A Rússia está usando armas contrabandeadas pelo Irã do Iraque na Ucrânia

Segundo informações do jornal britânico The Guardian, nesta nova fase da guerra Vladimir Putin estaria se fortalecendo com armas enviadas pela teocracia persa, que era sua principal aliada na Síria.

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Membros de milícias iraquianas apoiadas pelo Irã e serviços de inteligência regionais afirmam que a Rússia está recebendo munições e equipamentos militares do Iraque para reforçar suas tropas em meio à guerra na Ucrânia, contando também com a ajuda de redes iranianas de contrabando de armas.

RPGs e mísseis antitanque, bem como sistemas de lançamento de foguetes projetados pelo Brasil, foram enviados do Iraque para a Rússia, já que a campanha de Moscou falhou no mês passado, informaram fontes citadas pelo The Guardian.

De acordo com a mídia britânica, que cita uma fonte que ajudou a organizar o transporte, as autoridades de Teerã também doaram a Moscou um sistema de mísseis Bavar 373 de fabricação iraniana, semelhante ao russo S-300, que também devolveu um S-300.

Usar o submundo do tráfico de armas sinalizaria uma mudança dramática na estratégia russa, já que Moscou é forçada a confiar no Irã, seu aliado militar na Síria, após as novas sanções provocadas pela invasão da Ucrânia.

Os desenvolvimentos também têm enormes implicações para a direção e o volume do comércio no negócio internacional de comércio de armas.

O Iraque acolheu tropas americanas e ocidentais desde a derrubada de Saddam Hussein em 2003, e os EUA treinaram e forneceram várias unidades do exército iraquiano e forças especiais para defender o governo de Bagdá contra insurgências. Depois de duas décadas de guerra, o país é inundado com armas.

Grande parte passou legalmente para as mãos de milícias xiitas apoiadas pelo Irã, que se opõem à presença dos EUA no país, mas que desde 2016 se juntaram oficialmente às forças armadas iraquianas como parte da luta contra o Estado Islâmico.

Conhecidos por sua eficiência em desmantelar o “califado” do Estado Islâmico, e por seu tratamento brutal aos civis sunitas, esses grupos se tornaram atores poderosos no sistema de segurança do Iraque.

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RPGs (granadas propelidas por foguetes) e mísseis antitanque mantidos por Hashd al-Shaabi, o guarda-chuva da milícia xiita mais poderosa, foram transportados para o Irã através da fronteira de Salamja em 26 de março, onde foram recebidos pelo exército iraniano e levados para a Rússia por mar, disse um comandante do ramo da milícia que controla a travessia para o The Guardian.

Ashd al-Shaabi também desmontou e enviou em pedaços dois sistemas de lançamento de foguetes Astros II projetados no Brasil, conhecidos no Iraque como a versão construída sob licença Sakhil-60, para o Irã em 1º de abril, de acordo com uma fonte dentro da organização.

“Não nos importamos para onde vão as armas pesadas porque não precisamos delas agora”, disse uma fonte de Hashd al-Shaabi. “Qualquer coisa que seja antiamericana nos deixa felizes.”

Três navios de carga capazes de transportar essa carga, dois com bandeira russa e um com bandeira iraniana, cruzaram o Mar Cáspio do porto iraniano de Bandar Anzali para Astrakhan, uma cidade russa no Delta do Volga, dentro dos prazos estabelecidos.

“O que os russos precisam na Ucrânia agora são mísseis. Isso requer a capacidade de transportá-los, pois são frágeis e explosivos, mas se você se comprometer a fazê-lo, é possível”, disse Yörük Işık, especialista em assuntos marítimos com sede em Istambul. “Nem é o tipo de atividade que seria capturada por imagens de satélite, pois elas podem ser transportadas em caixas grandes e contêineres regulares”.

Mohaned Hage Ali, analista de políticas de Mario Oriente no Malcolm H. Kerr Carnegie Middle East Center, explicou à mídia britânica que tais armamentos sofisticados, como sistemas de lançamento de foguetes, fariam uma grande diferença no campo de guerra na Ucrânia.

“Ashd al-Shaabi controla grande parte da região fronteiriça com o Irã, o que facilitaria essa transação. Outros países, como a China, precisam ter muito cuidado ao entregar armas à Rússia agora, dada a nova situação de sanções. O Irã, como parte desse eixo, quer garantir que a Rússia não perca terreno neste conflito”, explicou o especialista.

Ele acrescentou que se o regime de Putin for desestabilizado isso teria enormes implicações para o Irã, particularmente na Síria, já que Damasco conta com o apoio aéreo russo e as coordenadas da Rússia para evitar um conflito direto entre eles e Israel.

As amplas sanções econômicas impostas a Moscou pelas nações ocidentais desde a invasão de 24 de fevereiro incluíram a proibição de bens de uso duplo (itens para fins civis e militares), como peças de reposição para veículos e certos tipos de dispositivos eletrônicos e ópticos, bem como itens com usos militares óbvios.

Os fabricantes russos teriam sido duramente atingidos pelas novas restrições, e a Ucrânia diz que a principal fábrica de veículos blindados do país, bem como uma fábrica de tratores, ficaram sem peças para fabricar e reparar tanques.

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As estimativas ocidentais revisadas são de que 29 dos grupos táticos de batalhão originais da Rússia agora “não são ineficazes em combate” de uma força invasora estimada em 125 batalhões, ou cerca de 75% do exército total da Rússia, na “operação militar especial” de seis semanas.

Perdas significativas renderam pouco ganho: Moscou, por enquanto, parece ter abandonado sua tentativa inicial de tomar a capital, Kiev, e, em vez disso, reduziu e reposicionou suas forças terrestres para um novo ataque à região de Donbass, no sudeste do país.

Espera-se que os ataques aéreos e de artilharia continuem nas cidades de Kharkiv e Mykolaiv, bem como no porto sitiado de Mariupol.

Na semana passada, os serviços de inteligência ucranianos acusaram a Geórgia de ajudar a Rússia a receber material militar sancionado, outro sinal potencial da escala dos novos esforços do Kremlin para usar redes internacionais de contrabando para ajudar sua campanha na Ucrânia.

Os serviços especiais georgianos foram instruídos pelos líderes políticos do país a não interferir nos canais de contrabando do “Leste Asiático” destinados a contornar as novas sanções ocidentais, disse a liderança da inteligência de Kiev em um comunicado.

Autoridades georgianas disseram que as alegações da Ucrânia eram infundadas. As relações entre as duas nações pós-soviéticas deterioraram-se dramaticamente desde que o conflito eclodiu devido à recusa do governo pró-russo em Tbilisi de impor sanções econômicas a Moscou.

Autoridades dos EUA também disseram que a Rússia pediu à China armas de nível militar e assistência para apoiar sua operação na Ucrânia.

A aliada russa Sérvia recebeu a entrega de um sistema antiaéreo chinês em uma operação secreta no fim de semana, informou a Associated Press, em meio a preocupações ocidentais sobre o acúmulo de armas nos Bálcãs ao mesmo tempo que a guerra na Ucrânia que poderia ameaçar a frágil paz na região.

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