Estado colombiano questionado por compensação ineficiente às vítimas do conflito e restituição de terras

O relatório da Fundación Forjando Futures questiona o que considera ser o equilíbrio preocupante em termos de restituição de terras pela Colômbia, garante que apenas 8% do número total de propriedades devolvidas aos seus proprietários reais foi atingido

Guardar

Em entrevista à W Radio, a pesquisadora da Forging Futures Foundation, Carolina Alzate, expressou sua preocupação com as ações que vêm sendo tomadas pelo Estado para indenizar as vítimas do conflito armado no país. De acordo com o que ele destacou, os cidadãos que perderam suas terras em meio à violência não receberam atenção suficiente, mesmo que a Lei das Vítimas tenha entrado em vigor há pouco mais de dez anos. Com o ritmo que vem tomando até agora, disse o especialista, levaria 62 anos para reparar, sem contar os 178 anos que exigiriam municípios PDET (programas de desenvolvimento com foco territorial).

“Estamos falando de compensação administrativa, dentro do orçamento somos informados de que 117 bilhões são alocados para reparação abrangente, verificamos e aparecem 8 bilhões, apenas um milhão e cem mil pessoas foram indenizadas por cerca de sete milhões de vítimas”, disse na entrevista. Em outros números, apontou, é um equilíbrio preocupante em termos de restituição de terras porque apenas 8% da quantidade total de terras foi alcançada para retornar aos seus verdadeiros proprietários ou compensar.

“Desde o início da implementação, quando fazemos um balanço em nível nacional, identificamos que o progresso só foi feito em 8,6% e o fazemos analisando quantos pedidos os cidadãos enviaram à Unidade de Restituição e, em seguida, analisamos quais chegaram à instância judicial e realmente retornaram ou compensado”, acrescentou em sua conversa com a emissora. Ele disse que, além disso, é necessário enfatizar a forma como a violência continua afetando diferentes populações, por exemplo, desde a assinatura do acordo de paz, enfatizou, mais de 1.200 foram mortos, dessas mais de 1000 pessoas 516 pertencem a áreas do PDET.

Paralelamente a isso, foi precisamente relatado que o Quarto Tribunal de Descongestionamento Civil do Circuito Especializado em Restituição de Terras de Santa Marta decidiu, nesta semana, a favor dos indígenas da Serra Nevada que haviam sido despejados por guerrilheiros e grupos paramilitares de seus locais de residência. Os beneficiários da restituição de terras, neste caso, são membros das reservas Issa Oristunna (Nova Esperança) e Kajmanta-Itti Takke, e os assentamentos Ette Butteriya-Nara e Diwana localizados em Magdalena e Cesar.

A Unidade de Restituição de Terras revelou que a decisão judicial beneficia 360 famílias pertencentes à etnia Ette Ennaka, assentadas em 2.463 hectares, distribuídas em Sabanas de San Angel e Santa Marta, sopé da Sierra Nevada de Santa Marta, em particular, nas bacias circundantes de Ariguanicito, Fundación, Nabusímake e a Ciénaga Grande de Santa Marta; e ao sul, das bacias Ariguaní, El Copey, Caracolicito, Bosconia e Valledupar, no departamento de Cesar.

Diante da decisão, o governador do povo Ette Ennaka, Victor Alfonso Rojano, comentou: “o alcance das ordens, as entidades responsáveis e a necessidade de consulta prévia entre autoridades governamentais e indígenas ficaram claros, como elementos fundamentais para a realização da sentença”.

“A socialização busca reivindicar os direitos territoriais dessa comunidade indígena que exige preservar seus costumes, realizar suas cerimônias espirituais tradicionais e visitar locais sagrados, entre outras ordens”, acrescentou a diretora territorial Cesar-Guajira, Claudia Mireya Manotas Mejía.

A decisão, enfatizam as autoridades, foi tomada para “proteger e restaurar” os direitos territoriais pertencentes ao povo Ette Ennaka (Chimila) em relação à reserva de Cacahueros, Issa Oristunna; os assentamentos Ette Butteriya e Nara Kajmanta, no departamento de Magdalena; e Itti Takke e Diwana, no departamento de Cesar, todos afetados pela violência no país.

Continue lendo:

Guardar