A guerra entre a Rússia e a Ucrânia na Europa Oriental, a mais de 11.000 quilômetros de distância do México, se espalhou para as entranhas do crime organizado, especificamente nas finanças do Cartel de Nova Geração de Jalisco (CJNG) e do Cartel de Sinaloa.
Na terça-feira, 5 de abril, a justiça alemã anunciou que a “maior” plataforma de venda da dark web, chamada “Hydra Market”, que opera em russo desde 2015, foi desmantelada e bitcoins no valor de mais de 25 milhões de dólares foram apreendidos.
Os investigadores suspeitam que essa plataforma, com cerca de 17 milhões de clientes, tenha sido usada para atividades criminosas e de lavagem de dinheiro, por meio de mais de 19.000 contas ativas.
Fontes do Federal Bureau of Investigation (FBI) revelaram ao jornalista Óscar Balderas que entre os usuários mais ativos estavam doze contas ligadas a cartéis liderados por Ismael el Mayo Zambada e Nemesio Oseguera Cervantes, el Mencho.
Por meio dessa plataforma, os dois cartéis mais importantes do México se dedicam há vários anos à técnica identificada pela ONU como smufring, através da qual os criminosos fazem várias compras de criptomoedas com menos de US $7.500, com as quais garantem o anonimato daqueles que fazer com que não excedam o limite permitido pelas autoridades mexicanas para cada operação.
“O uso de bitcoin para lavar dinheiro está aumentando, particularmente entre gangues de drogas como o Cartel de Nova Geração de Jalisco e o Cartel de Sinaloa, de acordo com autoridades do México e dos Estados Unidos. Acredita-se que os cartéis mexicanos lavem cerca de US $25 bilhões por ano somente no México”, anunciou a ONU em seu relatório de controle de drogas para 2021.
“Para ficar abaixo do limite de transações bancárias que geram bandeiras vermelhas, que é de US $7500, os criminosos geralmente dividem seu dinheiro ilícito em pequenas quantias e os depositam em várias contas bancárias, uma técnica conhecida como 'smurfing'”, dizia o relatório.
O “Hydra Market” foi um dos maiores sites para esse tipo de operação. O dispositivo em russo acessível através da rede Tor era usado principalmente para comércio de drogas, dados roubados e documentos falsos.
O governo mexicano também identificou como lavar dinheiro com criptomoedas por cartéis mexicanos, portanto, em 2018, foi implementada uma lei que exigia que todas as plataformas de compra de moeda digital relatassem transferências superiores a 56.000 pesos, o equivalente a USD 2.830.
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