O ex-ministro da Saúde Hernando Cevallos falou sobre a desaceleração da vacinação contra a COVID-19. Ele mencionou que os números diários permanecem abaixo de 50% dos números que já deveríamos ter alcançado nesta fase da pandemia. Assim, ele destacou que esse é um compromisso de todo o Poder Executivo.
“Em geral, a vacinação está oscilando, dependendo das circunstâncias, datas especiais. Mas, em geral, a ideia é manter um nível de promoção na cobertura em médias mensais e bimestrais. Isso não está acontecendo”, disse em entrevista à RPP Noticias.
Assim, apontou que “estamos abaixo de 50% da média diária que deveríamos ter”, onde o Ministério da Saúde (Minsa) tem uma parcela de responsabilidade. Com isso, ele destacou que medidas devem ser tomadas para continuar a massificação da vacinação.
Por outro lado, sobre o Governo, ele disse que deve gerar níveis de compromisso com vários setores do país. Desta forma, o ex-ministro salientou que o ritmo da vacinação também depende dos governos regionais e locais.
FATORES DENTRO DA DESACELERAÇÃO
Cevallos apontou, com razão, que esse é um dos fatores que estão levando à desaceleração da vacinação em todo o país.
“Não basta dizer 'Nós vamos varreir', acordos têm que ser alcançados com atores locais, com líderes comunitários, com líderes de bairro, com governos locais, governos locais. Porque são eles que gerenciam as brigadas, a organização da vacinação, a extensão dos horários de primeiro nível para que sejam vacinados lá”, explicou.
Ele também destacou que o acordo com os atores locais é muito importante para construir confiança com a população, que pode estar hesitando em receber a vacina. “Se você não está acompanhado por um líder local, as pessoas não abrem portas para você”, disse.
Por outro lado, o número de brigadas também é relevante. Estes, de acordo com a denúncia do ex-diretor de imunizações do Ministério da Saúde, Gabriela Jiménez, não são suficientes para progredir no processo de vacinação conforme planejado.
“Temos grandes lacunas vacinais para resolver. Temos mais de 11 milhões de terceiras doses para colocar. Intervenções estratégicas são necessárias não só em Lima e Callao, mas em regiões onde as lacunas são maiores”, disse após sua renúncia do ministério.
Além disso, Cevallos ressaltou que é essencial que eles cheguem às partes mais distantes do país.
EXPIRAÇÃO DAS VACINAS
Por outro lado, o ex-ministro da Saúde também foi consultado sobre a possível expiração de um lote de vacinas da AstraZeneca em março. Sobre isso, Hernando Cevallos confirmou que há lotes que expirarão no final de março e no final de abril.
“Há datas de vencimento em 31 de março e no final de abril, onde expira um lote significativo de vacinas. Na verdade, não é que eles sejam lotes muito grandes, porque eles são cerca de dois milhões. Não esqueçamos que nós, por exemplo, vacinamos quase quatro milhões de pessoas num mês de outubro”, disse na RPP Noticias.
Então, ele ressaltou que o uso dessas vacinas vai depender muito do ritmo da vacinação. Por esse motivo, a desaceleração é preocupante.
QUARTA DOSE DA VACINA
No que diz respeito à possibilidade de administrar uma quarta dose à população, Cevallos observou que a terceira dose até agora está em andamento em 36 por cento, e fechar essas lacunas deve ser uma prioridade.
Por outro lado, seria relevante considerar uma quarta dose para pessoas com mais de 60 anos de idade, com comorbidades ou doenças que as colocam em risco COVID-19 e o pessoal de saúde na linha de frente. Isso deve ser considerado para o mês de abril.
HERNÁN CONDORI COMO MINISTRO DA SAÚDE
Uma coisa que ele questionou sobre o atual chefe da Minsa é seu confronto constante com outros sindicatos e associações de saúde. Ele destacou que pode haver desacordo, mas confrontos com esses grupos não são possíveis ou recomendados para aqueles que estão em uma posição de liderança.
“Não acho que uma pessoa que age dessa forma tenha as melhores condições para ocupar o cargo”, disse ao vivo.
Além disso, ele disse que não está sendo muito honesto com a população, dizendo que o ritmo da vacinação está correndo seu curso regular.
“Acho que ele não está sendo muito claro com a população e isso não ajuda em nada. Dizer às pessoas que estamos progredindo bem com a vacinação não está dando a elas uma preocupação honesta, que precisamos que a população tenha que ir e se vacinar”, disse.