Ministério Público nega que prisões tenham sido feitas na operação questionada em Putumayo

O órgão de investigação publicou um comunicado afirmando que nenhuma prisão foi relatada pelas forças de segurança, o que negaria a versão do Exército, do presidente Iván Duque e do ministro Diego Molano

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Foto de archivo. Soldados del Ejército Nacional de Colombia hacen guardia durante una operación de erradicación de cultivos de coca en Tarazá, en el departamento de Antioquia, Colombia, 10 de septiemre, 2019. REUTERS/Luis Jaime Acosta
Foto de archivo. Soldados del Ejército Nacional de Colombia hacen guardia durante una operación de erradicación de cultivos de coca en Tarazá, en el departamento de Antioquia, Colombia, 10 de septiemre, 2019. REUTERS/Luis Jaime Acosta

Na quarta-feira, 6 de abril, o ministro da Defesa, Diego Molano, ratificou a legitimidade da operação militar questionada na zona rural do município de Puerto Leguizamo, Putumayo, na qual 11 supostos membros dos dissidentes da guerrilha desmobilizada das FARC foram mortos e outros quatro foram capturados pelo forças públicas.

Esta operação militar, realizada em 28 de março pelo Exército, Marinha e Força Aérea na aldeia de Alto Remanso, foi descrita por organizações sociais e habitantes do setor como um caso de “falsos positivos”, alegando que um grupo de civis que teriam sido mortos, incluindo um menor, um presidente de uma conselho de ação comunitária e um líder indígena, também foi negado pelo Ministério Público quanto aos presos.

O órgão de pesquisa emitiu um comunicado na terça-feira confirmando o “relatório da descoberta de 11 cadáveres; de três feridos que foram levados para a clínica em Puerto Asís; e de um menor entregue ao Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF)”, o que coincidiria, em parte, com o anúncio feito pelo Exército, pelo presidente Iván Duque e pelo ministro Molano.

No entanto, no documento, o Ministério Público especifica que o “componente militar encarregado da atividade conhecida não relatou nenhuma captura ou forneceu os registros que sustentam tal procedimento”, esclarecendo que o órgão de investigação não colocou pessoas à disposição de um juiz de controle de garantia, negando assim a versão oficial.

Essa declaração do Ministério Público refutaria as declarações proferidas pelo primeiro presidente e pelo chefe da pasta da Defesa horas após a operação militar, na qual haviam assegurado que quatro supostos membros de dissidentes das FARC haviam sido capturados pelas forças de segurança.

Essa versão oficial também havia sido questionada pelo pesquisador sênior da divisão das Américas da Human Rights Watch (HRW), Juan Pappier, que apontou que o ministro Molano devia uma “explicação aos colombianos e um pedido de desculpas às pessoas que ele injustamente rotulou de 'criminosos'”.

Finalmente, o Ministério Público confirmou que continuará a realizar o trabalho investigativo com o objetivo de esclarecer o que aconteceu no meio desta operação e determinar as responsabilidades envolvidas, em meio a esta grave notícia denunciando o assassinato de civis, como foi capaz de confirmar o Gabinete do Provedor de Justiça.

“O gabinete do Procurador-Geral da Nação, Francisco Barbosa, montou uma equipe de promotores e investigadores da Direção Especial contra Violações de Direitos Humanos, da Unidade Especial de Investigação e da Filial Putumayo. Esse grupo realizou várias atividades investigativas e judiciais, como inspeção técnica do cadáver, processamento da cena, entrevistas, entre outras”, concluiu o órgão investigador.

Entre as vítimas que a Ouvidoria conseguiu confirmar estão um adolescente de 16 anos, o presidente do conselho de ação comunitária Davier Hernández Rojas, sua esposa e o líder indígena Pablo Panduro Cochinque.

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