Qual foi a relação entre vegetação e temperaturas globais nos últimos 10.000 anos

Enquanto os cientistas se concentram nas mudanças climáticas, um especialista concentrou sua atenção em como as mudanças na vegetação influenciaram as temperaturas do planeta. Qual é o motivo dessa situação e quais os sinais que ela fornece para o futuro?

Vista de un sector del Parque Nacional Coiba un conjunto de islas de origen volcánico ubicadas en el Pacífico panameño. EFE/Alejandro Bolívar

O aquecimento global é uma realidade. No entanto, ao longo da história, houve variações na temperatura do planeta. Agora, um estudo recente apontou que as flutuações registradas durante os últimos 10.000 anos estavam relacionadas a mudanças na flora. “As projeções para mudanças climáticas futuras têm maior probabilidade de produzir previsões mais confiáveis se incluírem mudanças na vegetação”, disseram os especialistas.

De acordo com o estudo realizado por Alexander Thompson, pesquisador de ciências da terra e planetárias da Arts & Sciences da Universidade de Washington, em St. Louis, vestígios de pólen nos permitem saber qual foi o desenvolvimento da vida vegetal nos últimos 10 mil anos. Esses sinais também contam a “verdadeira história das temperaturas globais”, observou o documento.

A pesquisa, publicada na Science Advances, também garantiu que as temperaturas quentes impulsionaram o crescimento da vegetação, e esse aumento foi correlacionado com um aumento na temperatura do planeta. Assim, de acordo com a simulação de Thompson, flutuações significativas de temperatura foram registradas desde a última era glacial: com um pico entre 6.000 e 9.000 anos atrás, o que elevou a temperatura global do planeta entre 0,7 e 0,8° C.

“Os registros de pólen sugerem uma grande expansão da vegetação durante esse período”, disse Thompson, que destacou o papel das mudanças na vegetação em favor das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono ou da camada de gelo. “Os modelos anteriores mostram apenas uma quantidade limitada de crescimento da vegetação e, embora algumas simulações tenham incluído vegetação dinâmica, isso não foi mudança de vegetação suficiente para explicar o que os registros de pólen sugerem”, disse, destacando melhorias em sua análise.

Graças a esses avanços, o pesquisador apontou a importância de saber o que aconteceu no Holoceno (estágio geológico atual), já que naquela época o deserto do Saara (África) era como um prado; enquanto nas latitudes médias do hemisfério norte e do Ártico, coníferas e florestas decíduas cresceram. “A vegetação se expandiu durante o Holoceno aqueceu o globo a 1,5 graus Fahrenheit”, explicou Thompson.

“É emocionante que possamos apontar a vegetação do hemisfério norte como um fator potencial que nos permite resolver o controverso enigma da temperatura do Holoceno”, garantiu o especialista. Como ele explicou, esses dados são resultado de “registros de pólen”, que foram analisados juntamente com outros experimentos relacionados a modelos climáticos, incluindo o Community Earth System Model (CESM), considerado “um dos modelos mais bem considerados”.

“Em geral, nosso estudo enfatiza que levar em conta a mudança da vegetação é fundamental”, disse o cientista. Ele também destacou que entender qual foi a escala de crescimento da vegetação e conhecer o tempo de mudança de temperatura durante o Holoceno, chamado de “o momento mais importante da história geológica recente”, nos permitirá ter um maior conhecimento da origem da agricultura humana, bem como também do avanço da civilização durante esse período.

Esta era e os avanços da civilização humana registrados são analisados por cientistas e historiadores, pois nos permitirão conhecer aspectos da humanidade que ainda não foram descobertos. Mas isso não é tudo, de acordo com Thompson, esse é apenas o ponto de partida. Graças à sua análise, não apenas aspectos do passado serão conhecidos, mas mesmo “esses resultados demonstram que os modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) podem simular uma resposta realista da temperatura às forçadas climáticas externas, mas somente quando todas as forçantes estão incluídas relevante. Nossas descobertas implicam que as projeções para mudanças climáticas futuras têm maior probabilidade de produzir previsões mais confiáveis se incluírem mudanças na vegetação”.

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