(Bloomberg) As ações dos bancos caíram pelo sexto dia, uma vez que a crescente preocupação com uma recessão nos Estados Unidos abriu uma lacuna ainda maior entre o desempenho e o aumento dos rendimentos do Tesouro visto nas últimas semanas.
O índice bancário KBW caiu 1,3% na quarta-feira em sua maior sequência de baixa desde 27 de janeiro, mesmo com o rendimento de 10 anos subindo acima de 2,6% pela primeira vez em três anos. As ações dos principais bancos, incluindo Citigroup Inc., JPMorgan Chase & Co. e Morgan Stanley, caíram pelo menos 1,5%, enquanto nomes regionais como Western Alliance Bancorp, PacWest Bancorp e United Community Banks, Inc. caíram 2% ou mais.
“A principal razão para vender ações bancárias hoje seria a antecipação de que o Federal Reserve será demasiado agressivo com a sua política monetária nos seus esforços para reduzir a inflação, fazendo com que a economia norte-americana entre em recessão em 2022”, escreveu o analista da RBC Capital Markets, Gerard Cassidy, numa nota.
A diferença entre ações bancárias e rendimentos cresceu nas últimas semanas em meio a preocupações de que um forte aperto da política monetária do Federal Reserve irá corroer o crescimento econômico, reduzindo a demanda por empréstimos e forçando os bancos a aumentar suas alocações de empréstimos incobráveis. O índice bancário KBW caiu quase 19% desde que atingiu o máximo histórico no início de janeiro, enquanto o rendimento do Tesouro de 10 anos aumentou.
É uma dinâmica que mudou drasticamente desde o início deste ano, quando os bancos e os rendimentos estavam subindo de forma confiável, e os comerciantes consideravam as ações financeiras a operação de valor distinto.
Naquela época, a aposta era que rendimentos mais altos se traduziriam em lucros bancários mais altos e margens de juros líquidas mais amplas. Em 2021, o índice bancário KBW aumentou 35%, dando aos investidores seus melhores retornos desde 2013 e quase atingiu seu maior aumento desde 1997.
Agora, a lógica parece estar mudando e os analistas estão levando em consideração o impacto negativo do crescimento econômico mais lento. Analistas da Goldman Sachs Inc. liderados por Richard Ramsden disseram na semana passada que a rentabilidade poderia sofrer em um cenário de estagflação, mas o impacto seria mais suave do que durante uma recessão normal.
Os investidores ficarão de olho na ata da reunião do Federal Reserve, que será divulgada na quarta-feira à tarde. A declaração ajudará a dar ao mercado uma pista sobre o ritmo dos próximos aumentos das taxas de juros, bem como a rapidez com que o banco central planeja reduzir seu balanço. Atualmente, os traders estão apostando que o Fed aumentará as taxas em mais 225 pontos base até o final do ano, no que seria o ciclo de ajuste mais intenso desde 1994.
Nota original:
Bancos deslizam à medida que os temores da recessão aumentam a lacuna entre ações e rendimentos
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