Nick Bailey, CEO global da Remax: “É um choque que este mercado seja principalmente dinheiro”

A rede tem 160 escritórios imobiliários ligados à marca, em 45 cidades em 12 províncias do país. Em 2022, eles planejam abrir mais 14 escritórios

O mercado imobiliário argentino tem várias peculiaridades que o tornam uma raridade no mundo imobiliário: a maioria das compras de imóveis é feita em dinheiro, sem hipotecas; e em um contexto global de aumento dos preços e falta de oferta de imóveis para venda, vai na direção oposta: os preços locais caem em dólares à medida que o estoque de imóveis disponíveis para compra aumenta.

Após dois anos de pandemia, a empresa global Remax mais uma vez reuniu sua rede na Argentina e no Uruguai em uma convenção, trazendo Nick Bailey, o CEO global da empresa de serviços imobiliários, para Buenos Aires. O gerente, com mais de 20 anos de experiência no ramo imobiliário, conversou com a Infobae sobre a realidade do setor na Argentina e no mundo.

Depois de 16 anos na Argentina, a rede Remax tem 160 escritórios ligados à marca, em 45 cidades em 12 províncias do país. Em 2022, eles planejam abrir mais 14 escritórios. E até 2030 eles esperam ter 260 escritórios no país, com um total de 130.000 propriedades no portfólio e uma participação de 30% no mercado imobiliário.

— Que oportunidades você vê para o negócio imobiliário na Argentina?

— A Remax é uma empresa que presta serviços a empreendedores em cada mercado. Depende do que eles podem ser. Eles têm a oportunidade de continuar crescendo aqui. Houve um grande crescimento da marca na Argentina e há oportunidades para continuar crescendo.

— Qual é a sua análise do mercado imobiliário na Argentina?

— O setor imobiliário é, em geral, muito local. Ele muda de cidade para cidade e também entre um lugar na cidade e outro. Cada país é único. Mas há três necessidades humanas básicas: comida, roupas e abrigo. E o que nosso negócio faz é fornecer um abrigo, uma casa, seja para comprar, vender ou alugar. Está ajudando as pessoas a encontrarem suas casas. O processo pode ser em dinheiro, financiado em termos diferentes ou com diferentes tipos de licenças. O núcleo do negócio é ajudar as pessoas a encontrar casas.

A Remax reuniu sua rede na Argentina e no Uruguai em uma convenção, que trouxe Nick Bailey, o CEO global da empresa de serviços imobiliários (Gustavo Gavotti), para Buenos Aires

— Como a pandemia mudou o mercado imobiliário?

— É a primeira vez em meus 26 anos neste negócio que vejo as mesmas coisas afetando todos ao redor do mundo. O lar nunca foi tão importante para nenhum de nós, em nossa geração. As pessoas tinham novos desejos de viver de uma maneira diferente. A casa se tornou um escritório e uma sala de aula; e muitas pessoas queriam mais espaço ao ar livre por causa das restrições para sair. Houve países com meses e meses de quarentena e outros com algumas semanas. A forma como a pandemia afetou a vida das pessoas foi muito diferente, mas todos tinham a questão da moradia na cabeça. Nunca estive em casa uma questão tão importante.

— E quais são as mudanças que vão durar?

— O equilíbrio entre casa e trabalho mudou. Muitas pessoas têm a oportunidade de trabalhar por mais tempo em casa. No entanto, as pessoas estão voltando a ficar juntas. É um desejo humano de se conectar, contato visual. Muitas pessoas vão voltar para os escritórios e suas vidas pré-pandêmicas, mas o equilíbrio entre casa e trabalho veio para ficar. Com mais opções disponíveis e mais flexibilidade.

— E como isso afeta os negócios?

