Pedro Castillo: a relação tensa com a imprensa e os casos que acabaram sendo processados

O executivo tem uma relação tensa com grande parte dos jornalistas. No entanto, há uma estatística preocupante de casos que acabam com a justiça no meio.

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Não é segredo que desde o dia em que assumiu o cargo, e ainda mais cedo desde que era candidato, Pedro Castillo não é exatamente um homem da mídia. Ele não tem uma relação tranquila com a imprensa e as entrevistas que deu até agora podem ser contadas em seus dedos. E como é normal em todos os governos, há um setor da imprensa que se opõe abertamente ao regime do professor.

Nesses quase nove meses de governo, houve uma série de ataques contra os jornalistas, a ponto de cobrir uma coletiva de imprensa presidencial se tornar um exercício arriscado.

CASTELO VS. VISÃO GERAL

Pedro Castillo enviou uma carta notarial ao programa de televisão 'Panorama' na terça-feira após a transmissão de uma reportagem no domingo passado mostrando imagens do presidente jogando futebol ao lado de um suposto provedor estatal.

O presidente nega conhecer Roberto Jesús Aguilar Quispe, representante da empresa INIP, Ingeniería Integración de Proyectos S.A.C. “Mais uma vez me recuso veementemente a encontrar Roberto Jesús Aguilar Quispe, que não é a pessoa que participou (na) da atividade de lazer acima mencionada, como é falsamente apontado na reportagem divulgada por você”, explicou.

O documento foi enviado a Roxana Cueva, diretora e apresentadora do domingo, e a José Beteta Bazán, diretor do 'Vigilante.pe'. De acordo com a carta, o relatório busca vincular o testemunho da lobista Karelim López no sentido de que ela manteve ou mantém relações com pessoas que pertenceriam a uma suposta máfia que seria indevidamente favorecida com a contratação no Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC).

Castillo Terrones solicitou que dentro de 24 horas após o recebimento da carta notarial, eles retifiquem suas declarações, caso contrário, tomará ações civis e criminais pelo crime de difamação agravada, previsto no artigo 132 do Código Penal.

CASO BETO ORTIZ

Há poucos dias, o jornalista Beto Ortiz recebeu uma condenação contra ele pela denúncia apresentada por Pedro Castilla Torres, ex-vice-ministro da Promoção do Trabalho e Emprego, pelo crime de difamação agravada.

Como é lembrado, o funcionário decidiu processar Humberto Martín Ortiz Pajuelo, conhecido como Beto Ortiz, por apresentar uma reportagem sobre seu programa, na qual alegou ter sido acusado de ser o autor do assassinato de sua ex-companheira Betsabeth Flores Sánchez, apesar de ter sido considerado inocente em dois instâncias. Além disso, mencionar que a acusação foi interrompida pelo poder exercido por Castela na época.

Como resultado, o ex-funcionário do governo renunciou ao cargo apenas dois dias após ser nomeado, não antes de anunciar que entraria com uma ação judicial contra o jornalista. Após as investigações, a juíza Luisa Mónica Noriega Chu, do 12º Tribunal Penal Pessoal Único do Superior Tribunal de Justiça de Lima, condenou Ortiz a um ano e quatro meses de suspensão da privação de liberdade e ao pagamento de 50.000 soles como reparação civil.

ESTOJO PBO

Em 26 de janeiro, o Ministério Público realizou uma ação judicial na estação de rádio PBO 91,9 FM (rádio Tigre S.A.C.), em seus escritórios no Cerro Marcavilca em Morro Solar (Chorrillos). As autoridades confiscaram equipamentos de telecomunicações porque não tinham licença de operação, o que impedia que o rádio ficasse no ar.

Como você sabe, este é um meio dirigido pelo maestro Philip Butters e abertamente oposto ao governo. Butters veio reclamar do arrombamento.” Alguns sujeitos chegaram, não se identificaram, vestindo coletes do Ministério dos Transportes e Comunicações, outros com coletes do Ministério Público, não deixaram notificação. Eles entraram, fizeram um bloqueio e pegaram uma equipe. Quando eles disseram para assinar um papel para o guachimán que estava lá, os senhores não se identificaram e não deixaram nenhuma notificação”, explicou ele durante seu programa ao vivo, que foi transmitido pelas redes sociais.

