O Presidente da República, Pedro Castillo, saudou a aprovação do projeto de lei que reconhece o Potes comuns do Perú como organizações sociais de base. Ele disse que estava aguardando o respectivo autógrafo da norma a ser promulgado.
“Estamos aguardando que o Congresso da República envie o autógrafo da lei que reconhece os Potes Comuns como organizações sociais de base, para prosseguir com sua promulgação imediata. Saúdo os congressistas que pressionaram por essa importante lei”, escreveu o presidente em suas redes sociais.
Este projeto foi aprovado na última quinta-feira com 110 votos a favor. Ele reconhece os potes comuns como organizações sociais de base para garantir seu financiamento, bem como incentivar o trabalho produtivo de seus beneficiários. O texto afirma que estes podem ser ativados durante emergências naturais, emergências de saúde ou circunstâncias graves que afetam a Nação. Eles também podem continuar funcionando por até 12 meses após a emergência.
Outra regra é que os governos locais, o Ministério do Desenvolvimento e Inclusão Social (Midis) e outros, podem fazer mudanças orçamentárias, se necessário e alocar recursos para financiar total ou parcialmente a compra e distribuição de alimentos para potes comuns em circunstâncias graves que afetam a vida da nação.
No que diz respeito aos aspectos nutricionais dos alimentos em vasos comuns, o Ministério da Saúde (Minsa) será responsável por aprovar documentos técnicos para orientação sobre esses aspectos para a preparação de alimentos em cantinas populares em emergências.
Diante disso, o presidente da rede de potes comuns na região metropolitana de Lima exigiu que o presidente implementasse o padrão que garante o financiamento desses serviços comunitários.
SOBRE POTES COMUNS
A pandemia do coronavírus expôs a escassez de milhões de famílias peruanas e espalhou a instalação de cozinhas coletivas como alternativa de subsistência nos assentamentos mais carentes de Lima, onde hoje existem quase 240.000 pessoas que dependem de vasos comuns todos os dias, conforme declarado no último relatório divulgado pela Rede de Potes Comuns de Lima.
De acordo com essa entidade, até o momento existem um total de 2.219 vasos comuns nos assentamentos humanos mais humildes da região metropolitana de Lima, embora o número possa ser muito maior devido à dificuldade de rastreamento. Dois terços são autogeridos (geralmente por mulheres) e metade usa lenha para preparar alimentos, o que dá pelo menos uma refeição por dia para 238.977 pessoas de Lima.
Os potes comuns se tornaram um símbolo do Perú, onde mais da metade da população trabalha na economia informal. A estratégia de sobrevivência que surgiu há quarenta anos permaneceu em vigor no país por mais de um ano durante a pandemia do coronavírus.
A maioria dos vizinhos faz parte dos 70% da força de trabalho peruana que trabalha com informalidade e cuja característica está resumida na frase: se você não trabalha hoje, não come. Sem subsídio de desemprego e sem possibilidade de trabalhar em casa, eles trabalham como vendedores ambulantes e transformaram muitas ruas em mercados improvisados de alimentos.
A incapacidade de manter as pessoas em suas casas se tornou um fator chave na disseminação descontrolada do coronavírus. A crise atingiu duramente o Perú em 2020 com uma queda de 12% no Produto Interno Bruto, uma das piores recessões do planeta, segundo o Banco Mundial.
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