— Em muitos países, a pandemia ajudou porque muitas pessoas decidiram se mudar. Não especificamente na Argentina, mas nos Estados Unidos. Em um ponto no verão passado, 73% dos proprietários tiveram a ideia de se mudar. Mais pessoas consideram isso, mesmo que nem todo mundo vá. Mas o tempo gasto viajando para o trabalho é colocado em equilíbrio. Quem mora perto do escritório agora tem a possibilidade de ir mais longe e ter mais espaço. E também vemos pessoas que estão se mudando novamente para perto do trabalho. Algumas coisas são temporárias, mas as pessoas procuram flexibilidade entre casa e trabalho.

— Os preços em geral tendem a subir?

— Em outros mercados, os preços geralmente aumentaram dois dígitos de valorização durante a pandemia; mas acho que não é o caso na Argentina.

— Quais são os mercados Remax que mais crescem?

— O Canadá lidera o crescimento de toda a rede. Mas cada mercado é diferente, cada empresário regional lida com isso da maneira que vê melhor. Foi assim que a rede Remax foi projetada. A marca é semelhante, mas a forma como a empresa é administrada responde a cada proprietário local. As expectativas de crescimento são diferentes nos mais de 110 países onde a marca está localizada. Cada um é administrado como uma empresa local.

A Remax tem 160 escritórios ligados à marca, em 45 cidades em 12 províncias do país

— Na Argentina, a empresa teve queixas contra escolas públicas de martelos e um pedido de suspensão nos tribunais, como isso os afeta?

— Não faz sentido o que está acontecendo na Argentina. São empreendedores que constroem um negócio, ganham a vida para suas famílias, enquanto ajudam as pessoas a encontrar um lar.

— Essa situação ocorre em outros mercados?

— Essa situação específica é única na Argentina. Nos Estados Unidos, existem vários serviços, organizações, licenças e requisitos, muito diferentes dos da Argentina. Algumas das coisas que acontecem aqui são únicas.

— Quais mudanças recentes no mercado você acha que vão durar?

— A videoconferência e o Zoom não eram novas tecnologias. Antes da pandemia, havia muita tecnologia que não estava sendo usada. É um exemplo do que vai sobrar. Usando a tecnologia para interação humana, não para substituí-la, mas uma combinação. Os consumidores com acesso à informação estão levando a um nível de transparência no negócio imobiliário. Com dispositivos móveis, eles podem ter mais informações e fazer mais pesquisas.

— Quais são os desafios do setor imobiliário em nível global?

— Em muitos mercados, o maior desafio é o estoque (a oferta ativa de propriedades no mercado). É diferente do que acontece na Argentina.

“E o mercado de aluguel?

— O negócio de aluguel é maior aqui. Em Manhattan, por exemplo, são 73% de aluguel, mas no resto dos Estados Unidos são 70% proprietários. Outra diferença é que 63% têm hipotecas, o que não é o caso aqui e é quase todo efetivo. Em cidades com alta densidade populacional, o negócio de aluguel é muito maior.

— Existem outros mercados onde as vendas à vista são tratadas como na Argentina?

— Há muito uso de pagamento em dinheiro (dinheiro ou transferências) no mercado ou resorts de luxo. Em resorts no Canadá ou em Aspen, Colorado, onde moro. Também as celebridades do mercado. Nesse tipo de mercado, vemos muito dinheiro, mas não em geral. No Canadá, os empréstimos hipotecários devem ser refinanciados a cada cinco anos. É um requisito. Nos Estados Unidos, você pode ter empréstimos por 30 anos e nunca refinanciar. É fascinante ver como o setor imobiliário funciona em diferentes mercados. É um choque que esse mercado seja principalmente dinheiro, dinheiro. É muito diferente. A Remax foi fundada em empreendedores, desde 1973. O crescimento da marca em todo o mundo se deve aos empreendedores que querem estar no negócio, mas não apenas por conta própria. Empreendedores locais constroem seus negócios e não poderíamos estar na Argentina sem esse conhecimento que eles têm. Nós damos a eles as ferramentas, a tecnologia e o marketing. Eles são as três chaves para o sucesso.

CONTINUE LENDO: