Um dos episódios mais trágicos da história do México foi o da segunda intervenção francesa, que levou ao Segundo Império do México, liderado por Maximiliano de Habsburgo, que chegou ao país junto com sua esposa Charlotte da Bélgica em 1864. No entanto, esse período não durou muito, pois o governo de Maximiliano durou apenas alguns anos, até 1867, quando as tropas francesas foram retiradas do país e Maximiliano foi sitiado em Querétaro e executado em 19 de junho daquele ano.
No momento de sua execução, o imperador exclamou algumas palavras que demonstravam seu amor pelo país e que suas intenções eram apenas as melhores. O imperador, antes de ser executado, disse: “Eu vou morrer por uma causa justa, independência e liberdade para o México. Que meu sangue sele os infortúnios da minha nova pátria Viva o México!”
Naquele dia, Maximiliano não foi executado sozinho, pois dois de seus generais conservadores o acompanharam: Miguel Miramón e Tomás Mejia. Miramón era um membro das fileiras conservadoras, entre as quais, ele era um dos personagens mais ilustres, sob o comando do general Osollo. Quando este último morreu, em 1854, foi-lhe confiado o comando das tropas do Norte. Ele também se tornou presidente do México, considerado, até o momento, o presidente mais jovem que o México já teve em sua história, contando 27 anos na época de assumir o cargo.
O outro dos generais conservadores que foi executado ao lado do imperador, foi Tomás Mejia. Quando foram baleados, em 19 de junho, por volta das sete horas da manhã, uma mulher com um filho recém-nascido nos braços tentou, por todos os meios possíveis, se aproximar de um dos prisioneiros. Poucos sabiam que era Agustina Rodriguez, esposa do general indiano Tomás Mejia, que tentava ver o marido pela última vez, antes de sua morte.
As baionetas da guarda e o movimento das carruagens impediram, fazendo com que Agustina rolasse no chão, com tudo e o mais novo que tinha nos braços.
Apesar da cena dramática e dolorosa, Mejia permaneceu impassível, ele estava pronto para morrer com a testa erguida, para a defesa de seus ideais. Diante das armas, o General das Mil Batalhas, veterano da Guerra contra os Estados Unidos, mestre da Serra Gorda, senhor das Cavalarias do Exército Imperial e católico fervoroso, comportou-se com dignidade. No momento de sua morte, ele mostrou força e domínio sobre si mesmo.
Antes de receber as balas da república, que podiam ser colocadas diante das do Império que ele defendia, Mejia foi o único que não falou nenhuma palavra. Sua vida sempre foi muito austera. Talvez ele nem tenha ouvido as palavras que Maximiliano exclamou a ele antes de serem executadas: “Geral, o que não é recompensado na terra é recompensado por Deus em Glória”. Tudo o que ele fez foi ficar firme na frente dos rifles e recebeu o choque, não antes de remover com a mão o crucifixo que carregava no peito. Diz-se que tudo o que ele conseguiu dizer foi: “Santíssima Virgem”.
Após o tiroteio, o Dr. Manuel Calvillo se aproximou do corpo de Mejía para atestar sua morte, no entanto, o conservador ainda estava vivo, seu coração batia rápido. O oficial encarregado da execução ordenou que um dos soldados lhe desse o tiro de graça, liberando um tiro final que perfurou seu coração.
Sua esposa Agustina pediu permissão para levar o corpo para a capital, porém, sendo muito pobre e sem recursos para isso, decidiu aproveitar o embalsamamento do corpo do marido e o sentou na sala de sua casa. É onde o corpo ficou por três meses. A cena foi até fotografada, e ainda há a imagem surreal em que Mejia é visto, já morto, com as mãos cobertas de luvas brancas, sentado em uma cadeira dentro de sua casa.
Movido pela situação, quem ordenou que ele fosse executado, o presidente Benito Juárez, interveio e forneceu à viúva os recursos necessários para o enterro. Os restos mortais de Mejía foram enterrados no Panteão de San Fernando, o mais clássico dos cemitérios do século XIX, onde descansam até hoje. Deve-se notar que, no mesmo local, os restos mortais de Juárez também descansam.
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