O encontro na Turquia entre negociadores ucranianos e russos é o que mais avançou desde o início da invasão russa há 34 dias, de acordo com os primeiros anúncios feitos pelos delegados após as negociações.
O que a Rússia anunciou
-O Ministério da Defesa russo “decidiu reduzir radicalmente, várias vezes, a atividade militar em torno de Kiev e Chernihiv”, disse o vice-ministro da Defesa Alexandr Fomin. Como explicou, o objetivo é “aumentar a confiança mútua e criar as condições necessárias para continuar as negociações”.
-O chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, aludiu pela primeira vez à possibilidade de um “tratado” entre Moscou e Kiev após negociações que descreveu como “construtivas”, e ressaltou a vontade de Moscou de dar “dois passos para a desescalada do conflito”, um militar e um político.
-Medinski reconheceu que a Ucrânia pede garantias internacionais de segurança e assume que a Rússia não se oporá à sua adesão à União Europeia. Ele não elaborou sobre a posição do Kremlin sobre essas demandas.
-Ele indicou que um encontro entre Vladimir Putin e Volodimir Zelensky “é possível” simultaneamente com o início do eventual tratado. Esclareço que este acordo não é simples porque deve incluir “países que garantam a paz e a segurança na Ucrânia”.
-O Estado-Maior das Forças Armadas Russas informará o presidente russo em seu retorno a Moscou
O que a Ucrânia anunciou
-Os negociadores indicaram que o país está disposto a renunciar à adesão a qualquer aliança militar, incluindo a OTAN, se em troca receber garantias de segurança por escrito de dez países.
-O chefe da delegação ucraniana, David Arahamiya, propôs que os fiadores fossem os do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Reino Unido, China, Rússia, Estados Unidos e França), bem como Turquia, Alemanha, Canadá, Polônia e Israel.
-Kiev busca que, em caso de ataque à Ucrânia, busque uma solução diplomática e, se não for resolvida, tenha direito a assistência militar, incluindo a declaração de zona de exclusão aérea.
-Se tiver as garantias solicitadas, a Ucrânia se comprometeria a ser neutra, a não ter armas nucleares, nem a permitir bases militares estrangeiras em seu território.
-O negociador Mikhailo Podolyak salientou que este eventual acordo não abrangeria “os territórios temporariamente ocupados” pela Rússia das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, nem a península da Crimeia, que a Rússia anexou ilegalmente em 2014.
-Nessa questão, a proposta “não prevê que a Ucrânia use a força para libertar esses territórios”, e o status das regiões seria negociado com a Rússia em um processo separado por um período de 15 anos.
-O acordo não excluirá, de forma alguma, a Ucrânia da adesão à União Europeia, mas, pelo contrário, os países garantidores apoiarão ativamente a adesão.
-O tratado teria que ser aprovado em referendo pelo povo da Ucrânia, uma vez que todas as tropas russas deixassem o território. A posição ucraniana é que um acordo assinado sob pressão (com tropas no território) seria inválido.
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