O ministro do Interior, Alfonso Chávarry, informou na terça-feira uma quantidade significativa de drogas apreendidas pela DIRANDRO. No início de suas declarações na coletiva de imprensa, ele expressou decepção na mídia porque eles não haviam coberto “o bem” de sua gestão e o trabalho da Polícia Nacional peruana.
“Que decepção. Ontem foram (apresentados) 16.300 quilos de drogas apreendidos pela nossa Polícia Nacional e quase nenhum dos jornais, os jornais, divulgou essa informação”, disse.
“Veja que mesquinhez. Estamos sujeitos a críticas, isso mesmo. A imprensa tem o direito de nos criticar quando estamos fazendo algo ruim, mas também tem o direito de tirar o bem do nosso trabalho”, acrescentou.
O ministro Chavarry destacou que esta recente apreensão representou um recorde nos dois meses em que o governo estava sendo elaborado. Ele informou que, de 24 de março a 18 de abril, o PNP havia apreendido 5.400 quilos de drogas e 1.500 insumos químicos usados para fazer cloridrato de cocaína.
Assim, o funcionário repreendeu a mídia a informar sobre essas conquistas e ações do PNP porque “isso também tem que ir para o exterior e, dessa forma, as pessoas sabem que o Perú está trabalhando na luta contra as drogas”.
Ele então passou a comentar que o governador do Amazonas, envolvido em atos de corrupção, havia sido capturado. E encerrou sua participação pedindo que um comunicado de imprensa fosse enviado à mídia internacional. “Sr. General da DIRANDRO, envie um comunicado de imprensa aos jornalistas, envie um comunicado de imprensa para o exterior para que eles possam retirá-lo de repente, porque aqui a nossa imprensa não quer divulgá-lo”, concluiu, e saiu do local sem dar mais declarações.
RELAÇÃO ENTRE O GOVERNO DE PEDRO CASTILLO E A IMPRENSA
O governo de Pedro Castillo não manteve uma relação amigável com a imprensa. De abuso físico com repórteres no local a criticar e questionar seu trabalho diretamente, a liberdade de imprensa e o tratamento da mídia tem sido questionada desde antes do início de sua administração.
Em 19 de maio de 2021, durante um evento de campanha na cidade de Yanama, em Huamanga (Ayacucho), Pedro Castillo questionou as campanhas “terruqueo” contra ele e garantiu que eles darão saber quanto ganham e quem paga os apresentadores de programas de televisão.
“No devido tempo, enviaremos alguns relatórios que acabaram de chegar às nossas mãos, quanto ganham aqueles que hospedam programas de televisão e quem os paga. Vamos criar conhecimento. É necessário que o povo seja informado sobre tantas coisas, de onde vem tanta coisa disso e por que há tanto terrucheo”, disse no comício.
Por outro lado, como presidente do Perú, Castillo ameaçou deixar a mídia sem publicidade estatal, que, segundo ele, desinforma e distorce a realidade. Ele criticou que vários meios de comunicação transmitiram vídeos de sua visita a Arequipa, onde algumas pessoas o insultaram, o repreenderam e exigiram sua remoção.
“Devo condenar algumas atitudes nefastas de alguns meios de comunicação que editaram que eu estava sozinho e que as pessoas estavam pedindo vaga, quando não é verdade”, disse Castillo durante sua visita à comunidade Chopcca em 23 de novembro de 2021.
Em 21 de fevereiro de 2022, o presidente chamou a imprensa de “uma piada” depois que um repórter da Rádio Exitosa questionou ele para o dobro que ele deu ao Ministério Público nos casos Provias e promoções nas Forças Armadas.
“Essa imprensa é uma piada. Estamos falando da educação peruana, por que não focar nas questões importantes. (...) Por que não vem comigo para ver como estão as coisas? Eu dou mobilidade a eles e saímos como você. Saia de Lima, Lima não é Perú. Vamos ver o que o país está fazendo”, disse.
Também há ataques de membros da segurança do presidente a repórteres, como o que aconteceu em 18 de agosto de 2021. Pessoal de segurança da Presidência marcou a repórter da TV Perú, Tifanny Tipiani, para impedi-la de fazer perguntas a o presidente. A mesma coisa aconteceu em 15 de setembro de 2021, quando uma assessora de imprensa da Presidência impediu a repórter da RPP Notícias, Hellen Meniz, de passar e julgou para remover o microfone.
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