Nos últimos meses, houve um aumento relatado nos preços dos alimentos. Agora, a cesta básica aumentou para S/1.500 solas. Além disso, a paralisação indeterminada das transportadoras de carga está colocando em risco a oferta de mercados de varejo em várias cidades do país.
Esse aumento nos preços ocorre quando a inflação no país está atingindo níveis que não são percebidos há décadas. Segundo o economista e analista político Miguel Santillana, números do Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI) indicam que:
“A taxa de inflação nacional para março é de 1,5, a maior dos últimos 10 anos. A inflação acumulada nos últimos 12 meses, desde março de 2021, é de 7,46: também a maior em 10 anos. Se analisarmos apenas para a cidade metropolitana de Lima, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) é de 1,48, a maior inflação em 26 anos. O mesmo vale para o CPI de Lima (região), que é de 6,83: um número não visto há mais de 20 anos”.
PREÇOS DOS ALIMENTOS
O preço do frango aumentou gradualmente, lentamente, mas em algumas regiões atinge números superiores às solas S/15. De acordo com o Boletim de Marketing e Preços da BIRDS - março de 2022 do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (Midagri), nesta quinta-feira, 31 de março, “o frango posição foi vendida a S/6,87 por quilograma, aumentando em dez centavos em relação a ontem; não sendo capaz de vender o valor total oferecido”.
Assim, o economista Jorge Carrillo Acosta destaca que o aumento no Perú é uma consequência direta do aumento internacional do milho e do trigo.
“Quando a pandemia começou houve um problema de abastecimento, porque estávamos todos confinados à casa e depois o mesmo valor não foi vendido. Mas quando as restrições terminam, houve uma demanda excessiva global e isso fez com que o preço do milho disparasse. E foi normal devido ao contexto da pandemia, mas era esperado que se normalizasse em 2022. No entanto, com a questão da Ucrânia e da Rússia, o problema foi detonado novamente, porque a Rússia e a Ucrânia estão entre os 5 maiores produtores de milho do mundo, eles são conhecidos como o celeiro da Europa”, apontou para este meio de comunicação.
De acordo com o boletim Midagri, nos últimos sete dias, o preço nos mercados de varejo foi de S/ 10,53 soles. No entanto, 30 de março viu um aumento de S/1,39 solas, custando S/11,92 por quilo de frango.
No caso dos vegetais, o aumento médio do preço é de 107%, de acordo com o Relatório de Renda e Preços no GRANDE MERCADO ATACADISTA DE LIMA del Midagri.
Nesse caso, influenciou muito o aumento do preço internacional do petróleo, que “em um ponto foi de quase US $150 o barril”, segundo Carrillo Acosta. Atualmente, esse hidrocarboneto seria negociado a US $100, mas continua a ter um preço mais alto em relação ao ano passado.
“No Perú, somos importadores líquidos, 80% do petróleo que consumimos é importado. O preço internacional nos afeta muito porque o preço da gasolina, diesel e outros derivados de GLP aumenta. Isso torna mais caro trazer para você, por exemplo, cebolas de Arequipa para Lima ou trazer limões de Piura para Lima ou trazer vegetais de Huancayo Jauja para Lima”, explicou o economista.
Fatores climatológicos também influenciam a situação, mas de forma secundária.
AÇÃO GOVERNAMENTAL
Diante dessa situação, o governo providenciou por três meses a incorporação de gasolina de 84 e 90 octanas e gasohol de 84 octanas no Fundo de Estabilização de Preços de Combustíveis Petrolíferos (FEPC) Também foi incorporado, até o final de abril, ao Diesel 2 e ao Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) a granel.
“Mas isso não é um subsídio direto. O que ele faz é baixar o preço pelo qual o produtor compra do importador. Mas isso não se traduzirá necessariamente no preço que você vende para o atacadista ou varejista. Não há garantia de que essa redução do subsídio chegue ao consumidor”, disse Carrillo Acosta.
O economista argumenta que o governo deve se concentrar em melhorar a quantidade de renda que os cidadãos peruanos recebem e a qualidade do emprego. As condições de trabalho e a informalidade no país são mais desfavoráveis do que nos anos anteriores à pandemia da COVID-19.
“Antes da pandemia, a renda média dos peruanos, segundo o INEI, em dezembro de 2019, era de quase S/1.600 soles. Agora são cerca de 1450 sóis. Além disso, já temos quase 80% de informalidade”, acrescentou.
No entanto, discrepâncias dentro do gabinete de ministros tornariam essa possibilidade difícil. Miguel Santillana menciona que o ministro da Economia, Oscar Graham, está sendo esquecido em várias ocasiões. Por exemplo, a eliminação da terceirização de serviços, pelo Ministério do Trabalho e Promoção do Emprego (MTPE), segundo o economista, tinha ocorrido sem consultar o MEF.
“A posição do ministro da Economia é uma das mais fracas dos últimos 30 anos e é extremamente perigosa porque lembra o ministro da Economia de Alan Garcia”, disse.
Portanto, ele argumenta que o que o governo de Pedro Castillo deve fazer primeiro é “ter um norte claro”, depois “colocar pessoas capazes em posições-chave, não encher o Estado de apoiadores do governo e não fazer acordos sujos debaixo da mesa”.
CENÁRIOS PROVÁVEIS
A grande questão para as famílias é “quando o assunto será resolvido?” Jorge Carrillo Acosta defende que ainda temos meses em que a economia familiar será atingida.
“O que se espera é que pelo menos este ano esses preços nos acompanhem. Esperemos que, no segundo semestre, a partir de julho, os preços internacionais do petróleo, milho, trigo, óleo de soja e outros insumos gerais possam começar a cair. Já para o primeiro semestre de 2023 poderíamos falar de normalização, mas por enquanto essa questão vai nos atingir há muito tempo”, disse.
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