CASO ACUNA

Embora ele não seja diretamente um membro do Executivo, sabe-se que César Acuña, líder do partido Aliança para o Progresso, é próximo do Executivo. Em janeiro passado, o juiz Jesús Vega, da 30ª Vara Criminal Liquidatária do Tribunal Superior de Lima, condenou o jornalista Christopher Acosta e Jerónimo Pimentel, diretor da editora Penguin Random House, a dois anos de prisão suspensa na sequência da ação por difamação movida por Acuña sobre a publicação do livro 'Silver as Cancha'.

Na leitura, foi solicitado que o chefe de pesquisa da Latina pagasse o valor de 400.000 soles em favor do líder do partido político Alliance for Progress. O juiz indicou que o livro ultrapassa os limites da liberdade de expressão e acrescentou que Acuña foi agravado, listando uma lista de frases que considera difamatórias.

MAIS CASOS DE TENSÃO COM A IMPRENSA

- Em 19 de maio de 2021, durante um evento de campanha na cidade de Yanama, no distrito de Carmen Alto, em Huamanga (Ayacucho), Pedro Castillo questionou as campanhas “terruqueo” contra ele e garantiu que eles divulgarão quanto ganham e quem paga os apresentadores de programas de televisão. Ele disse que era “necessário” saber de onde essa informação veio contra ele.

“No devido tempo, enviaremos alguns relatórios que acabaram de chegar às nossas mãos, quanto ganham aqueles que hospedam programas de televisão e quem os paga. Vamos criar conhecimento. É necessário que o povo seja informado sobre tantas coisas, de onde vem tanta coisa disso e por que há tanto terrucheo”, disse no comício.

- O presidente peruano, Pedro Castillo, em 23 de novembro de 2021, ameaçou deixar sem publicidade estatal os meios de comunicação que, segundo ele, desinformam e distorcem a realidade. Castillo também criticou vários meios de comunicação compartilhando vídeos de sua recente visita a Arequipa, onde algumas pessoas o insultaram, o repreenderam e exigiram sua remoção.

“Devo condenar algumas atitudes desastrosas de alguns meios de comunicação que editaram que eu estava sozinho e que as pessoas estavam pedindo vaga, quando não é verdade”, disse Castillo durante sua visita à comunidade Chopcca. “Não vou me permitir dar um centavo para aqueles que deturpam a realidade, para aqueles que não querem ver o povo, para aqueles que querem fazer as pessoas acreditarem o contrário”, acrescentou.

- Em 18 de agosto de 2021, quando o presidente Pedro Castillo estava a caminho do município de Lima a pé para se encontrar com o prefeito Jorge Muñoz, pessoal de segurança da presidência, repórter da TV peruana, Tifanny Tipiani, para impedi-lo de fazer perguntas ao presidente. Enquanto o repórter do Canal N pôde fazer algumas perguntas ao presidente e as câmeras gravaram enquanto ele estava em movimento.

— Em 21 de fevereiro de 2022, o presidente chamou a imprensa de 'uma piada' depois que um repórter da Rádio Exitosa o questionou sobre a versão dupla que deu ao Ministério Público como testemunha nos casos Provias e promoções nas Forças Armadas.

O repórter perguntou se ele mentiu para o Ministério Público sobre as reuniões com Karelim Lopez. Castillo respondeu: “Essa imprensa é uma piada. Estamos falando sobre educação peruana, por que eles não se concentram nas questões importantes. Vamos falar sobre educação, acompanhar-nos para ver como as escolas estão indo, venha comigo para ver como as crianças estão indo. Existem milhares de crianças desnutridas, estou interessado no país. Por que não vem comigo para ver como estão as coisas? Eu dou mobilidade a eles e saímos como você. Saia de Lima, Lima não é Perú. Vamos ver como é o país.”

- Na quinta-feira, 24 de fevereiro, outro evento grave ocorreu. O presidente participou de um evento realizado no auditório da Federação dos Trabalhadores da Construção Civil do Perú, em La Victoria.

A imprensa foi colocada na caixa no segundo andar para acompanhar os incidentes, no entanto, uma vez terminado o evento, a segurança bloqueou a saída e não deixou os jornalistas saírem. O incidente durou cerca de cinco minutos, e teria sido com o objetivo de impedir que o chefe de Estado fosse abordado pela imprensa. Minutos depois, eles os soltaram. Esses eventos geraram o alarme de entidades relacionadas ao jornalismo que alertaram para esses maus-tratos.

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