A Associação Bancária Mexicana “não vê risco” na autonomia do Banxico

No âmbito da 85ª Convenção Bancária que está sendo realizada em Acapulco, o líder da ABM, Daniel Becker, expressou sua confiança na nova governadora do banco central, Victoria Rodríguez Ceja

Imagen de archivo del logo del banco central mexicano se ve en su edificio en Ciudad de México. 28 de febrero de 2019. REUTERS/Daniel Becerril

A Associação Mexicana de Bancos (ABM) disse quinta-feira que “não vê risco” na autonomia do Banco de México (Banxico) na sequência da polémica criada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador, que avançou sem precedentes a decisão monetária do banco central.

Durante a abertura da 85ª Convenção Bancária que está sendo realizada em Acapulco, o líder da ABM, Daniel Becker, expressou sua confiança na nova governadora do Banxico, Victoria Rodríguez Ceja, nomeada por López Obrador.

“Ele nos indicou e expressou claramente a autonomia que lhe foi dada tanto pelo presidente, pelo governo federal e seu apoio ao Conselho de Administração, e não vemos risco de perder qualquer tipo de autonomia com o novo governador”, disse Becker.

A 85ª Convenção Bancária é realizada em Acapulco. (Foto: EFE/David Guzman/Arquivo)

A conferência de imprensa inicial da Convenção Bancária foi marcada pela polémica de López Obrador, que na sua conferência de imprensa matinal desta quinta-feira revelou que o Banxico decidiu aumentar a taxa de juro em 0,50 pontos (50 pontos base) para a colocar em 6,5%.

“A decisão do Banco de México ontem (quarta-feira) foi tomada por unanimidade, e respeitamos a decisão do Banco de México”, disse López Obrador em sua conferência matinal no Palácio Nacional, quebrando todos os precedentes.

Após a revelação do presidente sobre a decisão do Banxico, especialistas, políticos e economistas condenaram o fato.

“Não acredito que o presidente anunciou a decisão da taxa do Banco de México!! Ainda estou em choque. E autonomia? E o governador? E as instituições? Sim... Sei que o último é retórico, mas as outras duas perguntas foram aquelas que ainda diziam que estava tudo bem”, escreveu Valeria Moy, diretora do Instituto Mexicano de Competitividade (IMCO), em sua conta no Twitter.

Por sua vez, Gabriela Siller, Diretora de Análise Econômica do Grupo Financiero Base e professora de economia do Tecnológico de Monterrey, escreveu: “O presidente revelou o que o Banco de México anunciará hoje. @Banxico trabalha por conta própria e isso é visto como um escândalo. Nunca antes vazou uma decisão de política monetária no México e o fato de o presidente fazer isso gera preocupação com a autonomia do banco central” (sic), disse.

Por insistência da imprensa de que está na 85ª Convenção Bancária, o líder da ABM defendeu que na associação “não vai comentar coisas sobre as quais eles não têm certeza”.

“O que poderíamos dizer sobre isso é que somos muito respeitosos com a autonomia do banco central”, disse.

“Só devemos acrescentar mais do que dizer que o ABM sempre foi e tem sido muito vocal no sentido da importância de ter um banco central com mandato para a estabilidade de preços”, concluiu.

A decisão do Banxico — que será anunciada oficialmente esta quinta-feira à tarde — representa o sétimo aumento consecutivo da taxa e o terceiro consecutivo de 50 pontos base.

Victoria Rodríguez Ceja, proposta por Andrés Manuel López Obrador, é a nova governadora do Banco do México. (Foto: Twitter/ @IfigeniaMtz)

A última vez que subiu foi em 10 de fevereiro, na estreia do governador Rodríguez Ceja.

Raúl Martínez-Ostos, vice-presidente da ABM e presidente do Barclays, também expressou sua confiança no Banxico, argumentando que é um órgão colegiado que não depende apenas de Rodríguez Ceja.

“Vimos no primeiro anúncio do Banco de México, com o novo governador, um sinal claro que legitima a autonomia e a pluralidade da junta. Depois, sem dúvida, e vimos com a resposta dos mercados, foi muito bem tomado pelos mercados, e esperamos que isso continue”, disse.

Recorde-se que o Presidente Andrés Manuel López Obrador nomeou quatro dos atuais cinco membros do Conselho de Administração, incluindo Victoria Rodríguez Ceja, apesar de não ter experiência em política monetária.

Com informações da EFE

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