Ninguém esperava por isso. Maradona vinha brincando, ele tinha até sorrido com a piada de Gary Lineker, seu ex-rival no México 86, que havia escorregado que ele era “hábil com as mãos”, aludindo ao gol mítico com o punho naquele jogo de quartas de final da Copa do Mundo contra a Inglaterra. Mas quando o ex-atacante inglês lhe perguntou sobre o grupo que tinha tido sorte no sorteio da Copa do Mundo na Rússia, formado pela Islândia, Croácia e Nigéria, Diego desenhou uma gambeta verbal inesperada, e deixou o apresentador e seu parceiro burros.
“A Argentina tem que passar a rodada, porque o grupo é acessível e porque tem que melhorar. Ele não pode jogar tão mal quanto está.” Terno preto, laço amarelo, Fluff detonou a bomba de gala, carregada com conteúdo de protocolo, sem um gesto fora do espartilho. O mundo do futebol passou a falar sobre o que as bolas determinavam... E as duras críticas de Maradona a Sampaoli. E o contexto em que ele falou isso.
Os Dez já haviam roubado a atenção ao longo do anterior. Primeiro, porque ele rejeitou o conclave com o presidente Vladimir Putin no turno da manhã, como confirmado por um áudio que Infobae recentemente tive acesso a de um mês. “Não, a coisa de Putin é muito boa, tudo é muito bom. Eu quero conhecê-lo, quero falar com ele. Já tinha dois ou três ensaios de: 'Olá Putin. O que está fazendo, Putin? Você está re-putin. Re-putin del oro... '. Mas eu tenho que levantar 9:30 e eu não me levanto naquela hora, você vê?” , você o ouve dizer isso.
“Dói na minha alma porque todos estarão lá... E sobre quem a besta vai perguntar? Para mim. Ele não vai pedir (Carles) Puyol, não brinque comigo. Mas é um compromisso muito cedo. Ele deveria ter feito um coquetel à tarde, depois das atividades. Agradeço a Putin, mas amanhã não vou. Está decidido”, acrescentou.
No entanto, no último turno, o encontro aconteceu, com Maradona como embaixador das outras estrelas, incluindo o brasileiro Ronaldo Nazario. “Todos os meninos vieram te ver e querem uma foto. Ronaldo é tão tímido que me disse 'Diego, por favor diga a Putin'”, procurou amolecê-lo.
Mas todos aqueles de um lado para o outro caíram em segundo plano após a tempestade albiceleste que Diego desencadeou, a tal ponto que Sampaoli, que viu das barracas como ele foi apedrejado no palco pelo principal ídolo da Seleção Nacional, respondeu a ele sem nomeá-lo momentos depois antes das câmeras de TV.
“Espero que possamos jogar melhor, mostramos algumas características durante os Playoffs, apesar das dificuldades. Tenho o melhor do mundo e o melhor da história”, voltou, colocando Lionel Messi acima de Maradona. Então, os altos e baixos no relacionamento com os referentes da equipe geraram que nem as estrelas da equipe guardaram uma grande memória de sua gestão, que terminou após a eliminação nas oitavas de final nas mãos da França.
De fato, esse momento foi um dos picos de virulência no vínculo entre DT e Diego. Mas havia vários. A pirotecnia verbal da estrela vinha fazendo barulho quase desde que o ex-conselheiro chileno pisou em Ezeiza.
Houve premeditação de Maradona quando se tratou de sacudir a Seleção Nacional do zero com essa declaração? Entre aqueles que o acompanharam nessa jornada, eles dizem que não. “Ele nunca se comungou com ele, se planejava dizer essa crítica, ele tinha isso na cabeça. Foi uma decisão maradoniana, uma das que ele teve”, frisou fonte da equipa que trabalha com a Pelusa.
Quando nasceu o encontro de Diego com Sampa? “Ele o considerava um vendehumo, ficou irritado quando corria para liderar o Boca e fez a cruz para ele, disse que não fazia nada no futebol argentino e incomodava que todos o chamassem para liderar a Seleção como salvador”, revelou a mesma voz.
Aconteceu tal coisa, o flerte do nativo de Casilda com os Xeneize? Sampaoli cortou seu relacionamento com a seleção chilena em 19 de janeiro de 2016. E ele apareceu como o principal candidato para liderar a equipe ribera em março, quando a liderança liderada por Daniel Angelici procurava um substituto para Rodolfo Arruabarrena.
Matías Ahumada, então tesoureiro do Boca, aproveitou uma viagem a Santiago do Chile para fazer uma oferta. De acordo com as crônicas da época, ele recusou a oferta por causa de sua simpatia com River e porque naquela época ele não queria trabalhar na Argentina.
“Sou fã do River desde criança. Isso me daria uma pressão extra para direcionar para lá. Eu não poderia ser treinador do Boca”, declarou mais tarde em entrevista ao programa de rádio No Somos Nadie. Além dessa afirmação, Angelici foi um dos que o promoveu na AFA como sucessor de Patón Bauza, quando a passagem para a Rússia 2018 estava em perigo.
Houve mais fatores que sobrecarregaram a linguagem de Maradona. “Sampaoli me traiu, porque quando a Argentina venceu a Copa Davis de tênis na Croácia, ele me disse que queria aproveitar a oportunidade para me homenagear em Sevilha (o clube que liderou), mas nunca o fez. Já era perceptível que ele tinha outros pensamentos”, acusou-o. E os ataques se aprofundaram após a caminhada nas eliminatórias e a vitória por 1-6 contra a Espanha, em março de 2018. “O que me incomoda, que demorou muito para sermos respeitados, que a Argentina tenha medo. Hoje, com exceção de Messi, eles perderam o respeito pela camisa”, repetiu Diego.
“Diga-me quando as pessoas gritaram um gol de Sampaoli, você joga a bola nele e devolve com a mão”, chicoteou-o. Já começou a Copa do Mundo, depois de 1-1 contra a Islândia, continuou. “Sampaoli não pode voltar para o país, é uma pena. O problema na Argentina é aquele que os guia, aquele que coloca em suas cabeças o que eles têm que fazer na quadra. Porque se o treinador não é claro em seus conceitos, os jogadores não podem realizar milagres.”
Ele sarcasticamente lhe deu um apelido que lhe deu em suas aparições na televisão: “o jogador de xadrez”. Foi a continuação de uma tempestade que teve um capítulo inesperado no meio do sorteio da Copa do Mundo 2018 na Rússia, o último que Diego Maradona pôde testemunhar (e jogar, à sua maneira).
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