O Festival de Cinema Colombiano de Nova York retorna, após dois anos devido à pandemia do COVID-19, “para abraçar e celebrar a comunidade” com histórias íntimas e intensas, sem descurar o humor, e um encerramento em homenagem às vítimas do massacre de Bojayá, em seu 20º aniversário, com o filme Músicas que inundam o rio, de Germán Arango, em sua estreia nos Estados Unidos.
O festival, que se realizará de 28 de abril a 1 de maio, no Cinépolis Chelsea, em Manhattan, abrirá com The Devil, de David Covo Camacho, uma homenagem aos San Jacinto Bagpiers, grupo que preserva a música tradicional de gaitas de foles e tambores.
“É uma homenagem às pessoas que amamos na Colômbia, grandes músicos, renomados em todo o mundo, que ganharam o Grammy, mas vivem em absoluta pobreza”, comentou o diretor e fundador do festival, Juan Carvajal. Eles também apresentarão aquela noite Entre você e Milagros — vencedora em 2021 do melhor curta-metragem da Bienal de Veneza — de Mariana Saffon, que estará presente na exibição.
Da mesma forma, Carvajal relatou que o cartaz deste ano para o festival, uma obra do colombiano Fernando Botero intitulada Dança, em que um casal - as figuras gordas icônicas do pintor - dança abraçada diante de um grupo de pessoas que comemoram, está em sintonia com a celebração da comunidade colombiana.
“Acho que é hora do reencontro, de nos abraçarmos novamente, de nos tocarmos. Este cartaz marca um novo começo, um futuro para aqueles de nós que vivem essa loucura da pandemia e agora vamos nos abraçar novamente”, argumentou.
O conflito armado que a Colômbia viveu por décadas está presente com vários filmes, incluindo Amparo, uma mãe que, ao chegar em casa, descobre que os militares recrutaram à força um de seus filhos e luta contra tudo para recuperá-lo. Também com Tantas Almas, em que um velho pescador enfrenta a tragédia quando os paramilitares matam seus dois filhos e jogam seus corpos no rio e então ele inicia uma jornada pelo afluente para recuperá-los.
“É um filme comovente, impressionante, com uma fotografia incrível que retrata a dor de uma forma muito profunda”, diz Carvajal, que também destaca o documentário “Do outro lado”, no qual dois irmãos, após o acordo de paz, procuram a guerrilha que sequestrou a mãe.
O festival, que contará com a presença de vários diretores e atores, encerra com Cantos que inundam o rio, sobre os cantores do Pacífico que escrevem canções e cantam para os mortos que descem o rio. “É um documentário muito íntimo e doloroso porque retrata um pouco o que foi o massacre de Bojayá que tanto nos marcou e uma forma de homenagear todos os colombianos que nos deixaram com a pandemia”, disse Carvajal.
O dia seguinte marca o vigésimo aniversário do massacre, quando em 2 de maio de 2002, cerca de 80 pessoas morreram (incluindo 48 menores), depois que guerrilheiros das FARC lançaram uma bomba cilíndrica, durante um confronto com paramilitares das Forças Unidas de Autodefesa da Colômbia (AUC) contra uma igreja onde a população foi abrigado.
Na noite de encerramento, os cantores do Pacífico estarão conectados ao festival da Colômbia para homenagear aqueles que não estão mais lá e também para celebrar a vida, disse ele.
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