A Corte Interamericana de Direitos Humanos pediu ao Estado peruano que não liberte o ex-presidente Alberto Fujimori, e o governo cumprirá esse pedido. No entanto, o ex-presidente ainda será responsabilizado perante a justiça por dez casos em que o perdão humanitário e a graça presidencial devolvido pelo Tribunal Constitucional (TC) não seria suficiente. Além disso, também deve milhões de dólares ao Estado em reparações civis.
Reparação civil
O promotor anticorrupção, Javier Pacheco, revelou a cifra que o ex-presidente Alberto Fujimori deve ao Estado peruano: S/51 milhões de soles de reparação civil por três casos em que foi condenado.
Os casos são o arrombamento irregular na casa de Vladimiro Montesinos, a compra irregular do Cable Canal e o pagamento do CTS ao seu ex-assessor.
O ex-presidente não pagou nada disso e em 17 de março o Tribunal Constitucional restabeleceu seu perdão humanitário e o direito de graça.
“Fujimori foi condenado e tem o Estado prejudicado por três fatos: a questão das invasões irregulares, a compra irregular do Cable Canal e o pagamento do CTS de Vladimiro Montesinos. Por esses três eventos Fujimori deve ao Estado aproximadamente 51 milhões de solas”, disse ele na RPP Television.
Além disso, o presidente não tem propriedade ou propriedade em seu nome, de modo que o embargo não pode ser realizado. Ele nunca sequer conseguiu processar a aquisição de sua pensão vitalícia como ex-chefe de Estado, de modo que esse dinheiro também não pode ser tomado pelo Estado na forma de pagamento.
Casos pendentes que continuarão apesar do perdão
Alberto Fujimori Fujimori ainda não respondeu à justiça por dez casos no total:
- Caso Paivilca
Um dos processos pendentes é o chamado Caso Pativilca. A tese tributária argumenta que o ex-presidente implementou uma política de contra-subversão com práticas paralelas e ilegais a cargo do Grupo Colina. Isso levou ao assassinato de seis membros da comunidade nos pampas de San José e Caraqueño, no distrito de Pativilca (Barranca) em 28 de janeiro de 1992. As vítimas foram Jhon Calderón Ríos, Cesar Rodriguez Esquivel, Toribio Ortiz Aponte, Pedro Aguero Rivera, Nieves Arias Velasquez e Felandro Castillo Manrique.
Fujimori é acusado como suposto autor do crime contra a vida, o corpo e a saúde (homicídio-homicídio qualificado), e o autor do crime contra a tranquilidade pública (crimes contra a paz pública - associação ilegal) prejudicado pelo Estado.
O perdão e a graça presidencial concedidos pelo então presidente Pedro Pablo Kuczynski alcançam esse processo. Em janeiro de 2018, Fujimori solicitou que a ação penal fosse declarada extinção, mas em 9 de fevereiro de 2018, o Colegiado B da Câmara Criminal Nacional rejeitou o pedido e decidiu continuar o processo.
“É incompatível com os deveres de investigar, processar e punir violações graves de direitos humanos, e também é uma medida que, como analisamos, colide claramente com direitos fundamentais protegidos por nossa Constituição”, afirma a resolução.
Além disso, detalha que as resoluções da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte Interamericana de Direitos Humanos) e o direito internacional impor uma clara obrigação aos Estados de investigar violações independentes e imparciais dos direitos humanos e crimes sob o direito internacional.
- Caso Chavimochic
O ex-presidente Alberto Fujimori também está sendo acusado do Caso Chavimochic, que ainda está pendente. Ele é acusado de dar US$ 800 mil de fundos públicos do Serviço Nacional de Inteligência (SIN) ao empresário Augusto Miyagusuku para comprar terras no Projeto de Irrigação Chavimochic, em La Libertad. De acordo com a tese tributária, a compra do terreno “foi um resultado direto das atividades criminosas em que participaram o réu Miyagusuku e Alberto Fujimori, o primeiro atuando como o homem de frente do segundo”.
- Sete outros casos pendentes
Fujimori também aguarda para responder a outros sete casos, cujos pedidos de prorrogação da extradição já foram aprovados pelo governo Pedro Castillo, em 2021.
Esses casos dizem respeito, em primeiro lugar, à venda de armas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Neste caso, ele é acusado de supostos crimes contra a segurança pública (fornecimento ilegal de armas de fogo) e contra a tranquilidade pública (associação ilícita para cometer crimes).
Em outubro de 2021, por meio de seis resoluções, foram aprovados pedidos de prorrogação de extradição para os seis casos: Castro Castro, Chavín de Huántar, Conselho de Defesa, Família Ventocilla, TV Panamericana e Opositores (por sequestro agravado). Em todos esses processos, Alberto Fujimori é acusado dos supostos crimes de homicídio qualificado, lesão grave, associação ilegal para cometer crime, peculato intencional, sequestro agravado e divulgação de segredos de interesse nacional em lesados pelo Estado.
- Esterilização forçada
Em 11 de dezembro de 2021, o juiz Rafael Martínez, do Tribunal Penal Supraprovinal do Tribunal Superior Nacional Especial, abriu um processo penal contra Alberto Fujimori e outros pelo Caso de Esterilização Forçada.
Fujimori Fujimori é processado pelo crime contra a vida, corpo e saúde, ferimentos graves seguidos pela morte prejudicada de Mamérita Mestanza, Alejandra Aguirre e outros, no contexto de graves violações dos direitos humanos. De acordo com a acusação, Fujimori, seus ex-ministros e outros estabeleceram uma política de saúde pública que na verdade era um programa de “esterilizações” realizado sem o consentimento das vítimas. Os réus teriam agido sob a teoria da “dominação em um aparato organizado de poder, em um contexto de graves violações dos direitos humanos”, onde o então chefe de Estado teria sido “o homem por trás”.
O processo penal apenas para o ex-presidente foi suspenso desde essa data, já que o Governo do Chile aguarda a emissão de uma decisão sobre o pedido de prorrogação da extradição do ex-presidente neste caso.