Na quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal do Brasil condenou o deputado Daniel Silveira, líder de extrema-direita liderado pelo presidente Jair Bolsonaro, a oito anos e nove meses de prisão por “ataques contínuos” contra instituições democráticas.
O caminho para a condenação foi aberto pelo investigador no caso, o juiz Alexandre de Moraes, que negou todas as alegações da defesa, que argumentou que as ameaças e “incitamento público à violência e ao encerramento do Congresso e do Supremo” atribuídos a Silveira estavam protegidos por “ imunidade parlamentar”.
A condenação foi apoiada por dez dos membros do tribunal e o único que se pronunciou contra ela foi Kassio Nunes, que chegou ao Supremo Tribunal proposto por Bolsonaro em 2020 e disse que, apesar de existirem “delitos notórios” por parte de Silveira, “não há crime nisso”.
No entanto, o deputado foi considerado culpado até pelo juiz André Mendonça, membro do Supremo Tribunal Federal desde o ano passado e também indicado por Bolsonaro, de quem foi ministro da Justiça e que apoiou a sentença, embora tenha proposto uma sentença menor.
A sentença também foi apoiada pelo Gabinete do Procurador-Geral, que se pronunciou no julgamento como parte acusatória.
Em nome desse órgão, a procuradora Lindora Araújo argumentou que o legislador cometeu os crimes de “coação, incitação à violência, violações do Estado de Direito e das instituições democráticas e tentativa de impedir o seu funcionamento por grave ameaça”.
O advogado Paulo César Rodrigues, defensor do deputado, alegou que o seu cliente sofreu uma “violação do devido processo legal”, uma vez que o Supremo Tribunal Federal estabeleceu-se como “vítima, acusador, juiz e é quem determina as investigações e ordena a prisão”.
Silveira, membro dos grupos de extrema-direita que apoiam Bolsonaro, foi preso em fevereiro passado depois que ele publicou vídeos em suas redes sociais com graves ameaças e insultos de todo calibre contra os Magistrados Supremos, a quem exigiu ser demitido na íntegra.
Ele também criticou a ordem constitucional e elogiou a ditadura militar (1964-1985), bem como a perseguição do regime militar ao “comunismo”, e sugeriu seu apoio ao assassinato de opositores do governo de Jair Bolsonaro.
Ele também participou da convocação de atos antidemocráticos, alguns incentivados pelo próprio Bolsonaro, em que o governante foi obrigado a “fechar” tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Parlamento por meio de uma “intervenção militar”.
Silveira foi sancionado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que em julho de 2021 suspendeu seu mandato por seis meses, e retomou sua atividade legislativa este ano.
Em novembro passado, ele recebeu liberdade condicional com a condição de não usar suas redes sociais ou ter contato com outras pessoas investigadas no mesmo processo.
No entanto, ele violou continuamente essas medidas cautelares e, no mês passado, desrespeitou uma ordem judicial que impunha o uso de uma tornozeleira eletrônica, embora tenha acabado aceitando-a após dois dias trancado na Câmara dos Deputados.
Nesta quarta-feira, sempre desafiador, Silveira disse em discurso ao Congresso que De Moraes é um “marginal” que “pensa que é uma carriça do Brasil”, mas é “um menino frustrado que só tem coragem atrás de uma mesa”.
Depois, ele foi com o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, à sede do Supremo Tribunal Federal para tentar comparecer ao julgamento, o que foi impedido porque as regras do tribunal não permitem.
(Com informações da EFE)
CONTINUE LENDO: