Uma semana depois de comemorar seu nascimento (12 de abril), é uma boa desculpa para lembrar o Inca Garcilaso de la Vega e suas obras icônicas, que ainda são válidas na história peruana e internacional. O escritor e historiador hispano-peruano se destaca por ser o “primeiro mestiço biológico e espiritual da América”. Suas histórias deixaram sua marca, e talvez o mais conhecido seja o chamado 'Comentários Reais dos Incas', um livro histórico literário que teve sua primeira publicação em 1609, em Lisboa, Portugal.
Sobre o que é isso? Mais de 400 anos após sua publicação, ainda faz parte dos arquivos da literatura e da história nacionais. A obra retrata a história, os costumes e as tradições do Perú antigo, de acordo com o que Garcilaso de la Vega conseguiu coletar. Dividido em nove livros, com detalhes e fatos por meio de documentos, crônicas e informações orais que o escritor obteve durante esse período. Os fatos contêm as histórias que ele enviou a Francisco Huallpa e ao cavalheiro Garcí Sánchez de Figueroa, juntamente com cartas e visitas de amigos que chegam da América.
Outras fontes são as crônicas de autores como Cieza, Padre Acosta, Blas Valera. Sua memória também lhe permitiu dar recursos para criar o trabalho, com base em sua experiência de infância. A tal ponto que teve uma reedição em Madrid em 1723, em 1800-1801 (é publicado sob o título História Geral do Perú ou Comentários Reais dos Incas, em 13 volumes) e em 1829 (em cinco volumes, a primeira e a segunda partes). Qual é a estrutura do livro? É o seguinte com nove livros de 262 capítulos:
- Dedicação.
- Recompensa para o leitor.
- Advertências.
- Livro Um (26 capítulos).
- Livro dois (28 capítulos).
- Livro Três (25 capítulos).
- Quarto livro (24 capítulos).
- Livro Quinto (29 capítulos).
- Sexto livro (36 capítulos).
- Sétimo livro (29 capítulos).
- Oitavo livro (25 capítulos).
- Livro nono (40 capítulos).
POR QUE É CHAMADO DE “COMENTÁRIOS REAIS DOS INCAS”?
Garcilaso de la Vega escolheu esse título porque considerou seu testemunho o mais verdadeiro. Ele procurou fazer a diferença com os outros cronistas espanhóis, porque considerou que eles não tinham aquele atributo que fazia a diferença. Como ele conseguiu mostrar originalidade? Ele destacou o fato de ser descendente dos antigos governantes peruanos, que conheciam sua língua nativa.
Lembre-se que nos Comentários Reais, o Inca Garcilaso de la Vega pretende alcançar dois objetivos: cumprir o dever de contar a história dos incas e de seu pai e companheiros, e o outro é estabelecer sua identidade como mestiço. A memória o ajuda a alcançar os dois propósitos e também a dar sentido ao título enquanto conta as histórias dos incas e lendas de ontem.
GARCILASO E O TRIUNVIRATO
Como é sabido, Garcilaso de la Vega faz parte do triunvirato dos escritores junto com William Shakespeare e Miguel de Cervantes de Saavedra. Reconhecidos como autores essenciais junto com seus trabalhos em todo o mundo mais de 400 anos após suas mortes. Por esse motivo, todo dia 23 de abril é comemorado o Dia Mundial do Livro e dos Direitos Autorais, um reconhecimento que começou em 1995.
Sabe-se que Cervantes morreu em 22 de abril, mas naquela época, no século XVI, o costume ditava que a data da morte deveria ser registrada no dia do enterro, que era 23. De fato, no registro histórico do livro do falecido da igreja de San Sebastián, em Madri, aparece assim.
Por sua vez, o autor de Romeu e Julieta, entre outros clássicos, morreu em 23 de abril, embora a data não seja exata no mundo de hoje, desde então o calendário juliano ainda sobreviveu em grande parte da Europa. Com a transição para o calendário gregoriano, que é usado hoje na maioria dos países do planeta, a verdadeira data de sua morte seria 3 de maio.
O caso do peruano Garcilaso de la Vega também não deixa de ser controverso. Historiadores diferentes datam sua morte em três dias diferentes: 22, 23 ou 24 de abril de 1616. Assim, na 28ª sessão da UNESCO, realizada em Paris, foi aceito o pedido da União Internacional de Editores, que visava promover a cultura e a proteção da propriedade intelectual por meio de direitos autorais.
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