Estas são algumas das obras mais interessantes que podem ser vistas no Festival Ibero-Americano de Teatro em Bogotá

O evento de artes cênicas, que retornou após as restrições da pandemia, começou no último dia primeiro e vai até 17 de abril

Bogotà, 19 de marzo de 2018.- Desfile del Festival Iberoamericano de teatro de Bogota. Fotos: Augusto Starita / Ministerio de Cultura de la Nacion

A 17ª edição do Festival Ibero-Americano de Teatro de Bogotá já começou depois de muito tempo sem poder ocorrer devido à pandemia. O lema para esta ocasião é “O festival brilha novamente” e desde o início do mês, os organizadores do evento decidiram encantar os participantes com uma grande variedade de ofertas. No primeiro dia, as pessoas puderam apreciar obras como “La fuerte”, de Víctor Hernández, peça em que Marcela Mar é a protagonista. Uma adaptação gratuita da peça do dramaturgo sueco August Strindberg. Este trabalho explora o poder do que é dito e do que é silencioso após o encontro entre duas mulheres em uma noite de Natal. O encontro ocorre entre o monólogo de um deles e o silêncio do outro enquanto eles se enfrentam em um pulso cheio de inveja, competição e rivalidade. Quem é o mais forte? “Victus”, dirigido por Alejandra Borrero, é um laboratório artístico de reconciliação, um projeto único do gênero no mundo: vítimas do conflito, ex-combatentes dos grupos de autodefesa da AUC, ex-combatentes da guerrilha das FARC, ELN e militares aposentados se reúnem para realizar uma processo pedagógico artístico que contribui para a construção da memória coletiva da guerra e que promove o reconhecimento e a dignidade de seus participantes. O trabalho, nas palavras de seu coletivo, representa a possibilidade de realizar a reconciliação entre seres humanos que já foram vítimas e inimigos no contexto do conflito colombiano. Outras obras que puderam ser vistas naquele primeiro dia foram “Rojo”, de Johan Velandia, e “El Palmeral”, de Jorge Hugo Marín e La maldita vaidade.

Nos próximos dias, a Infobae recomenda que você escolha as obras de acordo com seu gosto e o horário que melhor lhe convier, mas se você não tiver nada definido, aqui estão algumas sugestões:

Paisagens, de Saeed Pezeshki

(5, 6 e 7 de abril)

Um díptico sobre a memória criado pelo artista mexicano Saeed Pezeshki e seu grupo Circuito Lichen. Composta por TUR (paisagem #1) e MISSING (paisagem #3), essa composição de paisagens cênicas é uma experiência coletiva e sensorial, que brinca com as tensões da memória e explora ao vivo o inconsciente coletivo dos atores. TUR é um olhar para o simples, um espaço para soltar os laços e deixar de lado o que dói. MISSING fala sobre as formas físicas e metafísicas de desaparecimento. Projeções de vídeo e música ao vivo acompanham essa imersão. O díptico estreou no Teatro Estudio do Teatro Mayor Julio Mario Santo Domingo em 2020.

O coronel não tem ninguém para escrever para ele, de Jorge Alí Triana

(Esperando por possíveis novas datas)

O grande roteirista, diretor e ator Jorge Alí Triana apresenta sua versão de El Coronel não tem ninguém para escrever para ele. Adaptada junto com sua filha, Verónica Triana, a peça traz para o palco um dos romances favoritos de Gabriel García Márquez com uma lista incomparável de atores, incluindo Germán Jaramillo, Laura García, Santiago Moure e John Alex Toro. Esta coprodução do Teatro Colón e da Fábrica de Teatro Popular traz à vida a história de um coronel obcecado com a chegada de sua pensão, que passa por um processo burocrático insolúvel há 15 anos. Reduzido à miséria, seu único contato com o mundo exterior é sua visita todas as sextas-feiras aos correios, na esperança de encontrar uma carta com as notícias esperadas. Uma história sobre dignidade, esperança e resistência que transcende qualquer temporalidade.

