O YouTube anunciou terça-feira que retirará vídeos que questionam a integridade das eleições de 2018 no Brasil, entre outras medidas para combater a desinformação antes das eleições de outubro em que o presidente Jair Bolsonaro buscará um segundo mandato.
Como exemplo da política aplicada nos Estados Unidos e na Alemanha nos últimos anos, a plataforma removerá vídeos “que promovam falsas alegações de que fraudes, erros ou problemas técnicos generalizados alteraram o resultado eleitoral” em 2018, informou o YouTube Brasil, com sede em São Paulo, em comunicado.
Bolsonaro, no poder desde 2019, questiona repetidamente a confiabilidade do sistema de votação eletrônica no Brasil e enfrenta uma investigação judicial por alegar, sem provas, que em 2018 houve fraude que o impediu de vencer no primeiro turno.
Isso levantou temores de que o Brasil pudesse repetir um roteiro semelhante ao dos Estados Unidos, onde centenas de apoiantes do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio em janeiro de 2021 enfurecidos com alegações de que o republicano perdeu as eleições para Joe Biden por causa de fraude maciça.
O YouTube informou na terça-feira que não permitirá conteúdo que engane os eleitores sobre o horário ou local da votação em outubro, ou “informações falsas que podem fazer as pessoas desistirem de ir às urnas. Isso inclui falsas alegações de que urnas eletrônicas foram hackeadas na eleição de 2018 e que os votos foram adulterados”, segundo as diretrizes da empresa.
Faltando mais de seis meses para as eleições, as pesquisas indicam que Bolsonaro provavelmente enfrentará o ex-presidente esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno (2003-2010).
Em uma campanha que deve ser muito polarizada, a luta contra a desinformação está no centro das preocupações das autoridades judiciais brasileiras.
Na semana passada, um juiz do supremo tribunal determinou o bloqueio da plataforma de mensagens criptografadas Telegram, que continuou a falhar em responder a sucessivos recursos judiciais.
O aplicativo, terreno fértil para desinformação e amplamente utilizado por grupos bolsonaristas, acabou tendo que ceder a pedidos judiciais para reverter o bloqueio, incluindo a exclusão de uma publicação de agosto de 2021 em que Bolsonaro questionava a confiabilidade da urna.
Ele também nomeou um representante legal no Brasil e se comprometeu com uma série de medidas para combater a desinformação durante as eleições.
Na terça-feira, o Telegram removeu dois novos perfis atribuídos à militância bolsonarista, chamados de “Liberdade de Expressão” e “Guerra da Informação”, com milhares de seguidores cada, segundo o canal de notícias GloboNews.
Bolsonaro havia chamado a suspensão do Telegram de “inadmissível” e disse que ameaçava a “liberdade” dos brasileiros.
O presidente já teve outro conteúdo removido do YouTube por espalhar informações falsas, incluindo uma intervenção ao vivo em que associou a vacina covid à AIDS, que também foi retirada pelo Facebook e Instagram.
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