63 dias antes do prazo expirar, o governo de Iván Duque ainda não assina a lei de junk food

Estudo revela que a rotulagem octogonal é mais eficaz em desencorajar o consumo de produtos ultraprocessados

Foram necessários dois anos e alguns debates obrigatórios para que o projeto de lei que regula a junk food na Colômbia fosse aprovado pelo Congresso da República em 17 de junho de 2021. Primeiramente, a iniciativa busca estabelecer um rótulo que avise o excesso de gorduras, sódio e açúcares em alimentos e bebidas, e que essas informações apareçam em todas as propagandas feitas do produto.

No parágrafo quatro, do artigo 5º da Lei 2120, o Congresso da República ordena que o Governo nacional, através do “Ministério da Saúde e Proteção Social, no prazo máximo de um ano a contar da promulgação desta Lei, regule as disposições deste artigo”.

Faltam 63 dias para que o prazo seja atingido e o presidente Iván Duque continua não promulgando a lei, que pretende proteger crianças e adolescentes entre 2 e 19 anos, que consomem o dobro desses produtos do que os adultos na Colômbia.

Na manhã desta sexta-feira, 15 de abril, o representante da Câmara Mauricio Toro, um dos congressistas que promoveu a lei de rotulagem de junk food, denunciou na Rádio Caracol:

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Nas palavras do deputado, o Governo de Duque e as grandes indústrias representadas pela ANDI, sempre foram contraditórias da lei. O Ministério da Saúde emitiu a resolução 810 de 2021 “segundo eles, esta medida está em conformidade com a implementação da Lei 2120″.

Esta lei exige que todos os produtos implementem uma rotulagem frontal que incorpore um selo de advertência, que “deve ser de alto impacto preventivo, claro, visível, legível, fácil de identificar e entender para os consumidores, com mensagens que avisem o conteúdo excessivo de nutrientes críticos”, diz o documento do Congresso. Nele, a MinSalud exige que esses avisos sejam “baseados na maior evidência científica disponível e livre de conflito de interesses”.

E até agora, as evidências alertariam que os selos octogonais, baseados em nutrientes críticos (açúcares, sódio e gorduras saturadas), são os mais eficazes para desencorajar o consumo de produtos ultraprocessados.

Isso é afirmado em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Nacional da Colômbia, da Universidade da Carolina do Norte e da Pontifícia Universidade Javeriana: “72% dos participantes selecionaram esse selo como o que mais reduziu a intenção de consumo, em comparação com outros tipos de rotulagem frontal como Quantidade recomendada diariamente (GDA) (20%), Nutri-Score (9%).

Na resolução 810, o governo nacional promove a rotulagem circular e se baseia na experiência de países como Israel para implementá-los na Colômbia. Na entrevista à Caracol Radio, o representante disse que, seguindo a recomendação do Ministério da Saúde, “para implementar o rótulo da resolução, isso pode levar as empresas do setor a perder bilhões de pesos, uma vez que terão que ser substituídas assim que a lei for assinada”.

Poucos meses após o término do atual mandato presidencial, Toro enviou uma mensagem ao presidente Duque, dizendo-lhe que a assinatura desta lei não é opcional, mas obrigatória. “Há um silêncio e enquanto esse silêncio é da parte do presidente, o ministro avança com uma rotulagem contrária à lei e isso poderia ser prevaricato, porque ele é contrário a ela”, concluiu na entrevista desta Sexta-Feira Santa.

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