“Eles nos pegam pela porcaria”: o prefeito de uma cidade uruguaia denunciou que a polícia brasileira realiza perseguições em seu território

“Eles entram como se não fosse outro país”, disse o chefe comunal de Aceguá após o caso de um menor que foi perseguido por não usar capacete na motocicleta

Guardar

A polícia brasileira perseguiu, abalroou e espancou um adolescente uruguaio de 14 anos na entrada de uma cidade chamada Aceguá, no leste do país e a cerca de 500 metros da fronteira binacional entre os dois países.

O prefeito da cidade, Javier Rodríguez, expressou preocupação com as incursões da polícia brasileira em território uruguaio, disse à emissora local La Voz de Melo. Rodríguez disse que muitos vizinhos o contataram quando, no início da manhã desta terça-feira, os acontecimentos aconteceram.

“Eles me disseram que várias patrulhas brasileiras haviam passado novamente em busca de um menor em uma motocicleta, que o haviam matado e que ele havia caído”, disse o funcionário. “Esta é a terceira vez que a polícia brasileira faz essa coisa de passar e fazer o que quer”, comentou e enfatizou a imprudência das tropas brasileiras, que bateram com um carro patrulha a moto do menor.

“Quando chegamos ao local, quase toda a cidade estava cercando a polícia brasileira”, disse o prefeito. Ele foi ao local do incidente acompanhado pela polícia uruguaia e lá descobriu que os brasileiros tinham o menor em seu carro patrulha, com as mãos algemadas.

Aparentemente, a perseguição ao menor havia começado em território brasileiro, onde o menor estava andando de moto sem capacete. O assunto foi resolvido quando o prefeito, a polícia uruguaia e os pais do menor os acompanharam até a fronteira.

“A polícia uruguaia nunca desrespeitou as autoridades brasileiras”, disse Rodriguez. Ele explicou que, quando as tropas uruguaias precisam agir do lado brasileiro, elas o fazem “com uma autorização e em conjunto” com as autoridades locais. Ele acrescentou que “eles entram aqui como se não fosse outro país, é uma pena que. Eles nos agarram pela porcaria, parece que não existimos.”

Noelia Mesa, mãe da adolescente, disse que vai entrar com uma ação legal, segundo a Rede Independente. Admito que ele errou ao andar sem capacete, mas me parece desrespeitoso que uma criança com menos de quatorze anos seja jogada pelas costas”, disse.

Aceguá
“Eles entram aqui como se não fosse outro país, é uma pena isso. Eles nos agarram pela porcaria, parece que não existimos”, disse Javier Rodríguez, prefeito de Aceguá

Quando caiu da moto, após ser abalroado, o jovem sofreu alguns ferimentos, embora nenhum tenha considerado grave. “Eles o espancaram e apontaram uma arma para ele”, denunciou Mesa e concordou com o prefeito na preocupação com a polícia brasileira.

De fato, em novembro do ano passado houve um incidente com características semelhantes, mas com o agravamento de que na época a polícia brasileira usava suas armas de fogo. Naquela época, os moradores de Aceguá experimentaram tensão quando uma perseguição, que começou no lado brasileiro, mudou-se para a uruguaia.

Este foi um caso em que tropas do país vizinho “atiraram na perseguição de uma motocicleta” e depois de uma perseguição pelas ruas da cidade “perseguiram o motociclista” com o carro patrulha, o que o fez cair e ser capturado, informou La Voz de Melo.

Esse motociclista, também menor de idade e de família uruguaia, foi acusado não por causa de um criminoso, mas porque “teria cometido uma infração de trânsito”.

Naqueles dias, o prefeito lamentou a situação e disse que o que estava acontecendo não era algo novo, mas a terceira ou quarta vez que aconteceu” na área. Ele garantiu que o comissário e o promotor da jurisdição foram mantidos a par do ocorrido e que “tomaram medidas” a esse respeito.

CONTINUE LENDO:

Guardar