A justiça sul-africana paralisou a construção da sede continental da Amazônia na África, um complexo na Cidade do Cabo, dando razão a grupos indígenas alegando que esta terra é sagrada, em uma decisão publicada no domingo.
Um tribunal superior da Cidade do Cabo ordenou que os promotores imobiliários assumissem “compromissos” e realizassem “consultas significativas” com o povo Khoisan, que considera a terra como um local de culto como um local de primeira resistência aos colonizadores europeus em 1510.
A construção já havia começado no complexo de quatro bilhões de rands (262 milhões de dólares, 231 milhões de euros), localizado em um local que antes era um campo de golfe.
“O direito fundamental à cultura e à herança dos grupos indígenas, mais particularmente os povos das Primeiras Nações Khoi e San, está ameaçado na ausência de uma consulta adequada”, disse o tribunal em uma decisão datada de 18 de março, mas publicada no domingo que não menciona expressamente o gigante das mensagens.
A decisão reconhece que vários grupos Khoisan apoiaram o projeto, depois que os construtores concordaram em construir no local um patrimônio, centro cultural e de mídia a ser operado por grupos indígenas.
Mas o Conselho Indígena Tradicional Khoi Khoin de Goringhaicona e uma associação de bairro pediram ao Supremo Tribunal do Cabo Ocidental para interromper o projeto.
As autoridades municipais aprovaram no ano passado a construção de um complexo comercial e residencial de nove andares em um local completamente novo. Os escritórios terão uma área total de 70.000 metros quadrados, equivalente a quase 10 campos de futebol.
Outrora conhecidos caçadores-coletores sob o rótulo agora descartado de bosquímanos, os Khoisans sofreram profundamente com a colonização e o apartheid.
Muitos em sua comunidade se queixam de ainda sofrerem grandes desigualdades sociais e carecem de oportunidades econômicas, e afirmam que seu passado continua sendo ignorado.
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