Barrios Altos e la Cantuta: os casos pelos quais a Corte Interamericana deixaria Alberto Fujimori inédito

O perdão do ex-presidente pode perder efeito devido à decisão da Corte Interamericana, que descreveu os crimes como graves violações dos direitos humanos.

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O caso do perdão de Alberto Fujimori está causando muita pressão e polêmica na política peruana esfera. Recentemente, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte Interamericana de Direitos Humanos) pediu ao Governo que não libertasse o ex-presidente, apesar de o Tribunal Constitucional (TC) restaurou o perdão humanitário e a graça presidencial.

Fujimori permanecerá na prisão até que seja decidido como agir em resposta ao pedido das vítimas de Barrios Altos e La Cantuta à Interamericana Tribunal. Saiba aqui sobre os casos que condenaram Fujimori a 25 anos de prisão e pelos quais ele recebeu perdão.

O caso de Barrios Altos ocorreu em 3 de novembro de 1991, quando seis indivíduos encapuzados e armados do grupo Colina invadiram uma casa em 840 del Jirón Huanta, em Barrios Altos, onde uma pollada estava ocorrendo. Presume-se que as pessoas na casa tivessem ligações com atividades terroristas, então foram ordenadas a deitar no chão e depois baleadas indiscriminadamente. Quinze pessoas morreram, incluindo um menino de 8 anos chamado Javier Ríos Rojas, e outros 4 ficaram gravemente feridos.

O caso La Cantuta ocorreu alguns meses depois, em 18 de julho de 1992, na Universidade Nacional de Educação Enrique Guzmán La Valle, mais conhecida como La Cantuta. Nesse local, nove alunos e um professor foram retirados de suas residências e depois desapareceram. Os restos mortais de dois deles foram encontrados em sepulturas clandestinas um ano depois. A autoria direta também foi atribuída ao Grupo Colina.

SENTENÇA

Fujimori foi extraditado do Chile para o Perú em 2007 e condenado por seu papel no massacre de Barrios Altos, La Cantuta, outras violações de direitos humanos, além de crimes de corrupção. Em 7 de abril de 2009, foi condenado a 25 anos de prisão pela Câmara Criminal Especial (SPE). O ex-presidente foi considerado o autor imediato dos crimes de homicídio qualificado e ferimentos graves pelos eventos ocorridos em Barrios Altos e La Cantuta.

Eles concluíram que Fujimori havia cooptado as Forças Armadas e era o chefe de um aparato organizado, que girava em torno do Serviço Nacional de Inteligência (SIN). Isso serviu como um meio de cometer crimes, dos quais o então presidente estava ciente.

Como no Perú as penas não são cumulativas, essa foi a sentença geral pela qual ele estava preso. Ele também foi condenado por usurpação de funções (6 anos), peculato (7 anos e 6 meses), pagamentos ilegais a congressistas e compra de linhas editoriais de mídia (6 anos) e o caso dos jornais Chicha (8 anos).

A SPE descreveu os crimes em Barrios Altos e La Cantuta como crimes contra a humanidade, porque faziam parte de uma política estatal sistemática e generalizada que buscava a eliminação de pessoas que supostamente eram membros de grupos subversivos. A sentença foi confirmada em segunda instância pela Primeira Câmara Penal de Transição em 30 de dezembro de 2009.

CASOS CHEGARAM À CORTE INTERAMERICANA

As vítimas levaram os casos à Corte Interamericana e o Estado peruano reconheceu sua responsabilidade pelos acontecimentos. Eles foram descritos pela Corte Interamericana como graves violações dos direitos humanos. O Tribunal decidiu, portanto, que a aplicação de leis de anistia ou qualquer outro tipo de lei excludente era inadmissível.

Ao fazê-lo, eles decidiram sobre as leis de anistia aprovadas durante o governo Fujimori para exonerar os responsáveis pelo massacre em Barrios Altos e apontaram que elas não tiveram efeito legal.

Essa decisão abriu um precedente importante. A sentença de Barrios Altos serviu de base para rejeitar exceções apresentadas em vários processos judiciais visando a aplicação de leis de anistia. Por exemplo, eles foram a base para o TC nos casos de Martin Rivas e Salazar Monroe, onde declarou as demandas de militares que buscavam não ser julgados em os casos são infundados.

POR QUE AS CAIXAS AINDA ESTÃO ABERTAS?

Ambos os casos permanecem abertos perante a Corte Interamericana porque o Estado não cumpriu muitas medidas ordenadas pela agência. As últimas decisões para cumprir as sentenças de 2009 (caso La Cantuta) e 2012 (caso Barrios Altos) mostram que ainda é necessário concluir investigações, pagar reparações e realizar medidas simbólicas. Por exemplo, os restos mortais de cinco vítimas no caso La Cantuta ainda estão desaparecidos e muitos dos condenados não pagaram qualquer coisa para reparação civil.

Além disso, foram emitidas medidas para anular a gravidade dos casos. Em julho de 2012, a Câmara Penal Permanente do Supremo Tribunal de Justiça emitiu uma Execução Suprema declarando que as execuções extrajudiciais no caso Barrios Altos não constituíam crimes contra a humanidade e reduziam as penas dos acusados. A Corte Interamericana conduziu investigações e determinou a existência desta medida como contrária à decisão no caso Barrios Altos. Por esse motivo, a Câmara Penal Permanente anulou seu próprio executório.

Anos depois, em 24 de dezembro de 2017, o então presidente Pedro Pablo Kuczynski concedeu a Alberto Fujimori o perdão humanitário e a graça presidencial por esses dois casos específicos. Isso foi anulado pela Suprema Corte, após a decisão da Corte Interamericana que invalidou anistias para os condenados por crimes contra a humanidade. No entanto, em 17 de março de 2022, o Tribunal Constitucional restaurou essa graça.

Agora, em 30 de março, a Corte Interamericana pediu ao governo que não liberte Fujimori até que os casos sejam decididos. Uma audiência pública foi marcada para 1º de abril.

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