O Memorial Human Rights Center, uma das organizações de direitos humanos mais proeminentes, anunciou seu fechamento terça-feira em um comunicado publicado na Internet.
A Suprema Corte da Rússia ordenou o fechamento do Memorial em dezembro passado como parte de uma campanha de ataques legais e administrativos contra a sociedade civil e organizações de direitos humanos no país.
“Hoje, 5 de abril de 2022, o Memorial Human Rights Center será liquidado”, diz o comunicado oficial, que alerta que “um retorno ao passado totalitário é possível, está acontecendo agora, na frente de todos”.
Memorial, uma das organizações de direitos humanos mais antigas do país, monitora as repressões políticas na Rússia moderna e documentou crimes na União Soviética.
O Gabinete do Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, entre outros grupos de monitoramento de direitos humanos, condenou a decisão do tribunal de fechar o centro.
O Ministério Público insistiu durante o julgamento que o Memorial Human Rights Center violou repetidamente os requisitos da lei russa sobre “agentes estrangeiros” em seus sites e nas redes sociais, às quais a ONG respondeu que pagou em tempo hábil todas as multas impostas por essa causa. Ele também a acusou de criar “uma imagem falsa da União Soviética como um estado terrorista”.
Os russos agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, Mikhail Gorbachev (1990) e Dmitry Muratov (2021), escreveram ao Ministério Público em novembro para retirar o processo contra o Memorial.
Gorbachev e Muratov enfatizaram que as atividades do Memorial desde sua fundação em 1991 têm como objetivo restaurar a justiça histórica e preservar a memória de centenas de milhares de pessoas retaliadas durante a União Soviética.
Memorial acusa o Kremlin e os órgãos de segurança do Estado de tentarem impedi-lo de investigar mais os crimes cometidos durante a URSS e desde 1991, especialmente desde que o atual presidente, Vladimir Putin, chegou ao poder em 2000.
A ONG, que recebeu o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2009 e foi candidata ao Prémio Nobel da Paz em várias ocasiões, conta entre os seus fundadores o cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, Prémio Nobel da Paz em 1975, pai da bomba de hidrogénio e precursor da defesa dos direitos humanos neste país.
(Com informações da EFE e da AFP)
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