Estupros em grupo na fronteira com a Venezuela aumentaram, de acordo com o Observatório de Assuntos de Gênero do Norte de Santander

De todos os casos de violência de gênero na região, garantiu o observatório, 22% das vítimas relataram e 14% obtiveram ajuda médica

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Ciudadanos procedentes de Venezuela ingresan a Colombia por trochas, en Cúcuta (Colombia), en una fotografía de archivo. EFE/ Mario Caicedo
Ciudadanos procedentes de Venezuela ingresan a Colombia por trochas, en Cúcuta (Colombia), en una fotografía de archivo. EFE/ Mario Caicedo

A segurança na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia tem vindo a piorar nos últimos anos, como resultado das más relações políticas entre os dois países, da exacerbação dos grupos armados e da pandemia. Os últimos dois anos testemunharam massacres, confrontos, assassinatos e múltiplas violações dos direitos humanos. De acordo com uma denúncia do Observatório de Assuntos de Gênero do Norte de Santander, essa violência está afetando significativamente mulheres, crianças e a comunidade LGBT, por meio da violência de gênero, como: estupro coletivo, feminicídio, tortura e tráfico de pessoas para fins de exploração sexual.

“O controle armado exercido sobre as trilhas por grupos armados ilegais tem um efeito direto na vida e integridade das mulheres e da comunidade LGBT, especialmente porque estamos falando de estupro coletivo e percebemos um padrão que existe muito medo de denunciar, porque não há condições de segurança para eles para as vítimas podem falar”, disse um delegado do Observatório à Rádio Caracol.

Ele acrescentou que de todos os casos arquivados, apenas 22% relataram e 14% obtiveram ajuda médica, isso porque existem muitos centros de saúde que não atendem às vítimas por diferentes motivos, como a falta de plano de saúde. Como resultado da negligência, as mulheres morreram por causa das consequências desse tipo de violência em seus corpos.

Nos dias de hoje, a Human Rights Watch -HRW- também denunciou que membros das forças de segurança venezuelanas haviam desenvolvido operações conjuntas com a guerrilha colombiana Exército de Libertação Nacional na disputa pelo controle de fronteiras.

Membros das forças de segurança venezuelanas, que foram implicados em violações de direitos humanos que levaram a investigações internacionais sobre supostos crimes contra a humanidade, realizaram operações conjuntas com membros do Eln e foram cúmplices de seus abusos”, diz o documento da ONG, que também exigiu que as medidas necessárias fossem tomadas, pois as comunidades eram as que estavam sendo afetadas pela violência que havia sido exacerbada nos últimos anos.

Isso, como o ministro Diego Molano mencionou ao El Tiempo, confirma a hipótese que o governo colombiano tem há algum tempo: “O relatório da Human Rights Watch confirma o que o Governo Nacional afirmou: na Venezuela, no estado de Apure, há um conluio entre as forças militares bolivarianas e o Eln, associado à Segunda Marquetália, para enfrentar os dissidentes das FARC sobre os sistemas de rotas criminosas”, observou o funcionário do governo de Iván Duque.

No entanto, apesar do fato de que as reivindicações da HRW e do governo colombiano sobre alianças na fronteira coincidem, o relatório da ONG também criticou as medidas tomadas pela Colômbia nos últimos anos, porque apesar do declínio dos grupos armados, as medidas para cuidar das populações vítimas foram ineficiente.

As autoridades colombianas devem avaliar urgentemente as necessidades humanitárias daqueles que fugiram de Apure e criar e implementar um plano de resposta humanitária para ajudá-los. Em Vichada, eles devem considerar declarar um 'estado de calamidade pública', que, de acordo com a legislação colombiana, permitiria ao governo alocar maiores recursos para prestar assistência”, diz a HRW.

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