Pancho Villa, uma das figuras mais importantes da Revolução Mexicana, era conhecida por ser um mulherengo. Em 1914, durante sua estada na Cidade do México, ele foi ao teatro e conheceu uma famosa atriz de teatro que imediatamente o cativou e que, como era seu costume, desceu até o público e cortou todos os botões de sua jaqueta.
Foi María Conesa, uma artista carismática, que cantou Las Musas Latinas no show que Villa participou. Houve um boato de que eles estavam envolvidos romanticamente. No entanto, diz-se que quando a artista soube que o líder tinha interesse nela, ela respondeu dizendo: “Olha General, uma pulga como eu, não dorme em sua mochila”.
Diante da intenção do Centauro do Norte de sequestrá-la, Conesa teve que se esconder e parar de aparecer enquanto os senhores da guerra e seus exércitos deixavam a cidade. Esse foi apenas um dos episódios de sua vida que lhe deu o que falar, sua carreira artística também foi polêmica, já que no México suas performances a tornaram famosa por causa das grandes travessuras que ela mostrava nelas e que era incomum na época.
Nascida em 1890, Maria entrou no mundo da atuação na Espanha, de onde era originalmente. Lá, quando criança, ela se juntou a Teresita, sua irmã mais velha, em uma empresa infantil com a qual se apresentou na Exposição Universal de Paris e fez turnês em território espanhol e italiano. Em 1906 sua irmã foi assassinada, após o que ele adoeceu e mais tarde se viu na necessidade de voltar ao palco, tocando a zarzuela La gatita blanca, sem saber que se tornaria sua maior conquista.
Ela chegou ao México em 1907, precedida por um sucesso esmagador em Cuba e logo se tornou a atriz mais bem paga em solo mexicano, devido à grande popularidade de sua atuação como a gata branca. A peça em que ele desempenhou esse papel foi marcada como imodesta por funcionários e membros da alta sociedade.
Muitos escreveram sobre ela, incluindo o poeta mexicano Luis G. Urbina, que escreveu: “Sua figura não é gramada, o semblante não é bonito, a voz é desgrenhada e desagradável, mas de todo o rosto, essa mulher goteja malícia de todo o corpo...” No entanto, continuou a encher os cinemas apesar dos comentários negativos.
Relatos de vários historiadores, como Carmen Saucedo Zarco, apontam que seu casamento com o aristocrata Manuel San y Calderón também causou alvoroço. O casal se encontrou para comer cupcakes nos cafés do que hoje é a Madero Street, diante dos olhares indiscretos das pessoas, e no final de 1908 partiram para uma viagem a Nova York depois que seus pais descobriram a gravidez de Maria.
A fama alcançada foi tal que a levou a atuar diante de grandes personalidades da época, incluindo o presidente Porfirio Díaz, que a viu apenas dois meses antes do início do movimento revolucionário.
Já durante a Revolução Mexicana, a atriz continuou a se apresentar nos cinemas apesar da enorme turbulência política e conheceu não apenas Pancho Villa, mas outros revolucionários como Emiliano Zapata, que decidiu também se deliciar com ela. Naqueles anos, ela estava ligada a outros personagens conhecidos, como o general Juan Mérigo, que cometeu atos criminosos com a “gangue de carros cinza”.
Mérigo escreveu o livro “La banda del automobile gris y yo”, no qual afirmou ter tido vários encontros com a atriz em lugares como o Lyric Theatre e o Restaurante Principal. No entanto, ela negou qualquer ligação com os homens aos quais estava ligada.
María Conesa teve várias aparições no teatro e no cinema, onde interpretou outros personagens além daquele que a tornou famosa. Ela continuou a se apresentar até alguns dias antes de sua morte, sua última participação no teatro foi interpretando tia Antonia em La verbena de la paloma em agosto de 1978.
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