O Congresso salvadorenho aprovou punir meios de comunicação que divulgam mensagens de gangues com até 15 anos de prisão

Foi a pedido do presidente Nayib Bukele: “Quando os alemães queriam erradicar o nazismo, proibiram por lei todos os símbolos nazistas, bem como mensagens, desculpas e qualquer coisa que visasse promovê-lo”, disse.

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Una imagen muestra a diputados de El Salvador durante una sesión extraordinaria del Congreso donde la Asamblea emitió el régimen excepcional, luego de la ola delictiva que dejó un alto número de personas asesinadas en los últimos dos días en el país, en San Salvador, El Salvador. 27 de marzo de 2022. REUTERS/Jessica Orellana
Una imagen muestra a diputados de El Salvador durante una sesión extraordinaria del Congreso donde la Asamblea emitió el régimen excepcional, luego de la ola delictiva que dejó un alto número de personas asesinadas en los últimos dos días en el país, en San Salvador, El Salvador. 27 de marzo de 2022. REUTERS/Jessica Orellana

O Congresso de El Salvador aprovou nesta terça-feira, a pedido do presidente Nayib Bukele, uma reforma penal para punir a divulgação de mensagens de gangues na mídia com até 15 anos de prisão.

A reforma se aplica àqueles que “reproduzem e transmitem mensagens ou comunicações originadas ou supostamente originadas de tais grupos criminosos que poderiam causar ansiedade e pânico à população em geral”, dizia o texto, que estabelece penas de 10 a 15 anos de prisão.

Também é dirigido contra aqueles que “marcam” seus territórios com siglas, uma prática que os membros de gangues usam para intimidar e ameaçar de morte aqueles que os denunciam às autoridades.

Quando os alemães queriam erradicar o nazismo, proibiram por lei todos os símbolos nazistas, bem como mensagens, desculpas e qualquer coisa que visasse promover o nazismo (...) Agora faremos isso com gangues”, justificou Bukele em sua conta no Twitter.

A reforma penal, aprovada com 63 votos de deputados aliados ao 84º governante do Congresso unicameral, ocorre depois que El Salvador registrou 87 homicídios de 25 a 27 de março.

O governo atribui o que aconteceu às gangues Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18, que, entre outras, têm cerca de 70.000 membros em El Salvador.

Desde então, um estado de emergência está em vigor no país centro-americano para enfrentar uma onda de violência gerada por gangues. Em dez dias, cerca de 6.000 membros de gangues foram presos, de acordo com o último balanço oficial.

A deputada do partido no poder Nuevas Ideias, Marcela Pineda, disse que a aprovação da reforma busca “não restringir a liberdade de expressão”, mas forçar “a ser responsável nas mensagens que são divulgadas à população”.

El presidente de El Salvador, Nayib Bukele (REUTERS/Secretaría de Prensa de la PresidenciaI)

Reforma “mordaça”

A Associação de Jornalistas de El Salvador (APES) emitiu uma declaração expressando sua “preocupação” com uma “tentativa clara de censura”.

A reforma da “mordaça”, conforme descrito pela APES, “ameaça prender a mídia e os jornalistas que relatam uma realidade que a atual administração de Bukele “procura esconder”.

Esta é uma “nova ferramenta para criminalizar o trabalho jornalístico”, acrescentou o texto.

Logo após a aprovação do Congresso, o Relator Especial para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Pedro Vaca, escreveu no Twitter que “os limites à liberdade de expressão não podem depender da ansiedade política de uma situação”.

“Em uma crise, os padrões de direitos humanos são muito maiores”, disse, sem mencionar explicitamente a medida recém-divulgada.

A reforma se junta a uma série de mudanças no código penal salvadorenho aprovado pelo Congresso, sob o controle do governo, para lidar com quadrilhas criminosas, consideradas “terroristas”.

Em 30 de março, o Congresso aprovou uma reforma para aumentar a pena máxima para a adesão a gangues de 9 para 45 anos de prisão, e estabeleceu que menores que atingiram a idade de 16 anos e cometem um crime enquanto parte de uma gangue receberão uma pena de prisão de até 20 anos, entre outras reformas penais.

O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos expressou preocupação com a forma como o governo salvadorenho lidou com a onda de violência nacional, apontando para um suposto “tratamento cruel” contra membros de gangues presos.

Estamos profundamente preocupados com a série de medidas recentemente introduzidas em El Salvador em resposta ao aumento dos assassinatos de gangues”, disse a porta-voz da Alta Comissária, Liz Throssell, em um comunicado à imprensa em Genebra.

El Salvador fechou 2021 com uma taxa de homicídios de 18 mortes por 100.000 habitantes, de acordo com dados oficiais.

(Com informações da AFP)

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