Uma histórica ONG russa de direitos humanos perseguida por Putin encerrou: “Um retorno ao passado totalitário é possível”

O Kremlin ordenou o fechamento do Memorial Center em dezembro passado como parte de uma campanha de ataques legais e administrativos contra a sociedade civil. A entidade anunciou a conclusão de suas atividades nesta terça-feira por meio de um comunicado

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Lawyer Ilya Novikov speaks to the media outside the Moscow City Court building after a hearing to consider the closure of the Memorial human rights center in Moscow, Russia, December 29, 2021. REUTERS/Evgenia Novozhenina
Lawyer Ilya Novikov speaks to the media outside the Moscow City Court building after a hearing to consider the closure of the Memorial human rights center in Moscow, Russia, December 29, 2021. REUTERS/Evgenia Novozhenina

O Memorial Human Rights Center, uma das organizações de direitos humanos mais proeminentes, anunciou seu fechamento terça-feira em um comunicado publicado na Internet.

A Suprema Corte da Rússia ordenou o fechamento do Memorial em dezembro passado como parte de uma campanha de ataques legais e administrativos contra a sociedade civil e organizações de direitos humanos no país.

“Hoje, 5 de abril de 2022, o Memorial Human Rights Center será liquidado”, diz o comunicado oficial, que alerta que “um retorno ao passado totalitário é possível, está acontecendo agora, na frente de todos”.

Memorial, uma das organizações de direitos humanos mais antigas do país, monitora as repressões políticas na Rússia moderna e documentou crimes na União Soviética.

O Gabinete do Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, entre outros grupos de monitoramento de direitos humanos, condenou a decisão do tribunal de fechar o centro.

FOTO DE ARCHIVO: Simpatizantes del grupo de derechos humanos Memorial se reúnen fuera del edificio del Tribunal de la Ciudad de Moscú durante una audiencia para considerar el cierre del centro de derechos humanos Memorial en Moscú, Rusia, 29 de diciembre de 2021. REUTERS/Evgenia Novozhenina

O Ministério Público insistiu durante o julgamento que o Memorial Human Rights Center violou repetidamente os requisitos da lei russa sobre “agentes estrangeiros” em seus sites e nas redes sociais, às quais a ONG respondeu que pagou em tempo hábil todas as multas impostas por essa causa. Ele também a acusou de criar “uma imagem falsa da União Soviética como um estado terrorista”.

Os russos agraciados com o Prêmio Nobel da Paz, Mikhail Gorbachev (1990) e Dmitry Muratov (2021), escreveram ao Ministério Público em novembro para retirar o processo contra o Memorial.

Gorbachev e Muratov enfatizaram que as atividades do Memorial desde sua fundação em 1991 têm como objetivo restaurar a justiça histórica e preservar a memória de centenas de milhares de pessoas retaliadas durante a União Soviética.

Memorial acusa o Kremlin e os órgãos de segurança do Estado de tentarem impedi-lo de investigar mais os crimes cometidos durante a URSS e desde 1991, especialmente desde que o atual presidente, Vladimir Putin, chegou ao poder em 2000.

A ONG, que recebeu o Prémio Sakharov do Parlamento Europeu em 2009 e foi candidata ao Prémio Nobel da Paz em várias ocasiões, conta entre os seus fundadores o cientista e dissidente soviético Andrei Sakharov, Prémio Nobel da Paz em 1975, pai da bomba de hidrogénio e precursor da defesa dos direitos humanos neste país.

(Com informações da EFE e da AFP)

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