A inflação tem famílias colombianas em 'cheque': eles podem comprar cada vez menos alimentos

O aumento do custo de vida no último ano fez com que muitas famílias no país reduzissem seu consumo, segundo entidades especializadas

Personas trabajan en una plaza de mercado en Soacha (Colombia), en una fotografía de archivo. EFE/Mauricio Dueñas Castañeda

O aumento da inflação na Colômbia, que de acordo com o Departamento Administrativo Nacional de Estatística (Dane) foi de 8,53% em março passado, afetou o poder de compra dos colombianos nos últimos tempos. Com os preços de muitos alimentos disparando, está se tornando cada vez mais difícil comprar a mesma quantidade de produtos que em períodos anteriores.

De acordo com os relatórios oficiais do banco sobre o Índice de Preços no Consumidor (IPC), entre janeiro e março deste ano, a categoria de alimentos e bebidas não alcoólicas continuou a impulsionar a inflação, com um aumento de 10,22% nos preços ao consumidor durante o primeiro trimestre, sendo a batata o produto cujo o custo aumentou mais: 54,68 por cento.

O tubérculo foi seguido pela cebola como um dos alimentos que tiveram o maior aumento de preço até agora este ano. Carne, aves, vegetais, frutas, cereais, ovos e produtos processados também aumentaram de valor, de acordo com o relatório acima mencionado.

Camilo Herrera, diretor da Raddar, empresa especializada em análise de consumidores, confirmou estas indicações: “Um bom número de famílias colombianas reduziu significativamente sua capacidade de compra em comparação com o ano passado”.

Ao longo desta semana, Raddar publicou o relatório sobre o consumo de colombianos durante o mês de março, no qual essa tendência foi evidenciada. O aumento do valor dos alimentos, categoria que mais favorece a inflação, está deslocando a capacidade de consumo de muitos colombianos. Em março, 75 por cento dos casos, os consumidores perceberam que conseguiram comprar menos produtos do que no mês anterior.

O diretor da empresa também afirmou que as famílias tiveram que sacrificar suas despesas de outras cestas para adquirir as necessidades básicas. Esse quadro, explicou, tornou-se mais perceptível em alimentos que tinham inflação alta e ocupavam 30% do bolso total das famílias.

Há alguns dias, o diretor da Fedesarrollo, Luis Fernando Mejía, explicou no programa da Rádio Caracol '6 AM Hoy por Hoy' que houve uma queda de -1,5% nas vendas de alimentos. Isso é baseado na pesquisa dinamarquesa de março: “A inflação tem aumentado desde meados do ano passado, fechando em fevereiro com um número de 23,3%. Naturalmente, com um número tão alto de inflação, o que as famílias fazem é reduzir as compras de alimentos”.

Da mesma forma, os analistas garantiram que o consumo dos colombianos poderá ser ainda mais afetado nos próximos meses devido ao contexto global. O Banco da República, por exemplo, argumentou recentemente que “a invasão russa da Ucrânia poderia intensificar as pressões ascendentes sobre os preços internacionais de alguns bbens agrícolas e insumos, energia e petróleo”.

Um relatório recente da Associação Nacional de Instituições Financeiras (ANIF) afirma que é possível que, se as populações mais vulneráveis do país forem, por sua vez, as mais afetadas, as taxas de pobreza e pobreza extrema sejam afetadas. Isso considerando a fragilidade econômica que experimentaram desde o início da pandemia em 2020.

Simulações do ANIF sugerem que, com o efeito inflacionário dos alimentos, a população que vive em extrema pobreza aumentaria 4,2 pontos percentuais, enquanto que na pobreza aumentaria 1,3 pontos percentuais.

No ano passado, a situação alimentar dos domicílios já estava comprometida. No final de outubro, Dane explicou, por meio da pesquisa Social Pulse, que 3 em cada 10 domicílios no país não consumiam as 3 refeições por dia. Esses indicadores foram consequência da covid-19, como apontou a entidade.

*Com informações da Colprensa

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