Coletivo de mulheres rejeita aumento das exportações colombianas de carvão para a Alemanha

“Unidade pela Paz” observou que a decisão foi tomada em 6 de abril, quando o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Olaf Scholz, fez uma ligação com o presidente colombiano Iván Duque.

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Foto de archivo. Un camión minero transporta carbón en la mina del Cerrejón, cerca de Barrancas, en el departamento de La Guajira, Colombia, 24 de mayo, 2007. REUTERS/José Miguel Gómez
Foto de archivo. Un camión minero transporta carbón en la mina del Cerrejón, cerca de Barrancas, en el departamento de La Guajira, Colombia, 24 de mayo, 2007. REUTERS/José Miguel Gómez

Rússia, Estados Unidos, Austrália, África do Sul e Colômbia são os países que exportam mais carvão para a Alemanha. Dados da Obra Episcopal da Igreja Católica Alemã para Cooperação e Desenvolvimento (Misereor) destacam que o país latino-americano fornece aproximadamente 10,76 bilhões de toneladas de carvão, a maioria dos departamentos de Cesar e La Guajira, onde está localizada El Cerrejón, a maior mina a céu aberto no país, que abrange uma área de 69.000 hectares.

Diante das ações que estão sendo realizadas por diferentes países ao redor do mundo para sancionar a Rússia por sua invasão da Ucrânia, a Alemanha fechou essa porta para a entrada de carvão em seu território. Diante dessa situação, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Olaf Scholz, está tomando medidas e uma delas seria aumentar a importação de carvão colombiano.

Em comunicado, o coletivo cidadão “Unidas Por La Paz”, formado em Berlim por imigrantes colombianos, rejeitou o acordo entre a Colômbia e a Alemanha para aumentar as importações de carvão colombiano para o país europeu.

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O coletivo de mulheres observou que o acordo foi fechado em 6 de abril por meio de uma ligação entre Scholz e o presidente da Colômbia, Iván Duque. “Nós, Unidos pela Paz — Alemanha, comprometidos com a defesa das comunidades excluídas em nosso país, rejeitamos veementemente esse aumento na demanda por carvão colombiano”, diz o comunicado.

No documento compartilhado nesta quinta-feira, 21 de abril, “Unidos pela Paz” observou que “está provado que os maiores exportadores de carvão da Colômbia cometeram inúmeras violações de direitos humanos e ambientais, que afetaram principalmente as comunidades que vivem nas áreas de exploração. Os piores abusos ocorrem nas regiões de La Guajira e Cesar, onde 90% do carvão do país é extraído.”

A Rede Colombiana Contra a Grande Mineração Transnacional apresentou em 2018 os resultados de um estudo sobre as consequências negativas da atividade da mina de Cerrejón em La Guajira, entre os quais destacou o desmatamento, a violação dos direitos humanos das comunidades indígenas e o aumento da pobreza de a população em geral.

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O coletivo então destacou que a crescente demanda por carvão colombiano dá um novo impulso a El Cerrejón, a maior mina de carvão da América Latina. “A empresa Glencore, proprietária da El Cerrejón, anunciou no ano passado o fechamento da mina devido à baixa demanda pelo material, mas agora planeja aumentar sua produção, atender, entre outros, à demanda da Alemanha”, destaca a comunicação pública.

“Unidos pela Paz” também enfatiza que um dia após a chamada entre os dois chefes de Estado, El Cerrejón recebeu permissão do Governo de Iván Duque para desviar o córrego Bruno e explorar o minério encontrado no território. A licença para a exploração de carvão no córrego Bruno foi concedida pelo Ministério do Meio Ambiente, sem o consentimento do povo Wayuu, nem dos especialistas que alertaram para o perigo da seca.

O córrego Bruno é o principal afluente do rio Ranchería, o único rio na região desértica de La Guajira, do qual dependem múltiplas comunidades indígenas, afrodescendentes e camponesas para sobreviver. Segundo especialistas, o desvio do riacho fará com que ele seque, impedindo o acesso à água para milhares de pessoas.

A declaração termina com uma mensagem forte: “Este é mais um dos atos autoritários do atual Governo, que se tornou conhecido internacionalmente por suas graves violações dos direitos humanos durante as manifestações de 2021”.

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