Mitos e verdades dos sorteios da copa do mundo: das lutas pelas sementes à lenda das bolas frias ou com bolinhas

Os grupos da Copa do Mundo do Qatar são definidos aos olhos do mundo, em uma cerimônia que ao longo da história provocou fantasias e conjecturas no público em geral

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DOHA, QATAR - MARCH 31: A view of 72nd FIFA Congress on March 31, 2022 at Doha Exhibition and Convention Center in Doha, Qatar. (Photo by Marcio Machado/Eurasia Sport Images/Getty Images)
DOHA, QATAR - MARCH 31: A view of 72nd FIFA Congress on March 31, 2022 at Doha Exhibition and Convention Center in Doha, Qatar. (Photo by Marcio Machado/Eurasia Sport Images/Getty Images)

Cada minuto que passa aumenta o nível de expectativa dos selecionados que aguardam o sorteio que acontecerá no Centro de Convenções e Exposições de Doha (DECC). Lá, as equipes que participarão da Copa do Mundo organizada pelo Catar começarão a definir seus destinos.

Além do que o acaso dá na conformação do torneio, vale a pena rever algumas lendas instaladas no imaginário popular e mergulhar nos mitos e verdades desse tipo de cerimônias ao longo da história.

O primeiro antecedente marcante é instalado na primeira edição realizada no Uruguai. Durante o evento que aconteceu em Montevidéu, o sorteio foi realizado alguns dias antes do início da competição (13 de julho de 1930), porque tivemos que esperar que delegações estrangeiras chegassem ao porto de Rio de la Plata. Numa época em que o futebol ainda era amador na maior parte do planeta, os treinadores tiveram que esperar para encontrar seus rivais até o último minuto. Os 13 participantes foram distribuídos em três áreas de três e uma de quatro.

Outra curiosidade que foi fixada na história remonta à Copa do Mundo de 1966, quando o então presidente da FIFA, Stanley Rous, comemorou os rivais da Inglaterra na primeira fase: México, França e Uruguai. Sem dúvida, a alegria do gerente continuou durante toda a competição até que o representante britânico ganhou o troféu.

Ao longo dos anos, o sistema foi aprimorado. Um homem chave foi Julio Humberto Grondona, ex-chefe da AFA e vice-presidente da Casa Mãe. O líder argentino foi um dos que insistiu na geração dos Chefes de Série com equipes da maior situação. O antecedente do que aconteceu em 1978 foi com o que o gerente estava mais preocupado. Nessa ocasião, a ala europeia, liderada pelo alemão Neuberger, homem forte da UEFA, queria que as quatro cabeças semeadas fossem as semifinalistas de 1974 (Alemanha, Holanda, Polónia e Brasil), mas o setor sul-americano sustentou que a Argentina merecia um lugar lá como anfitrião. Isso acabou acontecendo, mas o detalhe curioso foi que a Itália foi colocada sem empate pela área do país local, o que era uma raridade. Apenas para o campeonato organizado pelos Estados Unidos em 1994, Grondona conseguiu (com a aprovação de João Havelange) que os líderes do grupo eram os que apresentavam os melhores coeficientes nas três edições anteriores.

Outra iniciativa promovida por Don Julio foi baseada na modificação das eliminatórias e no número de vagas concedidas por cada confederação. Sua ideia (também endossada por Havelange) lançou as bases para que a Conmebol se beneficiasse mais com 4 ingressos e um playoff. Mudar o formato de duas zonas para uma competição round-robin nas idas e voltas favoreceu muito as equipes de alto escalão (Brasil, Argentina e Uruguai).

Além disso, para o torneio de 2014 ele manteve o número de eliminatórias em uma competição que não teve a participação do Canarinha por ser o anfitrião. Na terra de Pelé, 6 equipes sul-americanas jogaram pela única vez em uma Copa do Mundo (Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador e Chile).

Hoje, a tendência continua: a Europa tem 55 membros na UEFA e apenas 13 equipes vão para a Copa do Mundo; a Concacaf concede 3 lugares e um playoff para os 41 jogadores selecionados; na Ásia4 lugares e uma repescagem para os 50 participantes; na África 55 os competidores são liquidados em todos os 5 ingressos e na Oceania 7 as equipes devem lutar por um único playoff.

Mas além das qualificações, aquele concurso que foi realizado no Brasil também gerou polêmica durante o sorteio. Quando a transmissão oficial evitou mostrar a abertura das bolas, que estavam escondidas sob a mesa do animador, debates sobre os movimentos do motorista do evento foram montados nas redes sociais.

Especialmente no Brasil, as especulações continuaram quando Juan Carlos Crespi, membro da delegação Albiceleste, fez um gesto com o V para a vitória e um sinal para El Jefe (Grondona) depois de saber que a equipe liderada por Alejandro Sabella iria enfrentar a Bósnia e Herzegovina, Irã e Nigéria. “Ele sempre foi muito próximo de Julio, mas a realidade é que Grondona não interveio de jeito nenhum. A única vez que Julio levantou a voz foi quando tentou sugerir o árbitro para a final, mas eles o ignoraram e o resultado ficou visível para todos”, disse o ex-porta-voz da AFA e renomado jornalista Ernesto Cherquis Bialo.

Nesse concurso, o mito de colocar o elenco de Pachorra e do Brasil em diferentes áreas também foi instalado para que a única maneira de se enfrentarem fosse na partida decisiva. No entanto, isso nunca foi provado. “Eu nunca fui a nenhum sorteio, mas foi instalado que eles colocaram bolas quentes e frias para saber quais rivais poderiam jogar os candidatos ao título; mas isso é uma mentira. Havia também a hipótese de que algumas bolas foram marcadas com lápis imperceptíveis para câmeras de televisão, mas também não conseguiram provar. Duvido muito que ex-jogadores de futebol com uma carreira notável como Cafú, Zinedine Zidane ou Fabio Cannavaro, para citar alguns exemplos, tenham se prestado a esse jogo. Portanto, também não acredito que as bolas tenham tido toupeiras”, insistiu Cherquis Bialo.

O escândalo do que aconteceu na Espanha em 1982 marcou um antes e um depois nos sorteios. As bolas quebradas, a confusão permanente e o inconveniente na distribuição de as equipes colocaram a organização, o que nunca poderia explicar o que aconteceu durante aquele dia em Madri.

Em 1º de abril, os olhos do mundo voltarão a convergir para os bolilleros que a FIFA tem para seu sorteio tradicional. Haverá especulações e milhares de conjecturas. Também a garantia de que vários começarão a aumentar ou diminuir suas chances daquele momento. Mas o que reunirá todos é a maravilhosa sensação de começar o sonho de levantar a tão esperada Copa do Mundo.

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