Nesta Semana Santa, o presidente Pedro Castillo recebeu o cardeal Pedro Barreto no Palácio do Governo em duas reuniões. De acordo com declarações dos religiosos, a formação de um novo gabinete estaria sendo analisada. Os rumores estão ficando mais fortes sobre uma possível saída do gabinete de Aníbal Torres, e tudo indica que o partido governista, Perú Libre, não seria consultado.
Diante desses acontecimentos, o secretário-geral do grupo político, Vladimir Cerrón, falou no Twitter e no meio do festival religioso atacou o cardeal Pedro Barreto.
“Monsenhor Pedro Barreto diz que o país está prestes a morrer, uma declaração que mais uma vez confirma que o clero é a favor da conspiração contra o presidente”, escreveu Cerrón em um primeiro tuíte. Então ele foi mais concreto e disse que se o presidente está pensando em um novo gabinete sem conhecimento do Conselho de Ministros, sua bancada e seu partido, e apenas em cumplicidade com a Igreja, ele estaria em um grande erro político.
Logo depois, ele acrescentou: “Golpe eclesiástico? Se o padre ainda não descobriu, há um partido que ganhou as eleições e o resto seria usurpação. A interferência do clero para eleger um primeiro-ministro ou um gabinete é totalmente inaceitável.”
Finalmente, ele disse que o povo só defenderá o governo se ele implementar políticas em favor dos despossuídos, discriminados e explorados, na terra e não no céu. “O Gabinete de Barreto só garantiria a convivência subordinada do povo com seus exploradores, acreditando que é natural e necessário”, disse.
REUNIÕES COM O CARDEAL
Na quarta-feira passada, o cardeal Pedro Barreto se reuniu com o presidente Castillo no Palácio do Governo e propôs promover a unidade nacional e desenvolver uma gestão que compreenda todos os peruanos e leve à superação de confrontos políticos.
“A proposta é uma mudança de rumo; um curso que significa unidade nacional e que ele é o presidente de todos os peruanos”, disse o prelado da Igreja Católica no Perú, em declarações dadas à RPP.
Barreto disse ter expressado essa iniciativa ao presidente na reunião. Ele indicou que respondeu ao convite que o próprio Chefe de Estado lhe fez, através do deputado Guillermo Bermejo, e que ele estava presente em sua capacidade pessoal.
O encontro teve como objetivo “tornar possível essa proposta de mudança de rumo da unidade popular”, disse o representante da Igreja Católica. “Fiz uma proposta que é o sentimento da sociedade e o grito das pessoas mais pobres que sofrem as consequências, não só do problema econômico, mas de toda essa instabilidade política”, disse.
Barreto considerou que, dada a atual situação de confronto político, “não se trata de mudar um ministro e outro, mas que o Presidente ouça pessoas de muito boa vontade que estão interessadas em transformar o país de uma fogueira em um campo fértil e eficaz”.
No dia seguinte, na quinta-feira santa, foi realizada uma reunião entre o presidente Castillo, o cardeal Barreto e o secretário-geral do Fórum do Acordo Nacional, Max Hernandez. Ao chegar ao Palácio do Governo, o cardeal disse que chegou a hora de ressuscitar uma nova forma de fazer política buscando o bem comum de todos. E destacou que é preciso buscar caminhos de esperança em meio às dificuldades que o país vive e, sobretudo, fazer uma transformação da política e da economia.
“A partir dessa crise complexa que estamos vivendo, temos que buscar novos caminhos que incluam todos, somos todos peruanos e devemos nos preocupar com aqueles que estão no campo, na Amazônia, na periferia das cidades”, disse à imprensa junto com o ex-ministro das Relações Exteriores Oscar Maúrtua.
“Chegou a hora de ressuscitar uma nova forma de fazer política buscando o bem comum de todos”, disse o religioso.
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