Os detalhes e imperfeições na camisa da Copa do Mundo de 1986 de Diego Maradona que poderiam esclarecer a polêmica por trás do leilão

A casa de leilões mostrou em detalhes uma pequena imperfeição no bordado do escudo que poderia servir para resolver o debate que surgiu nas últimas horas.

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A polêmica está sobre a mesa. O debate é simbólico, mas também milionário. O futebolista inglês Steve Hodge decidiu leiloar a camisa que trocou com Diego Armando Maradona nas quartas de final da Copa do Mundo de 1986. A Sotheby's, empresa encarregada de organizar a licitação, especulou que o valor final será chocante: eles esperam receber entre $5 milhões e quase $8 milhões.

Mas uma série de declarações da Argentina colocou a venda em xeque: Dalma Maradona, filha de Diez, e Claudia Villafañe, sua ex-mulher, eles propuseram uma hipótese que poderia reduzir drasticamente os preços. “Você não tem como verificar se é a segunda metade. Ele está mentindo! Eu vou explicar. Ele (para Hodge) não tem a camisa dos dois gols, mas não pode dizer porque o outro tem muito mais valor, que é o que ele não tem. Há um para o primeiro semestre e outro para o segundo. Ninguém pode provar que a mudança existiu”, declarou Dalma no programa Un día perfecto da Radio Metro. Minutos depois, Villafañe endossou a versão de sua filha: “Vai ser a palavra desse ex-jogador contra a nossa palavra. Nessa partida havia duas camisas, uma camisa muito rara aquela camisa porque não havia camisa azul. O que esse homem tem é o do primeiro semestre, mesmo que ele queira leiloar é um pecado. Eu não acho que esse jogador precisa do dinheiro a menos que ele queira leiloá-lo para fazer um bom trabalho.”

A discussão atravessou o planeta e a organização britânica voltou a insistir que a camisa de Hodge que vai a leilão em 20 de abril é o segundo semestre. Eles alertaram que contam com um método chamado “Resolução Photomatching”, que consiste em combinar detalhes da camisa com as fotos da partida: “Para combinar a camisa com os dois objetivos, examinando detalhes exclusivos que incluem o patch, listras e numeração”.

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No entanto, Claudia insistiu que a camisa não é a camisa do segundo tempo e alertou: “Diego nunca teria permitido isso”.

Diante da agitação gerada pelas palavras da família Maradona após o anúncio do leilão, um porta-voz da empresa encarregado da venda falou com vários meios de comunicação britânicos para defender a publicação. “Com certeza, Maradona vestiu uma camisa diferente no primeiro tempo, mas há diferenças claras entre isso e o que ele vestiu durante os gols. Antes de colocarmos esta camisa à venda, fizemos muita diligência e pesquisa científica sobre o item para ter certeza de que era a camisa que Maradona usou no segundo tempo para os dois gols. Está no Museu Nacional do Futebol há 20 anos, onde inúmeras pessoas o viram. Nunca houve uma alegação de que não é a camisa”, disse um representante quando o DailyMail respondeu.

O mesmo meio de comunicação britânico afirma que a Sotheby's contratou uma “empresa externa especializada” para fazer o mencionado “Resolution Photomatching” e que nesse processo eles encontraram “várias partidas conclusivas” com as quais Maradona marcou os dois gols no segundo tempo.

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A abordagem da casa de leilões está associada a uma série de imperfeições que Diego Armando Maradona usa no brasão da camisa contra a Inglaterra. Na publicação, a camisa é apresentada como a “usada na partida da Copa do Mundo” e eles mencionam “A Mão de Deus” e o “Objetivo do Século” como referência.

No total, são dez fotos de alta qualidade da camisa atual sendo colocada à venda, mas também acompanham o post e outras imagens comparando detalhes da jaqueta que eles têm em sua posse com cartões postais do dia do jogo. Tudo junto com um certificado para dar autenticidade.

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A comparação conclusiva de imagens com base nos fios desgastados e nas imperfeições de costura na parte frontal da camisa. As comparações analisadas nos levaram a concluir que essas características são exclusivas dessa camiseta específica. O alinhamento das listras azuis com o brasão personalizado na frente da camisa, os números especiais nas costas e os detalhes das mangas também confirmam que combinam com as imagens de Maradona no segundo tempo. Essas características foram determinadas como não únicas e idênticas o suficiente para serem usadas em testes, mas como suporte a recursos correspondentes. Deve-se notar que as listras na camisa em algumas imagens de Maradona parecem invertidas e distorcem a clareza original. Mas confirmamos que, após uma análise minuciosa, a camisa combina com as imagens do segundo tempo. Várias fotos foram usadas para chegar à determinação”, diz um dos fragmentos do certificado assinado por John Robinson, que é apresentado como fundador e proprietário da Resolution Photomatching.

Além do enorme valor histórico desta camisa, deve-se notar que é um modelo verdadeiramente único. A Argentina já tinha uma equipe substituta para disputar a Copa do Mundo no México, mas o técnico Carlos Bilardo não gostou e exigiu que um técnico da AFA fosse em busca de um novo formato horas antes do importante jogo contra a Inglaterra. “Bilardo queria camisetas “abertas”, que têm uma espécie de pequenos buracos, para que os jogadores sofram menos altura, calor. A marca que usava a Argentina havia feito o azul claro e o branco, mas não conseguiu fazer o azul. Era de manga curta, mas era inverno. Bilardo disse que 'esta camisa não funciona, tem que ser aberta'”, lembrou o funcionário da AFA responsável pela travessia, Rubén Moschella, anos atrás antes da rede ESPN.

“No segundo dia, ganho duas camisetas do Le Coq. Eu os levei para o comício orando. Bilardo não os aceitou de novo. No dia seguinte, estávamos jogando... Acontece que Diego Maradona passa e diz 'Olha o que Moschella trouxe. O que você acha? Isso vai funcionar para você? 'E Diego pegou um e disse 'este é bonito', ele reviveu naquele momento. “O escudo AFA é o antigo, não tem os louros. Os números tinham que ser brancos, mas tinham cinza escuro. Se você olhar, são números brilhantes, cinzentos, do futebol americano”, acrescentou. Todas essas declarações também foram apoiadas por material cinematográfico que o próprio Maradona havia compartilhado em suas redes sociais e onde Jorge Burruchaga foi ouvido contando como funcionários mexicanos bordaram o escudo e colocaram os números na tela.

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De acordo com o ex-campeão mundial Oscar Ruggeri anos atrás, há muito poucas cópias dessa camisa desde que foram feitas exclusivamente para aquele jogo: “Eram 12 da noite e as meninas que nos alimentavam estavam colando os números com o ferro. Colocando esses números cinza brilhante nele. Não há mais 40 camisas por aí e a maioria dos jogadores não tem.”

Uma das edições especiais caiu nas mãos do jogador de futebol inglês Steve Hodge no domingo, 22 de junho de 1986. O debate está focado em saber se essa jaqueta é do primeiro tempo ou do segundo, quando Diego marcou dois dos gols mais emblemáticos das Copas do Mundo.

Vestindo as cores do Aston Villa, Tottenham e Leeds, entre outros, ao longo de sua carreira profissional, Hodge desistiu da jaqueta por duas décadas para ser exibido no National Football Museum, em Manchester. Ele também publicou uma autobiografia chamada “The Man With Maradona's Shirt”. E hoje ele pretende receber uma quantia milionária por sua relíquia...

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