Depois que o ex-procurador-geral dos EUA William Barr criticou o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador por “perder o controle do país” em favor do crime organizado, o presidente mexicano reverteu a opinião do funcionário norte-americano ao defender sua estratégia “abraços, não balas” e reiterando sua rejeição às medidas coercitivas para combater o narcotráfico.
“O problema da insegurança e da violência não pode ser abordado apenas por medidas coercitivas. A violência não pode ser confrontada com a violência. Você não pode enfrentar o mal com o mal. O mal deve ser confrontado fazendo o bem, eu mantenho essa posição e com essa política estamos avançando. Sem massacres, sem mortes quentes, respeitando os direitos humanos com abraços, não balas”, disse o presidente na conferência de imprensa do Palácio Nacional.
López Obrador também aproveitou a oportunidade para descrever a relação com os Estados Unidos como “boa” e mencionar que no país vizinho ao norte eles têm “sido muito respeitosos com nossa soberania”. Ele chegou a se referir a um capítulo do livro publicado este ano pelo ex-promotor dos EUA intitulado One Damn Thing After Another: Memoirs of an Attorney General.
“Ele tem um capítulo sobre a relação com o México e defende uma posição de forma legítima. Ele diz que mantivemos uma certa postura e fomos muito zelosos em defender nossa soberania, e eles foram muito respeitosos. Houve, e ele conta, diferenças devido a duas políticas diferentes. Simplificou muito as coisas, mas ao mesmo tempo mostrou que temos posições diferentes, não só com os Estados Unidos, mas também com o bloco conservador do México”, explicou o presidente.
William Barr, funcionário durante os mandatos dos presidentes George Bush e Donald Trump, disse na última sexta-feira, 18 de março, em entrevista à Fox News, que o poder econômico do crime organizado já ultrapassou o sistema de segurança do governo mexicano.
Nesse sentido, ele expressou preocupação ao considerar que as autoridades do país poderiam agora “compartilhar a soberania com os cartéis e alcançar um modus vivendi com eles”.
Barr lembrou que, para o ex-presidente republicano Trump, a segurança nas fronteiras era uma prioridade, mas na atual administração de Joe Biden, a vice-presidente Kamala Harris está falhando em seu papel.
Ele deu como exemplo o episódio do chamado “Culiacanazo”, onde Ovidio Guzmán, filho de Joaquín “el Chapo” Guzman, ex-líder do Cartel de Sinaloa e agora preso nos Estados Unidos, foi preso e posteriormente libertado. “Ele convocou 700 paramilitares com metralhadoras montadas em caminhões para rejeitar a aplicação da lei”, ressaltou.
Vale ressaltar que em 13 de março, homens armados dispararam contra as instalações do consulado em Nuevo Laredo, em Tamaulipas, na fronteira com Laredo, no Texas. O ataque ocorreu após a prisão do líder do Cartel do Nordeste, Juan Gerardo Treviño “El Huevo”, que foi entregue às autoridades norte-americanas na terça-feira.
Como resultado, o governo de Joe Biden emitiu um alerta de viagem para Tamaulipas e autorizou a saída de alguns membros de seu consulado naquela cidade junto com seus parentes.
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