Houve um grande alvoroço na opinião pública depois que vários meios de comunicação revelaram no último fim de semana que as eleições de 2022 seriam sendo infiltrado pela Rússia, um país que, supostamente, também teria financiado vários protestos na Colômbia. Diante do panorama, a Infobae consultou Alejandra Barrios Cabrera, diretora nacional da Missão de Observação Eleitoral (MOE).
Barrios disse que entre os relatórios que recebem periodicamente, eles não têm registros ou alertas de que aquela nação interferiu nas eleições legislativas e consultas internas realizadas no último domingo, 13 de março.
“A Missão de Observação Eleitoral, durante o processo pré-eleitoral para as eleições do Congresso da República, não recebeu nenhuma informação que nos permitisse indicar que houve de facto qualquer tipo de intervenção”, disse a diretiva, ao mesmo tempo em que anunciava os problemas e aspetos que identificou e marcou as últimas eleições.
Deve-se notar que a Rússia, atualmente governada por Vladimir Putin, está em conflito interno com a Ucrânia. Esta situação foi rejeitada pelo governo de Iván Duque na Colômbia e é por isso que, da EOM, eles consideram que é o Executivo quem deve relatar a suposta interferência russa no país. “Cabe ao Governo nacional informar se as investigações levadas a cabo pelos meios de comunicação tiveram ou não impacto nas eleições que passaram. Não estamos em um momento fácil, estamos em um momento difícil”, exortou.
O jornal El Tiempo, um meio de comunicação que anunciou a presença de russos no país, disse que o governo de Duque já havia sido informado dessa situação. Nesse sentido, para o diretor da EOM, a Presidência colombiana deve informar se deseja romper relações diplomáticas com o governo Putin e é por isso que não informou sobre o assunto de estrangeiros no país.
“Se o que a Colômbia está procurando é encontrar motivos para romper relações com a Rússia por causa da questão ucraniana, então acho que vale a pena colocar essa questão na mesa”, recomendou Alejandra Barrios.
Mais uma vez, ele chegou a reiterar que a Missão de Observação Eleitoral na Colômbia não foi informada sobre o impacto daquele país nas eleições deste ano. “Essa decisão deve ser tomada pelas Relações Exteriores, do Ministério das Relações Exteriores (da Colômbia), mas não para apontá-la diante do processo eleitoral, mas sim ser específica no que foi afetado (da Rússia) “, disse ele,
Depois que a suposta fraude foi denunciada por diferentes bancadas políticas, a chefe da EOM reconheceu que na Colômbia “ainda há muita desconfiança no processo eleitoral” e é por isso que ela acredita que medidas devem ser tomadas no assunto para dar um pouco de paz de espírito aos colombianos.
“Incluir mais um elemento (a alegada interferência da Rússia), sem que seja verificada pelo governo nacional, pelo Ministério das Relações Exteriores, não é a melhor coisa para o processo eleitoral. Isso pode acabar gerando que outros cidadãos também comecem a acreditar que os resultados obtidos não têm a ver com a vontade do cidadão, mas foram modificados por forças externas aos colombianos”, alertou.
Além disso, ele se referiu diretamente ao suposto hack sofrido pela página do Registro Nacional do Estado Civil em 13 de março e esclareceu que o dano que a entidade enfrentou foi devido ao “sistema de transmissão de dados que se referia à pré-contagem, não era um problema de hacking se não fosse uma questão de erros na transmissão de dados”, disse.
Ele também reiterou a posição dada pela Procuradoria-Geral da República, que descartou um ataque cibernético e, assim como o Cartório de Registro, informou que o colapso da página se deveu ao fato de que ela “ficou saturada e não suportou a grande quantidade de tráfego”, disse Barrios Cabrea, acrescentando:
A Missão de Observação Eleitoral buscará, em uníssono com as autoridades eleitorais do país, que os inconvenientes do processo político passado não se repitam, por isso anunciaram algumas iniciativas que desenvolverão em breve.
“Vamos reforçar a observação eleitoral das (eleições para a) Presidência da República de uma forma particular, que tem a ver com o processo de contagem. É isso que estamos falando com todos os aliados regionais para ter um importante grupo de observadores. Em segundo lugar, um roteiro em que estamos fazendo pedidos específicos de acesso à informação à Assembleia Nacional do Estado Civil, com o objetivo de construir confiança”, disse.
Para encerrar seu diálogo com Infobae, Barrios instou o governo de Duque e o cartório a fornecer maior pedagogia e garantias para que os processos eleitorais que estão chegando ao país sejam realizados corretamente.
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