O processamento de um passaporte no Perú se tornou uma verdadeira provação para milhões de peruanos que são afetados pela falta desse importante documento que lhes permite deixar o país. Essa crise superou o Escritório de Migração, onde as autoridades não conseguiram responder, muito menos explicar.
A falta de projeção ou má gestão faz com que milhares de peruanos paralisem viagens, empregos ou procedimentos urgentes que precisam fazer no exterior.
Hoje, o caos estourou no aeroporto Jorge Chavez. Dezenas de pessoas não conseguiram processar seus passaportes a tempo e perderam seus voos para a Europa, Estados Unidos e outros países latino-americanos.
Essa situação gerou uma onda de reclamações dentro do terminal aéreo onde exigiram explicações, mas o Escritório de Migração no local demorou várias horas para relatar a falha no sistema que não permitia a impressão dos documentos.
Os feridos correram para os balcões de suas companhias aéreas para saber sobre a mudança de data de seus voos até que o problema fosse resolvido em Lima, no entanto, muitos tiveram que pagar grandes somas de dinheiro para evitar perder suas passagens.
A crise migratória vem se arrastando desde o início de 2021, onde houve escassez deste documento devido ao grande número de inscrições recebidas após a reabertura de escritórios em todo o país após as restrições devido à pandemia de COVID-19. Naquele ano, 698.000 passaportes foram emitidos.
De acordo com o relatório 000616-2021-DIROP/MIGRACIONES, a emissão de passaportes aumentou em quase 90.000 passaportes até outubro e foi relatado que o saldo para 2022 deste documento era de apenas 126.670.
Portanto, a aquisição de passaportes foi recomendada para atender à demanda projetada até 2022. Desde agosto do ano passado, a direção da então Superintendente Nacional de Migração, Roxana del Águila, alertou para a urgência da aquisição de 700.000 passaportes.
Mas a nova administração fez ouvidos moucos a essa recomendação e foi somente em janeiro deste ano que o bom profissional foi entregue à empresa vencedora e cujo contrato só foi assinado em fevereiro.
Com esse atraso na aquisição, o Panorama de domingo alertou em um relatório que os 700.000 passaportes levariam meses para entrar em circulação, ou seja, haveria um atraso preocupante na impressão desses documentos e a alta demanda não poderia ser atendida.
O chefe zonal de migração em Lima, Guillermo Nieto, disse ao jornal Gestión que o primeiro lote de 300.000 passaportes chegaria apenas em abril e os outros 400.000 nos meses seguintes.
O Superintendente de Migração, José Armando Fernández Campos, diante do caos causado no aeroporto Jorge Chávez e no escritório principal da Avenida España em Breña, afirmou que “devido à sobrecarga que ocorreu nos dias de hoje durante o longo fim de semana que está chegando até nós, o sistema não está identificando os cadernos dos passaportes”.
“Os avanços tecnológicos causam esses problemas, os sistemas operacionais ficam desatualizados e, quando sobrecarregados, apresentam essas desvantagens. É um sistema que foi adquirido durante o governo de Ollanta Humala que tem obsolescência tecnológica que foi programado para um milhão 200 mil passaportes, já somos mais de 3 milhões de passaportes e, portanto, estamos pedindo ao MEF um projeto de investimento que nos permita mudar o sistema e nos permitem evitar esses inconvenientes”, explicou.
COLAPSO NA MIGR
Caroline Gibu, alertou em um artigo para o El Comercio que em 2017 foram emitidos 589 mil passaportes e, como esse documento expira a cada cinco anos, neste 2022 essas pessoas o renovarão, além daqueles que solicitarem um pela primeira vez e que aguardam uma consulta para serem atendidos.
As migrações, para evitar aglomerações em seus escritórios, optaram por mecanismos alternativos ao sistema de agendamento regular e abriram serviços diretos e sem agendamento no aeroporto Jorge Chávez, desde que devido a emergência, para processar um visto ou realizar um procedimento de residência para outro país, para obter uma bolsa de estudos ou um intercâmbio de estudantes.
A instituição não respondeu sobre uma possível escassez de passaportes em todo o país, mas esse novo caos na emissão de passaportes mostraria que a Superintendência poderia estar passando por uma simples “falha no sistema de impressão”.
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