O Governo de Cuba confirmou na terça-feira a realização de uma rodada de negociações sobre migração com autoridades norte-americanas na próxima quinta-feira, que seria a primeira reunião de alto nível entre os dois governos do atual governo Joe Biden.
O encontro acontecerá em Washington, conforme explicado no Twitter pelo Ministério das Relações Exteriores de Cuba, que acrescentou que sua delegação “será presidida por Carlos Fernández de Cossío, vice-ministro das Relações Exteriores”.
O anúncio veio seis dias depois que o Controle de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) informou que o governo cubano não aceita a repatriação de cubanos há meses.
De acordo com o ICE, Cuba não aceitou qualquer deportação de cubanos desde outubro passado por voos comerciais ou charter do território dos Estados Unidos. Durante esse período, apenas 20 cubanos voltaram voluntariamente dos Estados Unidos para a ilha.
A saída dos cubanos, principalmente para os Estados Unidos, aumentou acentuadamente nos últimos meses, algo que os especialistas vinculam antes de tudo à grave crise econômica pela qual a ilha está passando.
De acordo com dados das autoridades de imigração dos EUA, entre outubro e fevereiro cerca de 47.331 migrantes cubanos entraram nos Estados Unidos, depois que um número recorde de 16.657 chegou à fronteira somente em fevereiro.
Havana, que defende a migração ordenada, legal e controlada, acusa Washington de incentivar fluxos irregulares para os Estados Unidos e de violar acordos bilaterais sobre migração.
O governo cubano também atribui o aumento da migração à entrada em vigor da Lei de Ajuste Cubano de 1966, que permite que os cubanos solicitem residência permanente nos Estados Unidos por ano e um dia para permanecer naquele país.
NEGOCIAÇÕES DO EXÍLIO
A Assembleia da Resistência Cubana, que reúne várias organizações da oposição de dentro e de fora da ilha, expressou sua rejeição na terça-feira do início das negociações sobre a crise migratória entre o governo dos Estados Unidos e a “tirania comunista”.
A assembleia lembrou que “o regime de Castro é um regime que viola os direitos humanos que cometeu e está cometendo crimes contra a humanidade” e, portanto, “essas negociações enviam uma mensagem de fraqueza e não de apoio ao povo cubano, num momento em que a luta pela liberdade é progressivamente aumentando no país.”
O grupo de organizações de oposição lembrou que, após os protestos em Cuba em 11 de julho de 2021, e a série de julgamentos em massa e condenações de manifestantes que provocaram, o intercâmbio entre funcionários de ambos os países “constitui um verdadeiro presente para uma ditadura que deve ser punida por sua opressão do povo cubano”.
A Assembleia da Resistência Cubana salientou ainda que o aumento da chegada dos cubanos aos Estados Unidos “não surpreende”, uma vez que é o resultado de uma “pressão migratória que o regime tem exercido contra o Governo americano nos últimos meses” como “válvula de escape” diante da” rebeldia do povo cubano”.
“A migração para os Estados Unidos, particularmente sob administrações democratas, foi usada tantas vezes pela ditadura de Castro como arma política que a manobra é tristemente previsível”, disse o grupo em comunicado.
Recordou ainda que o Governo cubano manifestou o seu total apoio à agressão russa contra a Ucrânia.
(com informações da EFE)
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