Freddy Rincón e sua narração, à mão, do histórico gol contra a Alemanha na Copa do Mundo de 1990, na Itália

Rafael Villegas compartilhou com Infobae o texto de um depoimento de Freddy Rincón que ele guardou por anos, embora não se lembre de onde foi publicado

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Freddy Rincón morreu na noite de quarta-feira, 13 de abril, após o grave acidente que sofreu na madrugada desta segunda-feira, 11, no qual sofreu um grave traumatismo craniano. O atacante deixou um legado no futebol colombiano após sua atuação na Copa do Mundo na Itália 90 e foi a primeira cafeteira militar no Real Madrid.

Um dos gols mais importantes do “Colosso de Bonaventure” foi o marcado em 19 de junho de 1990 na fase de grupos da 90ª Copa do Mundo da Itália. O atacante marcou o gol que significou o empate após a jogada que começou com uma recuperação de Leonel Álvarez e na qual participaram 'Bendito' Fajardo e Pibe 'Valderrama de Carlos.

Em um texto escrito por Freddy Rincón e narrado pelo jornalista Rafael Villegas, que manteve o documento por vários anos, embora tenha dito à Infobae que não se lembra de onde foi publicado, ele descreve o que cataloga “O objetivo da minha vida”. Lá, ele contou seu processo para as seleções da Colômbia, de onde recebeu sua primeira chamada dois anos antes da Copa do Mundo de 1990. Ele fez sua narrativa do objetivo histórico que entrou no fundo do arco entre as pernas de Bodo Illgner.

Além disso, ele lembrou sua última partida com a camisa tricolor, o histórico 5-0 no South American Qualifier para a Copa do Mundo de 94 Estados Unidos e contou para as equipes em que jogou em sua carreira de quase 20 anos como jogador profissional.

Este é o texto completo escrito por Freddy Rincón:

Nunca fui levado em consideração para me juntar às equipes pré-juvenis ou juvenis da Colômbia, até a equipe 85 Marroquín estava no porto e eles não me notaram. Normalmente, os treinadores não iam a Buenaventura e as chances de eles me verem na íntegra não aconteceram.

Wilson Díaz, que trabalha na alfândega, propôs a Rafael Pachón que levasse alguns jogadores a Santa Fé para experimentarmos; foi assim que Juan Reyes, Carlos Potes, Edison Cuero e eu chegamos ao time “cardinal”.

Fui chamado pela primeira vez para a Seleção Nacional em 1988 para jogar a Copa Gonzalo Jiménez de Quesada com Uruguai, Millonarios e Santa Fe. Joguei apenas alguns minutos contra o Millonarios, onde fui substituído por Carlos Valderrama e contra o Santa Fe aliviado por Jaime Arango. Demorou quase dois anos (2 de fevereiro de 1990) para o professor Francisco Maturana me chamar para um amistoso com o Uruguai em Miami, onde perdemos por 0-2.

Joguei os oito amistosos que antecederam a Copa do Mundo na Itália 90, ganhando definitivamente o lugar de partida na seleção nacional. Joguei no meio com “Abençoado” Fajardo, Alexis Garcia, Leonel Alvarez, Bernardo Redín, Gustavo “Missil” Restrepo, “Chicho” Perez, “Barabás” Gomez, Carlos Valderrama e o único que permaneceu no título em todas as partidas fui eu.

Joguei todos os quatro jogos da Copa do Mundo contra os Emirados Árabes Unidos, Iugoslávia, Alemanha e Camarões. Contra a Alemanha, marquei meu primeiro e único gol em uma Copa do Mundo, mas com certeza, foi o mais importante da minha vida, pois nos qualificou para a próxima rodada (pela primeira e única vez), foi contra aquele que eu era o campeão mundial e fez todo o país se divertir.

É assim que me lembro da jogada: Leonel Álvarez recupera quem passa a bola para Fajardo, este para Valderrama, toca Rincón, novamente Fajardo, recebe novamente Valderrama que coloca um passe profundo para que eu possa chegar lá e vencer o goleiro alemão pelas minhas pernas. Objetivo! Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Infelizmente, a alegria durou pouco, já que uma das maiores frustrações foi no próximo jogo com a derrota contra Camarões após nosso erro contra Roger Milla.

Participei da Copa América três vezes 1991, 1993 e 1995. Eu estava nas eliminatórias em 1993, 1995/96 e 2000/01. Joguei três Copas do Mundo: Itália, Estados Unidos e França, onde não perdi nenhum jogo (10) e fui substituído apenas duas vezes, contra a Iugoslávia em 1990 por Carlos “Gambeta Estrada” e em 1998 contra a Tunísia por Victor Hugo Aristizábal. Além disso, fiz parte das equipes que entre 1990 e 99 jogaram muitos amistosos.

Eu me despedi da Seleção Nacional em 13 de outubro de 1999 na partida que perdemos para a Argentina por 2-1 em Córdoba. Jogamos com: O. Córdoba, J. Gonzalez, J. Bermudez, I. R. Córdoba, R. C. Cortes, M. Serna (P. Portocarrero), eu, F. Grisales, A. Betancourt (N. Morantes), J. P. Angel, H. Zambrano (J. Tellez). DT. Javier Alvarez. O gol colombiano foi marcado por Ivan Ramiro Córdoba no pênalti.

Sem dúvida, a passagem pela Seleção Nacional me deixou momentos inesquecíveis, como a partida com a Argentina em 5 de setembro (0-5), onde todos saímos e momentos de grande amargura como a morte de Andrés Escobar.

Nunca abaixei os braços, sempre acreditei que tinha condições de usar a camisa nacional e não poupei esforços para provar isso. Joguei 85 jogos e marquei 17 gols. Em cada reunião, dei o meu melhor com responsabilidade e profissionalismo, o que acredito ser um bom exemplo para as gerações futuras. Vestir a camisa nacional é o maior orgulho para um jogador de futebol, não é uma tarefa fácil, digo isso com alguma nostalgia, vale a pena.

Nasci em Buenaventura (vale) em 14 de agosto de 1966. Joguei em Santa Fé e América, 287 jogos, 76 gols. Eu me apresentei em Nápoles na Itália, Real Madrid na Espanha, Palmeiras, Corinthians, Santos e Cruzeiro do Brasil. Copa Libertadores: América (1991/93, 34 partidas, 6 gols). Fui assistente no Mineiro e técnico de São Bento e Iraty no Brasil.

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