Origem de um conto, de Aurelien Zouki e Éric Deniaud

(9, 10, 11 e 12 de abril)

Nesta fábula transformada em matéria, o Coletivo Kahraba literalmente dá vida a uma obra de barro. É um trabalho poético, emocionante, simples e bonito que investiga a passagem do tempo em um gênero mágico onde animais e coisas levam sua palavra para falar sobre o mundo e nos ensinar a viver. Se as fábulas dão voz a animais e objetos, as mãos dos titereiros dão vida às fábulas, numa encenação em que modelam argila viva enquanto combinam narração, dança e manipulação de objetos e som. A busca pela origem das fábulas passa por La Fontaine e Marie de France, que por sua vez se inspiraram em Esopo, que certamente conhecia as histórias persas — que lembramos hoje na voz de Sherezade e suas mil e uma noites — histórias que por sua vez vêm da Índia... E assim, a genealogia se espalha. Talvez a primeira fábula pudesse ter sido modelada a partir de argila? Esta peça nos lembra que, não muito tempo atrás, as fronteiras não eram definidas como são hoje. A única coisa, talvez, que ainda possa cruzar facilmente o espaço são nossos pensamentos e nossas histórias.

Contos do avô, de Ciro Gómez

(10 de abril)

Este trabalho liga três histórias que representam as raízes culturais de Bogotá: “O Mito da Origem do Milho” do povo indígena Muiscas, com figuras cujo design foi inspirado nas peças de ourives do Museu do Ouro; a fábula “A Leiteira” de Felix María de Samaniego, que representa os espanhóis ancestral; e para o encerramento, uma versão moderna de “The Walking Tadpole” de Rafael Pombo, onde Rin Rín, o girino, é um pouco travesso, com as expressões e o estilo das crianças de hoje.

Breves encontros com homens repulsivos, Daniele Veronese

(13, 14, 15 e 16 de abril)

Nesta adaptação teatral que o renomado diretor argentino Daniel Veronese fez com base no romance de David Foster Wallace, há dois personagens: A e B. Os dois atores que os interpretam, Francisco Reyes e Marcelo Alonso, trocam papéis em oito breves encontros que exploram a condição masculina contemporânea que aparece antes do encontro com uma mulher - no amor, no sexo e até na perda. Conversas íntimas, sem testemunhas, muitas vezes desconfortáveis, que se tornam uma lupa sobre a falta de comunicação entre os gêneros e que às vezes transbordam papéis socialmente aceitos de superproteção, intimidação e degradação. Assim, eles se aprofundam magistralmente no que é a masculinidade com o espelho das mulheres, um olhar introspectivo que revela armas perigosas e impróprias que em algum momento começaram a ser socialmente permitidas. A propósito, seu diretor comentou: “Pelo menos aparecem palavras que são mais prováveis de serem pensadas do que ditas. São coisas que se pensa, mesmo pela forma como os textos são colocados juntos. Essas são coisas que não são oferecidas para facilitar o entendimento, mas apenas pensar de uma maneira e falar de outra. Esses discursos estão próximos do pensamento como se não houvesse filtro de consciência. Isso me dá calor, porque eles são seres desprotegidos, que às vezes se assemelham ao animal, não ao humano. No entanto, a fala é um discurso humano.”

História de uma ovelha, de Fabio Rubiano

(13, 14, 15, 16 e 17 de abril)

Escrito e dirigido por Fabio Rubiano, é a criação mais recente do Teatro Petra em co-produção com o Teatro Colón em Bogotá. Um testemunho comovente sobre migrantes e migração e sobre pessoas que são forçadas a deixar suas casas. Focado a partir do olhar inocente e ingênuo da ovelha Berenée e seus companheiros, o egípcio Ali, que deixou seu país fugindo das guerras do deserto e a menina Tránsito, sua guia; o trabalho revela a tragédia da longa e tortuosa jornada sofrida pelas vítimas de deslocamento forçado na Colômbia.

De 1º a 17 de abril, a cidade poderá desfrutar de obras de classe mundial e de novas encenações da indústria local. Países como Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, Líbano, Bélgica e Argentina fazem parte deste feriado.

Para obter mais informações: https://festivaldeteatro.com.co/

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