Desde o início do próximo ano letivo, em setembro, as escolas russas darão aulas explicando os objetivos da campanha militar da Rússia na Ucrânia, anunciou hoje o ministro da Educação russo, Sergey Kravtsov.
“Nós realmente fizemos esse trabalho e o intensificamos desde o início da operação especial, porque toda uma tempestade de desinformação absolutamente incrível caiu sobre as crianças, notícias falsas sobre nosso país”, disse Kravtsov durante uma reunião telemática com o presidente russo Vladimir Putin.
Segundo o chefe da Educação Russa, hoje “aulas de Ciências Sociais e História já foram realizadas sobre o que realmente está acontecendo: qual é o propósito da operação especial, para ajudar nosso povo, desnazificar e desmilitarizar o Donbass”.
“Já estamos trabalhando na organização dessas aulas a partir de 1º de setembro”, acrescentou.
O encontro também falou sobre a possibilidade de retomar a prática de levantar a bandeira russa e cantar o hino nacional, iniciativa que Putin comemorou.
“Acho que isso é algo certo e necessário. Mas isso deve ser feito de forma digna, ou adiado quando não for possível fazê-lo. Para que a cerimônia corresponda em significado aos símbolos do Estado”, disse o presidente.
QUEIXA DOS PROFESSORES
Professores em toda a Rússia receberam guias de ensino iguais ou semelhantes, de acordo com dois sindicatos de professores, dois outros professores e postagens nas redes sociais de duas escolas relatando que ensinaram os módulos.
Olga Miryasova, um funcionário do sindicato chamado Professor, disse que as autoridades educacionais regionais distribuíram o guia de aprendizagem que Shestakov recebeu em várias escolas em todo o país.
A iniciativa mostra como o estado russo, que apertou seu controle sobre a grande mídia, está agora estendendo seus esforços de propaganda sobre a guerra na Ucrânia para as escolas enquanto o Kremlin tenta fortalecer o apoio. Desde o início da guerra, muitas escolas russas publicaram imagens nas redes sociais mostrando estudantes enviando mensagens de apoio às tropas que lutam na Ucrânia e em formação para soletrar a letra “Z”, um símbolo de apoio à guerra na Rússia.
Professores que discordam da guerra agora estão se juntando a ativistas da oposição, ativistas de organizações não governamentais e jornalistas independentes que se sentem pressionados pelo Estado russo, enfrentando multas, processos e a perspectiva de perder seus empregos. Putin assinou uma lei no início de março que criminalizaria a disseminação de informações “falsas” sobre as forças armadas russas com multas ou penas de prisão de até 15 anos.
Kravtsov disse a uma comissão parlamentar em março que seu ministério havia lançado uma campanha nacional para discutir as relações russo-ucranianas com estudantes, em meio a perguntas de crianças sobre a situação na Ucrânia e sanções.
O Kremlin disse que está aplicando leis para impedir o extremismo e as ameaças à estabilidade. Ele diz que está realizando uma “operação especial” para destruir as capacidades militares de seu vizinho do sul e “desnazificar” a Ucrânia e evitar o genocídio contra falantes de russo, especialmente no leste do país. Kiev e seus aliados ocidentais descartaram isso como um pretexto infundado para a guerra, acusando as tropas russas de matar civis.
(com informações da EFE)
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