Reutilização e dessalinização da água permitirão que os aquíferos sejam preservados, dizem especialistas

95% da água doce do planeta vem de fontes subterrâneas que, em muitos casos, são superexploradas. Uma associação latino-americana de especialistas propõe formas de reutilizar o recurso

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Fotografía de un reservorio de agua el 25 de febrero de 2020, en la hacienda Montecarlo, cercana al Parque Nacional Natural Chingaza del municipio de Guasca (Colombia). EFE/Camilo García/Archivo
Fotografía de un reservorio de agua el 25 de febrero de 2020, en la hacienda Montecarlo, cercana al Parque Nacional Natural Chingaza del municipio de Guasca (Colombia). EFE/Camilo García/Archivo

A Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu as águas subterrâneas este ano para comemorar o Dia Mundial da Água. Esses aquíferos contêm mais de 95% da água doce disponível do planeta, 250 vezes mais volume do que pode ser visto a olho nu, de acordo com a organização. Eles são essenciais para a manutenção do ecossistema e são a única fonte de suprimento humano em zonas áridas.

Dado o crescimento populacional e econômico, a maior ameaça a esses corpos d'água é a superexploração, que acontece quando mais água é extraída do que recebe em um determinado período de tempo.

O Programa Mundial de Avaliação da Água da UNESCO alerta que quase metade da população mundial recebe água potável através de fontes subterrâneas, mas que 20% delas correm o risco de se tornarem inutilizáveis. Outro estudo publicado pela Nature em 2019 estima que, até 2050, entre 42 e 79 por cento dos aquíferos do mundo estarão comprometidos com sua resiliência.

Se acrescentarmos a isso que, para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as zonas áridas da América Latina são particularmente vulneráveis devido à intensificação das secas, então a paisagem das águas subterrâneas é complicada pelo aumento da demanda que exigirá o 707 milhões de latino-americanos que a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) espera até 2040.

Outro fato digno de nota é que o latino-americano médio consome 135 litros de água por dia diretamente, mas indiretamente, por meio de produtos e serviços, esse índice, conhecido como pegada hídrica, está entre 1.600 e 2.000 metros cúbicos por ano, quando a média mundial é de 1.385. Isso coloca uma pressão considerável sobre as águas subterrâneas da região.

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A Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reutilização de Água (ALADYR) pediu uma gestão sustentável das águas subterrâneas

Os aquíferos são formações subterrâneas de rocha e areia que armazenam água. Dependendo de sua permeabilidade, eles podem deixar a água passar ou retê-la. Essas estruturas são uma parte essencial do ciclo hidrológico. Foram identificados mais de 2.600 reservatórios de água subterrânea que abastecem mais de 500 cidades latino-americanas. Destes, destaca-se o Aquífero Guarani, localizado no sistema da bacia do Rio da Prata nos países do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai e cobre mais de 1,2 milhão de quilômetros quadrados e tem uma descarga média anual de 40 a 60 km3, tornando-o o maior nesta área. parte do mundo.

De acordo com o Sistema Espanhol de Informação da Água, Hispagua cobre uma área de aproximadamente 850.000 km2 (9,9% do território) na Argentina 225.000 km2 (7,8%) no Paraguai 70.000 km2 (17,2%) e no Uruguai 45.000 km2 (25,5%).

Representantes da Associação Latino-Americana de Dessalinização e Reutilização de Água (ALADYR), uma organização não governamental sem fins lucrativos, pediram a gestão sustentável das águas subterrâneas, implementando a dessalinização e reutilização da água do mar para reduzir a pressão extrativista e preservar estes fontes naturais.

Juan Miguel Pinto, presidente da ALADYR, considerou que “a conservação das águas subterrâneas requer, em primeira instância, um acompanhamento adequado”. De acordo com a Rede Global de Monitoramento de Águas Subterrâneas (GGMN) para 2019, dos 19 países que apenas Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, México, Perú e Venezuela “têm um claro programa de monitoramento em todo o país publicado”, disse.

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A dessalinização de água do mar e poços salobras é a melhor opção, disse o especialista

Pinto explicou que, “após o monitoramento, se se sabe que o aquífero está sob pressão que não pode suportar, então devemos ser mais eficientes no uso do recurso que está sendo extraído e que isso é conseguido através do reaproveitamento da água, que consiste no tratamento de efluentes e águas residuais para usá-los em outras atividades”. Então, se isso não for suficiente, “é necessário procurar outras alternativas de abastecimento para dar tempo ao reservatório subterrâneo para se recuperar e, neste caso, a dessalinização da água do mar e dos poços salobras é a melhor opção”, disse.

Ele também disse que, dadas as evidências acima mencionadas sobre mudanças climáticas e aumento da população, “medidas urgentes devem ser tomadas para que ninguém seja deixado para trás no acesso a produtos e serviços essenciais”. Ele citou o estudo de caso de reutilização de água da estação de tratamento de águas residuais (ETAR) na floresta de Chapultepec, o pulmão verde da Cidade do México, por ser capaz de tratar um fluxo de águas residuais de 170 litros por segundo e torná-lo adequado para recarga direta de aquíferos.

“As tecnologias estão lá para serem alavancadas e foram testadas”, enfatizou Pinto, que também aproveitou para dizer que a ALADYR tem um grupo de especialistas em tecnologias e legislação que está à disposição das instituições públicas e privadas para auxiliar na implementação dessas soluções.

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