O dia em que Diego Maradona forneceu um fato desconhecido sobre as camisas especiais que usaram contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986

Foi em um post em suas redes sociais que ele contou a história dos casacos com os quais fez história no México. Hoje, a questão é novamente relevante em meio à polêmica sobre o leilão milionário que será realizado por um ex-jogador inglês

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A polêmica está latente e o debate em torno da camisa milionária explodiu nos últimos dias. O ex-jogador de futebol inglês Steve Hodge decidiu vender a camisa que trocou com Diego Armando Maradona na Copa do Mundo de 1986 e a casa de leilões responsável pela transação espera atingir um valor de mais de US$ 5 milhões, o que seria um recorde real para tal relíquia. No entanto, a família Diez afirma que essa roupa não é a que o lendário jogador usou no segundo tempo e avisa que Hodge está mentindo.

Enquanto a disputa midiática desperta calor de um lado e do outro, com argumentos diferentes das partes envolvidas no evento, uma publicação de Diego Maradona em suas redes sociais durante 2016 traz à mesa um fato desconhecido que desencadeia múltiplas questões.

Nesse post, Pelusa revisou como as camisas foram feitas com urgência para enfrentar a Inglaterra nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986, mas colocou um fato desconhecido na mesa: eles tentaram diferentes maneiras de colocar o escudo e os números, descartando em primeira instância um modelo que não os convenceu. Por fim, as camisetas usadas estavam com o emblema “antigo” da AFA que não tinha os louros típicos e os números colocados eram os fornecidos pelas autoridades do Club America do México, brilhantes e semelhantes aos do futebol americano.

“Alguns testes foram feitos. A primeira versão tinha um escudo de borracha argentino. Sim, era de borracha, presa à camisa e com números brancos nas costas. Mas finalmente decidimos por um escudo cozido assim, com quatro pontos. E com números de futebol prateados na parte de trás. Foi uma loucura, mas era o que havia...”, assinou Diez naquela época, até compartilhando uma foto da frente daquela camisa com o “escudo de borracha” onde você pode ver a clara diferença entre a que finalmente usaram contra a Inglaterra.

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A polêmica atual está focada no fato de que a família de Maradona, na voz de sua filha Dalma e sua ex-esposa Claudia Villafañe, afirma que a camisa do segundo tempo não está nas mãos de Steve Hodge e não é a que será leiloada pela casa da Sotheby's, uma empresa associado a esse problema que foi fundado em meados de 1700.

Você não tem como verificar se é a segunda metade. Ele está mentindo! Eu vou explicar. Ele (para Hodge) não tem a camisa dos dois gols mas não pode dizer porque o outro é muito mais valioso do que o que ele não tem. Há um para o primeiro semestre e outro para o segundo. Ninguém pode provar que a mudança existiu. Quem sabe apenas um minuto, um segundo para meu pai, você sabe que essa camisa não deu a ninguém,” Disse Dalma Maradona em o programa Un día perfeito da Radio Metro, onde sua mãe também falou para apoiar seus ditos.

Hodge sempre garantiu que o que tinha em sua posse era o do segundo tempo, quando Maradona marcou os dois gols mais lembrados nos campeonatos mundiais chamados The Goal of the Century e The Hand of God. Ele até escreveu uma autobiografia chamada “The Man With Maradona's Shirt”. Enquanto, por enquanto, o antigo Aston Villa, Tottenham e Leeds estão em silêncio, a empresa responsável pela venda fez um comunicado para justificar que aquele que foi será leiloado entre 20 de abril e 4 de maio é aquele com o qual ele marcou os dois gols.

“Com certeza, Maradona vestiu uma camisa diferente no primeiro tempo, mas há diferenças claras entre isso e o que ele vestiu durante os gols. Antes de colocarmos esta camisa à venda, fizemos muita diligência e pesquisa científica sobre o item para ter certeza de que era a camisa que Maradona usou no segundo tempo para os dois gols. Está no Museu Nacional do Futebol há 20 anos, onde inúmeras pessoas o viram. Nunca houve uma alegação de que não é a camisa”, disse um porta-voz da empresa ao diário inglês DailyMail.

Além de confiar nas declarações de Maradona no livro Assim, ganhamos a Copa, eles garantiram que eles usaram um método chamado” Resolução Photomatching” que os ajudou a comparar o que estava em sua posse com os dois usados pelo capitão argentino entre a primeira e a segunda metade do jogo: lá encontraram coincidências no “patch frontal”, o “alinhamento das listras azuis com o escudo personalizado”, “os números especiais nas costas” e os” detalhes nas mangas” entre o acessório e o que será leiloado.

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Em meio a todo esse clima de debate, Dalma abriu uma nova teoria nas últimas horas depois que muitos fãs afirmaram que a família teve o primeiro tempo baseado em uma foto que se tornou viral de Claudia Villafañe nas arquibancadas de uma partida da seleção argentina de 2009, onde posou com uma camisa que parecia ser a um que ela estava usando no primeiro tempo. “O que você sabe quem está com a camisa? O que você sabe se a camisa de que falamos é a da foto da minha mãe? Estou com muita raiva porque nada é consultado, é afirmado diretamente! E então vemos”, ele assinou em suas redes.

Houve mais de duas camisas feitas por jogador naquele jogo de 1986? O museu particular da família tem mais de uma versão da camisa que Maradona usou em 1986?

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A verdade é que esta publicação de Maradona de 2016 vem confirmar pelo menos a hipótese de que havia mais de duas camisas por jogador, embora inicialmente tenha sido dito que havia apenas duas. Rubén Moschella, funcionário da AFA encarregado de comprar os casacos no último minuto em uma casa de roupas no México, falou na Radio La Red nas últimas horas e ele avisou que “seriam 40″ as camisetas que ele comprou. No total, havia 19 jogadores de campo, então, com dois para cada um, a soma aumentaria para 38 e - pelo menos - restariam dois. A Infobae tentou entrar em contato com Moschella para esclarecer esse problema, mas não recebeu resposta.

A história oficial sempre contou a história de que as mulheres do Club America bordaram os escudos no último minuto nas duas camisas que foram feitas para cada jogador de futebol argentino. No entanto, o que Diego publicou há seis anos sugere que havia pelo menos uma camisa de teste diferente. “Antes de chegar ao México, a seleção mudou o design das roupas muitas vezes. Usamos modelos diferentes nas eliminatórias, com gola redonda, decote em V, com as listras mais largas ou mais estreitas. Até usamos outros modelos para os amistosos pré-Copa do Mundo. Nos treinos, no America Club, também usamos camisetas diferentes todos os dias. Branco, azul, vermelho, azul claro. E até meias e shorts sempre foram diferentes”, disse naquele post.

É verdade que esse detalhe teria sido apenas uma pérola na história. Por várias décadas, o debate sobre onde estava a camisa para os dois gols para a Inglaterra não existiu. Hodge sempre afirmou que trocou a camisa com Diego no segundo tempo e não houve grande discussão sobre o assunto, embora décadas atrás em entrevista ao programa Versus Claudia ele mostrou o museu e tirou uma camisa que chamou de “do famoso gol” que ele marcou “para o Inglês”.

Hoje, as questões sobre esse assunto são simbólicas, históricas, mas também milionárias: a do segundo semestre, especulam na casa de leilões, pode valer entre 5 e 8 milhões de dólares. E o da primeira metade?

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