
Depois de três anos, na terça-feira, 29 de março, Zoraida Ávalos deixou de ser responsável pelo Ministério Público e se despediu daqueles com quem trabalhou através de uma mensagem do Twitter da instituição conta. A ex-promotora da Nação lembrou as difíceis condições em que teve que ocupar o cargo, especialmente no meio da pandemia de COVID-19 que ainda não acabou.
“Durante os três anos de administração, dois foram passados em meio a uma pandemia; e todo o período em tempos de turbulência e crise política. Um fato que nos permite representar graficamente as críticas dos tempos que enfrentamos é o fato de que em tão pouco tempo o país teve quatro presidentes da República e três congressos diferentes da República”, disse Ávalos.
Além disso, ele ressaltou que, dada a difícil cena política que teve que atravessar, ele teve que fazer várias queixas aos membros da classe política. “Tive que ocupar o cargo digno de procurador da Nação nos momentos mais difíceis da história republicana recente, e isso mostra que, nestes três anos, meu gabinete apresentou mais de 40 queixas constitucionais contra altos funcionários de presidentes da República, ministros de Estado, congressistas da República, juízes e procuradores supremos, entre outros”, disse na conta do Twitter do Ministério Público.

Entre as alegações mais memoráveis está a feita contra o ex-presidente da república, Martín Vizcarra Cornejo, originada após o caso Richard Swing pelos crimes de tráfico agravado de influência, desvio doloso para apropriação de terceiros e crime de negociação incompatível. A denúncia também chega aos ex-ministros da Cultura: Patricia Balbuena Palacios, Ulla Holmquist Pachas e Sonia Guillén Oneeglio, para eventos relacionados com a contratação de Richard Cisneros para o Ministério da Cultura, entre 2018 e 2020.
“Uma evidência clara que sustenta essa afirmação é o fato de os investigados e denunciados pertencerem a diferentes setores políticos e instituições diferentes, o que é, além disso, prova tangível de que ocuparam cargos com total autonomia e independência, sem qualquer viés”, acrescentou.
RELACIONAMENTO COMPLICADO
Se alguma coisa caracterizou a passagem de Ávalos no comando do Ministério Público, foi a relação tensa entre a classe política que exigiu ações dele às vezes, enquanto em outros a acusaram de conluio com aqueles que a consideravam rivais políticos. Durante seus três anos no cargo, ele recebeu vários ataques que mencionou em sua declaração de despedida.
“Se a personalização dos ataques colocar as instituições e sua autonomia em boa segurança, e não tivermos recuado um milímetro em sua defesa, esse será o custo a ser pago. Nosso principal dever tem sido e será defender a autonomia e a independência da instituição contra todas as supostas interferências”, frisou.
No final, Zoraida Avalos disse ter “autoridade suficiente” e ressaltou que nunca tentou influenciar em instâncias inferiores, a fim de prejudicar ou favorecer ninguém. “Minhas declarações são totalmente consistentes com minhas ações”, disse. Recorde-se que houve quem a acusasse de favorecer o presidente Pedro Castillo para que ele não pudesse ser investigado.

Além disso, o próprio presidente da república, Pedro Castillo, apontou para ela como parte de um complô que busca desestabilizar o país após serem conhecidas as declarações que Karelim López ofereceu ao Ministério Público em sua tentativa de se tornar um colaborador efetivo. “A este respeito, rejeito veementemente a afirmação do Presidente da República de que nós, como Ministério Público, estaríamos numa conspiração. Isso é mentira. É do conhecimento geral que temos várias investigações contra vários setores. Ninguém vai dizer que o Ministério Público trabalha com viés político”, disse Avalos na ocasião.
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