Desde que os eventos presenciais voltaram à cidade, a Cinemateca organizou para seus visitantes uma série de conferências, palestras e filmes que prometem contribuir amplamente para o desenvolvimento cultural de Bogotá em 2022. Em seu site, mês a mês, você pode ver quais filmes serão apresentados e quais personagens serão convidados a falar sobre vários tópicos, todos enquadrados no cinema, é claro. Hoje, por exemplo, você poderá ver filmes como “Mães Paralelas”, o mais recente filme de Pedro Almódovar, “Dirija meu carro”, dirigido pelo japonês Ryusuke Hamaguchi, “Cicatrizes na terra” do colombiano Gustavo Fernández, “Entre fogo e água”, também filme colombiano dirigido por Viviana Gómez e Anton Wenzel, e “De repente, paraíso”, de Elia Suleiman, entre outros.
A partir das 16h, na Biblioteca Especializada em Cinema e Mídia Audiovisual (BECMA), dentro da Cinemateca, você poderá apreciar a conversa em torno do livro “História Argentina”, do escritor Rodrigo Fresán. A discussão também será transmitida através do Facebook Live, nas contas do Libro al Viento e da Fundalectura; para admissão presencial será necessário ter um esquema de vacinação completo e a capacidade será controlada até que todo o espaço seja ocupado.
Rodrigo Bastidas, editor do selo Vestigio, falou com exclusividade para a Infobae:
“Inicialmente, íamos falar sobre A Velocidade das Coisas, mas depois decidi que seria sobre a História Argentina, que é o primeiro livro de Rodrigo Fresán. É publicado em 1991. Foi um dos textos fundadores de todo um movimento argentino que foi construído sobre a figura do cronista e editor Juan Forn, assim que ele se juntou ao Grupo Planeta e iniciou o que mais tarde foi chamado de La Biblioteca del Sur, uma coleção na qual foi publicado um bom número de autores que transformaram o caminho em que a literatura da época. Em alguns pontos, eles até tentaram fazer uma espécie de pequena geração argentina chamada Los Planetarios, que surgiu em oposição ao grupo responsável pela revista Babel, onde eram um pouco mais experimentais. A partir daí, nomes como os de Martín Kohan ou Sergio Chejfec podem ser resgatados. Esse contraste surgiu justamente porque de Los Planetarios, dos quais Juan Forn era sua base, mas Fresán seu mais alto representante, começou a aparecer nos anos 90 uma série de propostas em que o escritor apareceu como um pequeno Rockstar e passou a ter uma certa força, uma certa presença dentro do círculo cultural, não da academia, mas da vida diária. Eles faziam coisas como, o que eu sei, colocar fotos dentro de livros, quando não eram documentos desse tipo. Além disso, eles começaram a falar sobre coisas que não necessariamente tinham a ver com, seja um realismo mágico tardio ou uma literatura mais testemunhal. O que eles fizeram foi propor uma revisão da história do país com base em certos elementos da cultura pop. Por exemplo, na história argentina há Mickey Mouse e várias referências à fantasia, música, rock, a importância do gênero na literatura, metrópoles, drogas. Há muitos elementos que foram transformados dentro desse universo narrativo.”
Em relação ao foco da palestra, ele diz que não sabe muito bem para onde irá, mas ressalta:
“Certamente será do ponto de vista que tem a ver com o surgimento da ditadura de 1983 e 1984, a chegada da contracultura, que apresentou uma revista como Porcos e Peces, a década de 90 e a chegada do neoliberalismo menemista. Isso produziu outro tipo de literatura que estava respondendo a outros tipos de requisitos do mundo editorial e que ainda tem ecos hoje. O fato de trazer este livro para a história, e que pode ser o que interessa às pessoas, é poder trazer de volta as ideias do rock, da rua, das metrópoles, das séries de televisão, do cinema, sobre uma republicação do que é a história argentina, não mais dos preceitos clássicos, da academia, mas da o dia-a-dia de um grupo de jovens que tiveram que passar por um tempo através do que lhes foi dito. Algum tempo se passou, então a história foi construída sobre narrativa mediada e não por experiência imediata. O que Rodrigo Fresán propõe neste livro é apenas isso, mostrar outro tipo de narrativa que não está necessariamente ligada à exclusividade da experiência, mas à análise e criação do discurso narrativo, a partir da mediação de objetos como os já mencionados”.
Rodrigo Bastidas é professor universitário, pesquisador e editor. Sua conversa, moderada por Andrea Salgado, será uma das mais atraentes no início do mês na Cinemateca.
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