSTIFICA

Lá temos um padre [...] o padre Valverde, desculpe eu estava errado, o padre que é autoridade em Huancayo, que neste momento eu esqueci seu nome, tão miserável pode ser essa pessoa . Falei com ele nos últimos dias e ele acha que você é burro, que você não percebe. Claro, o que é a favor desse grupo de poder no Perú, nunca fala a favor das grandes maiorias, não menciona o que estamos fazendo”, foram os comentários do premier referindo-se a Pedro Barreto.

Após essas declarações, Torres causou um rebuliço na comunidade católica peruana, ganhando centenas de críticas. Por conseguinte, foi consultado sobre este assunto numa conferência de imprensa realizada ontem após reunião do Conselho de Ministros.

Em sua defesa, o primeiro-ministro explicou que não tentou insultar o cardeal Barreto, mas usou um “ditado popular” para se referir a ele porque não se lembrava de seu nome.

“Foi uma entrevista que eles me fizeram sobre isso. Eu não lembrava o nome do cardeal, então eu disse isso sobre 'quão miserável essa pessoa pode ser que eu nem me lembro do nome dele' ou algo assim . É um ditado popular de que pode ser usado em qualquer lugar, até mesmo em Lima”, disse.

“Foi isso. Eu não queria ofender. Também falei com o Cardeal nos dias anteriores, ele nunca falou uma palavra sobre as ações positivas que estão sendo tomadas pelo poder executivo, nem a favor das classes mais negligenciadas. Essa situação me preocupa”, continuou sua defesa.

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