Diante da inflação disparada, o governo britânico busca reduzir o custo de vida

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O Reino Unido apresenta uma atualização do orçamento na quarta-feira com o objetivo de aliviar a crise do custo de vida, enquanto a inflação, agravada pela guerra na Ucrânia, atinge novos recordes impulsionados pelo aumento dos preços da energia.

Em fevereiro, a inflação acelerou para 6,2% em relação ao ano anterior, após 5,5% em janeiro, e permanece em seu nível mais alto em quase 30 anos, de acordo com dados divulgados pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS).

O ministro das Finanças, Rishi Sunak, há muito planejava fazer na quarta-feira o chamado “discurso do orçamento da primavera”, no qual pequenos ajustes eram esperados.

No entanto, a guerra na Ucrânia mudou a situação, observa o centro de reflexão econômica CEBR.

“O mundo é, em muitos aspectos, um lugar diferente do que era há três semanas”, e a situação “exacerbou uma já grave crise do custo de vida”, salienta o CEBR, apelando ao executivo de Boris Johnson para “proteger as finanças das famílias mais pobres”.

Em 2022, os britânicos poderão experimentar a maior queda anual na renda disponível real desde a Segunda Guerra Mundial e já estão vendo as contas de energia dispararem, bem como os preços de alimentos, roupas e lazer.

A inflação vem subindo há meses e pode ultrapassar 8% este ano, de acordo com o Banco da Inglaterra, que aumentou as taxas de juros três vezes em poucos meses para tentar acalmar a situação.

- Os salários são deixados para trás -

Quanto aos salários, “embora estejam a aumentar a um ritmo mais rápido do que antes da pandemia, é provável que caiam abaixo do aumento de preços”, alerta Debapratim De, economista da Deloitte.

A agência estadual de previsão orçamentária OBR, que prepara previsões oficiais para o governo britânico, também atualizará suas perspectivas econômicas na quarta-feira, que pode sofrer um revés este ano devido ao aumento dos preços pesando sobre a demanda.

O aumento e a volatilidade dos preços das matérias-primas devido à guerra na Ucrânia serão acompanhados por um aumento de impostos em abril e o aumento do teto interno do preço da energia estabelecido pelo governo.

O executivo anunciou em fevereiro 9 bilhões de libras (12 bilhões de dólares, 11 bilhões de euros) em ajuda para as famílias mais desfavorecidas, mas essas medidas podem ser muito insuficientes.

Sunak, sob pressão, apresentará na quarta-feira “novas medidas para ajudar as pessoas que enfrentam o aumento do custo de vida”, anunciou seu ministério.

Deveria “reverter os aumentos de impostos previstos” e aumentar a ajuda anunciada em fevereiro, como a redução de impostos locais, nova ajuda na conta de luz ou o aumento dos mínimos sociais, segundo o CEBR.

- Ortodoxia Orçamentária -

O ministro das Finanças “está sob intensa pressão há vários meses devido ao aumento do custo de vida” e pode na quarta-feira tentar “aliviar o fardo dos preços dos combustíveis e da energia”, concorda Chris Sanger, chefe de política fiscal da EY, embora diga ser “improvável” que Sunak “reverta sua decisão” de levantar impostos.

Após as enormes injeções de dinheiro exigidas pela pandemia, Sunak expressou repetidamente seu desejo de retornar à ortodoxia fiscal.

“A incerteza contínua, causada por choques globais, significa que é mais importante do que nunca adotar uma abordagem responsável das finanças públicas”, disse o ministro em comunicado terça-feira, após a divulgação de estatísticas decepcionantes.

Mas, embora o endividamento do governo também seja agravado pela inflação - que impulsiona os juros da dívida -, caiu mais do que o esperado desde o início do ano fiscal, “abrindo espaço” para manobra, diz Laith Khalaf, analista da AJ Bell.

ode/acc/mis

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