Os EUA confirmaram que manterão conversações sobre migração com Cuba

É o primeiro contato de alto nível entre Washington e Havana desde que o presidente Joe Biden está no poder.

U.S. Secretary of Homeland Security Alejandro Mayorkas speaks to attendees during the National Action Network National Convention in New York, U.S., April 8, 2022. REUTERS/Eduardo Munoz

O secretário de Segurança Interna (DHS) dos EUA, Alejandro Mayorkas, confirmou quarta-feira que seu país manterá conversações migratórias com Cuba, que será o primeiro contato de alto nível entre Washington e Havana desde que o presidente Joe Biden está no poder.

Sem dar grandes detalhes, Mayorkas lembrou em entrevista coletiva no final de uma visita ao Panamá que durante anos os EUA e Cuba tinham acordos de imigração, que acabaram sendo “descontinuados”.

Nesse novo diálogo, os dois países “explorarão” a possibilidade de reativar esses acordos.

Mayorkas observou que isso “reflete” o compromisso de seu país com vias legais e humanitárias para que os migrantes não tenham que embarcar em uma viagem “perigosa” por mar.

A ditadura cubana anunciou na terça-feira a realização de uma rodada de negociações sobre migração com autoridades norte-americanas que ocorrerá amanhã, quinta-feira.

O Ministério das Relações Exteriores de Cuba especificou que a reunião ocorrerá em Washington e que sua delegação “será presidida por Carlos Fernández de Cossío, vice-ministro das Relações Exteriores”.

O anúncio veio seis dias depois que o Controle de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) denunciou que a ditadura cubana não aceita a repatriação de cubanos há meses.

De acordo com o ICE, Cuba não aceitou qualquer deportação de cubanos desde outubro passado por voos comerciais ou charter do território dos Estados Unidos. Durante esse período, apenas 20 cubanos voltaram voluntariamente dos Estados Unidos para a ilha.

A saída dos cubanos, principalmente para os Estados Unidos, aumentou acentuadamente nos últimos meses, algo que os especialistas vinculam antes de tudo à grave crise econômica pela qual a ilha está passando.

De acordo com dados das autoridades de imigração dos EUA, entre outubro e fevereiro cerca de 47.331 migrantes cubanos entraram nos Estados Unidos, depois que um número recorde de 16.657 chegou à fronteira somente em fevereiro.

Havana, que defende a migração ordenada, legal e controlada, acusa Washington de incentivar fluxos irregulares para os Estados Unidos e de não cumprir os acordos bilaterais sobre migração.

NEGOCIAÇÕES DO EXÍLIO

A Assembleia da Resistência Cubana, que reúne várias organizações da oposição de dentro e de fora da ilha, expressou sua rejeição na terça-feira do início das negociações sobre a crise migratória entre o governo dos Estados Unidos e a “tirania comunista”.

A assembleia lembrou que “o regime de Castro é um regime que viola os direitos humanos que cometeu e está cometendo crimes contra a humanidade” e, portanto, “essas negociações enviam uma mensagem de fraqueza e não de apoio ao povo cubano, num momento em que a luta pela liberdade é progressivamente aumentando no país.”

O grupo de organizações de oposição lembrou que, após os protestos em Cuba em 11 de julho de 2021, e a série de julgamentos em massa e condenações de manifestantes que provocaram, o intercâmbio entre funcionários de ambos os países “constitui um verdadeiro presente para uma ditadura que deve ser punida por sua opressão do povo cubano”.

A Assembleia da Resistência Cubana salientou ainda que o aumento da chegada dos cubanos aos Estados Unidos “não surpreende”, uma vez que é o resultado de uma “pressão migratória que o regime tem exercido contra o Governo americano nos últimos meses” como “válvula de escape” diante da” rebeldia do povo cubano”.

“A migração para os Estados Unidos, particularmente sob administrações democratas, foi usada tantas vezes pela ditadura de Castro como arma política que a manobra é tristemente previsível”, disse o grupo em comunicado.

Recordou ainda que o Governo cubano manifestou o seu total apoio à agressão russa contra a Ucrânia.

(Com informações da EFE)

Continue lendo: